Esta é a bandeira do Condado Portucalense e também a primeira bandeira de Portugal, fundado em 1143, caro António Moreira. Como sabe.É algo de importante na simbólica da nossa identidade.
Já calculava algo no género e estava (com razão) algo preocupado.
Azul e branco, só às riscas, cruzes longe... Sendo um regionalista convicto, parece-me no entanto que vão aparecendo alguns sinais (meros desabafos?) que me agradam muito pouco.
Tendo nascido, sido criado, estudado,e sempre trabalhado no Porto (incluido Gaia e Matosinhos, claro) não me revejo num discurso nortista ou meramente "pórtista".
Se a maior parte dos meus amigos, das pessoas de quem gosto, dos que me merecem consideração e dos que me tem feito tanto bem, são do Porto, ou pelo menos do Norte, não é menos verdade que a maior parte dos meus inimigos, das pessoas que desgosto, dos que nenhuma consideração me merecem e dos que me tem feito tanto mal, são também do Porto, ou, pelo menos, do Norte.
Questões da estatística, naturalmente, mas há outros aspectos que considero muito mais relevantes para forjar solidariedades do que o acaso geográfico, e quanto a indentidades concordo um pouco com Amin Malouf...
Se me permite lembrar uma "posta" do saudoso "SEDE": "Quem tem mais em comum?
Belmiro de Azevedo e uma caixeira do Continente de Gaia? Ou Uma caixeira do Continente de Gaia e uma do Jumbo de Alfragide?
Um professor da Católica do Porto e um toxicodependente do Aleixo? Ou Um toxicodependente do Aleixo e outro da Cova da Moura?
O Sr. Abade das Antas e um jovem licenciado desempregado de Campanha? Ou Um jovem licenciado desempregado de Campanhâ e outro de Benfica?
Uma qualquer “Patanisca Cerqueira Gomes” e um reformado com a pensão mínima, de Paranhos? Ou Um reformado com a pensão mínima, de Paranhos e outro de Carnide?"
É simples, Caro António, só há regionalismo com regiões e eu nem sequer sou regionalista, como o meu amigo diz que é. Para mim prefiro a expressão regionalizador, porque não tenho uma concepção regionalista, nem sequer nacionalista, do mundo. Mas já não tenho paciência para retórica inconsequente nem alinho a andar a enganar as pessoas como fazem o PS e o PSD e, no fundo, os outros três também. Até são capazes de fazer uma regionalização, só que (se fizerem) vai ser inócua e sem dinâmica de crescimento. Donde, o post é simples: as regiões têm uma bandeira, todas elas, em toda a parte do mundo. Fiz um post nesse sentido. A bandeira é sempre algo de identitário. Faz todo o sentido ter a ver com Portucale. Não compreendo o seu discurso sobre identidades sociais a propósito disto. É a despropósito. Não é disso que se trata na regionalização, nem quando se fala de Norte ou de outra região qualquer. Esta não é uma questão social, mas territorial, administrativa, política e, quando muito, no limite, cultural. E é uma questão para resolver pelas pessoas de uma vez por todas. Não estou para perder tempo com mais lamúrias. O Norte é a única região portuguesa que regrediu nos últimos 10 ano. Também a única da Europa dos 15. Isso precisa de uma resposta adequada com a criação de uma força autónoma dos cinco partidos que durante estes 10 anos nunca abriram a boca sobre isto. Mas cada um toma as posições que quiser. É só pena que num país que dizem que é livre, o totalitarismo centralista chegue ao ponto de proibir os partidos regionais. É pena e intolerável. Mas, mais uma vez, cada qual reage como quiser.
Dr. Pedro Baptista,gostei muito do seu comentário :justo e incisivo. Permita-me que lhe faça uma pergunta. Está de acordo que à nossa região se chame NORTE, que não é mais que um ponto cardeal? Não deveria ser chamada de GALÉCIA ou de qualquer outra maneira que a caracterizasse sem ser pelo facto de estar no extremo norte do país? Cumprimentos.
Em meu entender a "regionalização", "regionalismo" ou qualquer que seja a expressão que se queira a utilizar, faz apenas sentido enquanto forma de operacionalizar decisões, ou saja, faz falta, em minha opinião, um nível intermédio de decisão (de gestão, de implementação, etc. etc.) entre o Governo Central (centralizador e distante) e os Municípios (locais, egoistas, mesquinhos). Assim estou, em parte, de acordo consigo quando refere que "Esta não é uma questão social, mas territorial, administrativa, política e, quando muito, no limite, cultural". Agora o que é facto é que, por não avançar depressa nem devagar e por a "nossa região" estar cada vez mais empobrecida, cada vez mais a questão tende a ser apresentada dum ponto de vista identitário, "nós" contra "eles", lei-a-se "Norte" contra "Sul", ou "Porto" contra "Lisboa" ou "FCP" contra "SLB", e essa, em meu entender, é também uma forma de desviar as atenções e as energias daquilo que é muito mais importante, a sustentabilidade de uma multidão cada vez maior de POBRES e EXCLUIDOS. Temos lições suficientes quer nas Jugoslávias, quer mesmo nas Espanhas, para aprendermos que não se deve brincar com o fogo... E quando começamos a avançar com simbologias, como neste caso bandeiras (a seguir virá o hino ?), estamos como que a atirar fósforos para mato seco e nem é de admirar que até lhe apareçam cidadãos já preocupados com o nome da nova "nação"...
Mas o que é importante é discutir seriamente, mesmo quando por vezes discordamos :)
(Já agora sugiro o nome "Vulcano" para continuarmos nas soluções de água quente)
Mau Caro Rui Farinas: Nada teria a objectar a "Galécia" (por isso eu nunca uso derivados de "luso" já que historicamente esta região nunca foi Lusitânia)a não ser o facto de o nome da região ter sido abandonada em determinado momento da administração romana e, por isso, 2000 anos depois, quase ninguém conhecer o nome nem se reconhecer nele. Estou portanto a falar de política, que tem de ser pragmática, porque estamos num situação tal em que somos obrigados a vencer. Norte é, com efeito, um ponto cardeal mas é ainda assim, de longe, a expressão na qual as pessoas do Norte mais se reconhecem. Ademais, norte é um pouco mais do que ponto cardeal. Por exemplo, hoje em dia, "o país perdeu o Norte". É nosso trabalho que "o país reganhe o Norte". Norte significa também o bom caminho, o caminho necessário e significa a verdade elementar de que quando o Norte se afunda, ou melhor, quando o centralismo afunda o Norte, afunda o país! Um abraço.
Caro António Moreira: Na própria lei das regiões administrativas aprovada pela AR em 1998 está consignada o uso da bandeira, como a que dispõe a Madeira e os Açores, qualquer Cãmara municipal, qualquer corporação de bombeiros ou qualquewr associação recreativa. Não tenhamos complexos. A política é a simbólica, ou, pelo menos, sem simbólica não há política. Uma abraço forte e amigo.
62 anos, militante do PS desde 1995 até 18 de Novembro de 2010.Deputado à A.R. entre 1995 e 1999. De 1968 a 1971 foi dirigente estudantil, sendo co-fundador e dirigente de “O Grito do Povo” a partir de 1971. Em 1973 foi preso político e deportado.
Integrou a Mesa Nacional da Plataforma de Esquerda de 1993 a 1995.
É doutorado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É romancista com várias obras publicadas ("Sporá", Afrontamento, 1992; "O Cavaleiro Azul", Campo das Letras, 2001; "Pessoas, animais e outros que tais", Campo das Letras, 2006; "A Queima do cão de palha", Campo das Letras, 2008).Como ensaísta "Ao Encontro do Halley", 1987, "O Filósofo fantasma", 2010, "A Pluralidade na Escola portuense de filosofia", 2010.
É investigador-integrado no Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da U. do Porto, investigador-colaborador no CEPP da U. Católica e no CII-Direitos Humanos da U. do Minho.
Nos últimos 20 anos colaborou com os jornais “O Comércio do Porto”, “O Jogo” e “Jornal de Notícias”, sendo actualmente comentador do programa “Análise do Dia”, no "Porto Canal", colaborador do semanário "Grande Porto" e do quinzenário "Entre as Artes e as Letras".
10 comentários:
Bom 25 de Abril a todos
Boa Tarde Pedro
Que é isto?
Obrigado
Antonio MOreira
Esta é a bandeira do Condado Portucalense e também a primeira bandeira de Portugal, fundado em 1143, caro António Moreira. Como sabe.É algo de importante na simbólica da nossa identidade.
Bom Dia Pedro
Obrigado pelo esclarecimento.
Já calculava algo no género e estava (com razão) algo preocupado.
Azul e branco, só às riscas, cruzes longe...
Sendo um regionalista convicto, parece-me no entanto que vão aparecendo alguns sinais (meros desabafos?) que me agradam muito pouco.
Tendo nascido, sido criado, estudado,e sempre trabalhado no Porto (incluido Gaia e Matosinhos, claro) não me revejo num discurso nortista ou meramente "pórtista".
Se a maior parte dos meus amigos, das pessoas de quem gosto, dos que me merecem consideração e dos que me tem feito tanto bem, são do Porto, ou pelo menos do Norte, não é menos verdade que a maior parte dos meus inimigos, das pessoas que desgosto, dos que nenhuma consideração me merecem e dos que me tem feito tanto mal, são também do Porto, ou, pelo menos, do Norte.
Questões da estatística, naturalmente, mas há outros aspectos que considero muito mais relevantes para forjar solidariedades do que o acaso geográfico, e quanto a indentidades concordo um pouco com Amin Malouf...
Se me permite lembrar uma "posta" do saudoso "SEDE":
"Quem tem mais em comum?
Belmiro de Azevedo e uma caixeira do Continente de Gaia?
Ou
Uma caixeira do Continente de Gaia e uma do Jumbo de Alfragide?
Um professor da Católica do Porto e um toxicodependente do Aleixo?
Ou
Um toxicodependente do Aleixo e outro da Cova da Moura?
O Sr. Abade das Antas e um jovem licenciado desempregado de Campanha?
Ou
Um jovem licenciado desempregado de Campanhâ e outro de Benfica?
Uma qualquer “Patanisca Cerqueira Gomes” e um reformado com a pensão mínima, de Paranhos?
Ou
Um reformado com a pensão mínima, de Paranhos e outro de Carnide?"
Um abraço
António Moreira
É simples, Caro António, só há regionalismo com regiões e eu nem sequer sou regionalista, como o meu amigo diz que é. Para mim prefiro a expressão regionalizador, porque não tenho uma concepção regionalista, nem sequer nacionalista, do mundo.
Mas já não tenho paciência para retórica inconsequente nem alinho a andar a enganar as pessoas como fazem o PS e o PSD e, no fundo, os outros três também. Até são capazes de fazer uma regionalização, só que (se fizerem) vai ser inócua e sem dinâmica de crescimento.
Donde, o post é simples: as regiões têm uma bandeira, todas elas, em toda a parte do mundo.
Fiz um post nesse sentido. A bandeira é sempre algo de identitário. Faz todo o sentido ter a ver com Portucale.
Não compreendo o seu discurso sobre identidades sociais a propósito disto. É a despropósito. Não é disso que se trata na regionalização, nem quando se fala de Norte ou de outra região qualquer. Esta não é uma questão social, mas territorial, administrativa, política e, quando muito, no limite, cultural.
E é uma questão para resolver pelas pessoas de uma vez por todas. Não estou para perder tempo com mais lamúrias. O Norte é a única região portuguesa que regrediu nos últimos 10 ano. Também a única da Europa dos 15. Isso precisa de uma resposta adequada com a criação de uma força autónoma dos cinco partidos que durante estes 10 anos nunca abriram a boca sobre isto.
Mas cada um toma as posições que quiser. É só pena que num país que dizem que é livre, o totalitarismo centralista chegue ao ponto de proibir os partidos regionais. É pena e intolerável. Mas, mais uma vez, cada qual reage como quiser.
Dr. Pedro Baptista,gostei muito do seu comentário :justo e incisivo.
Permita-me que lhe faça uma pergunta. Está de acordo que à nossa região se chame NORTE, que não é mais que um ponto cardeal? Não deveria ser chamada de GALÉCIA ou de qualquer outra maneira que a caracterizasse sem ser pelo facto de estar no extremo norte do país?
Cumprimentos.
Caro Pedro
Em meu entender a "regionalização", "regionalismo" ou qualquer que seja a expressão que se queira a utilizar, faz apenas sentido enquanto forma de operacionalizar decisões, ou saja, faz falta, em minha opinião, um nível intermédio de decisão (de gestão, de implementação, etc. etc.) entre o Governo Central (centralizador e distante) e os Municípios (locais, egoistas, mesquinhos).
Assim estou, em parte, de acordo consigo quando refere que "Esta não é uma questão social, mas territorial, administrativa, política e, quando muito, no limite, cultural".
Agora o que é facto é que, por não avançar depressa nem devagar e por a "nossa região" estar cada vez mais empobrecida, cada vez mais a questão tende a ser apresentada dum ponto de vista identitário, "nós" contra "eles", lei-a-se "Norte" contra "Sul", ou "Porto" contra "Lisboa" ou "FCP" contra "SLB", e essa, em meu entender, é também uma forma de desviar as atenções e as energias daquilo que é muito mais importante, a sustentabilidade de uma multidão cada vez maior de POBRES e EXCLUIDOS.
Temos lições suficientes quer nas Jugoslávias, quer mesmo nas Espanhas, para aprendermos que não se deve brincar com o fogo...
E quando começamos a avançar com simbologias, como neste caso bandeiras (a seguir virá o hino ?), estamos como que a atirar fósforos para mato seco e nem é de admirar que até lhe apareçam cidadãos já preocupados com o nome da nova "nação"...
Mas o que é importante é discutir seriamente, mesmo quando por vezes discordamos :)
(Já agora sugiro o nome "Vulcano" para continuarmos nas soluções de água quente)
Um abraço
António Moreira
Mau Caro Rui Farinas:
Nada teria a objectar a "Galécia" (por isso eu nunca uso derivados de "luso" já que historicamente esta região nunca foi Lusitânia)a não ser o facto de o nome da região ter sido abandonada em determinado momento da administração romana e, por isso, 2000 anos depois, quase ninguém conhecer o nome nem se reconhecer nele.
Estou portanto a falar de política, que tem de ser pragmática, porque estamos num situação tal em que somos obrigados a vencer. Norte é, com efeito, um ponto cardeal mas é ainda assim, de longe, a expressão na qual as pessoas do Norte mais se reconhecem.
Ademais, norte é um pouco mais do que ponto cardeal. Por exemplo, hoje em dia, "o país perdeu o Norte". É nosso trabalho que "o país reganhe o Norte". Norte significa também o bom caminho, o caminho necessário e significa a verdade elementar de que quando o Norte se afunda, ou melhor, quando o centralismo afunda o Norte, afunda o país! Um abraço.
Caro António Moreira:
Na própria lei das regiões administrativas aprovada pela AR em 1998 está consignada o uso da bandeira, como a que dispõe a Madeira e os Açores, qualquer Cãmara municipal, qualquer corporação de bombeiros ou qualquewr associação recreativa.
Não tenhamos complexos. A política é a simbólica, ou, pelo menos, sem simbólica não há política.
Uma abraço forte e amigo.
E proponho um Hino o da Maria da Fonte
Viva a Maria da Fonte
Com as pistolas na mão
Para matar os cabrais
Que são falsos à nação
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
Viva a Maria da Fonte
A cavalo e sem cair
Com as pistolas à cinta
A tocar a reunir
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
Lá raiou a liberdade
Que a nação há-de aditar
Glória ao Minho que primeiro
O seu grito fez soar
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
É avante Portugueses
É avante não temer
Pela santa Liberdade
Triunfar ou perecer
Um rol de imbecilidades!!!. É por estas e por outras que em 1998 a regionalização não passou no referendo.
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