Como o mais certo é o Renato Sampaio considerar o debate público de ideias um "circo mediático" e recusá-lo, tal como tem recusado comigo, comunico desde já ao Marco António a minha disponibilidade para um debate público sobre a regionalização, com vista à construção de uma posição consensual a nível regional do Porto sobre a regionalização, posteriormente a ser alargada aos outros partidos políticos do Porto e podendo vir a ter a forma de um pacto regional que impeça que a R. seja agitada quando se está na oposição e engavetada quando se está no poder, o que tanto tem sido feito pelo PS como pelo PSD. Até porque, sobre a R., há muito mais a debater do que iniciativas parlamentares para a criação de regiões.
O líder da distrital do Porto do PSD avisou hoje a direcção nacional do partido que uma decisão sua contra a implementação da regionalização seria "uma traição aos valores tradicionais e ao eleitorado" social-democratas."Uma opção do PSD no sentido de não ser favorável à regionalização seria uma decisão contranatura sob o ponto de vista da sua génese política. Esta direcção nacional pagará muito caro uma atitude centralista desse tipo, que seria uma traição aos seus valores tradicionais e ao seu eleitorado", afirmou, à Lusa, Marco António Costa. O dirigente social-democrata recordou que o PSD "é o partido das autonomias regionais, pelo que não se percebe que não tenha a mesma posição quando se trata de defender, no Continente, a criação das regiões administrativas"."O problema da regionalização é uma responsabilidade política e ética do PSD perante o seu eleitorado, dado ser conhecido que o partido conta com maior fidelidade e lealdade eleitoral fora da Área Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo", frisou. A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, tem-se manifestado contra a regionalização, o que levou segunda-feira à noite Marcelo Rebelo de Sousa a afirmar à Lusa que com a actual liderança do partido não será possível "dar qualquer passo no sentido da regionalização"."A posição da líder do partido é muito clara e é contra a regionalização, portanto não acredito que com esta liderança seja possível qualquer passo no sentido da regionalização", afirmou o ex-líder social-democrata. Marco António Costa manifestou-se "satisfeito por ver que o presidente da Câmara do Porto, outrora um céptico da regionalização, esteja hoje perfeitamente identificado com a necessidade da sua existência"."Sendo ele o primeiro vice-presidente da Comissão Política Nacional, estou convencido de que será uma voz autorizada para sensibilizar a direcção e levar por diante esta política interna do PSD", no sentido de abraçar a regionalização, acrescentou. Marco António Costa falava à Lusa na sequência do desafio que lhe foi lançado, segunda-feira, pelo seu homólogo do PS, Renato Sampaio, no sentido de, enquanto defensor da regionalização, sensibilizar a líder do partido para a sua importância."Eu sempre defendi a regionalização e sou conhecido por nunca me ter subjugado, nesta ou noutra área, ao poder central. Talvez Renato Sampaio, cujas posições sobre várias matérias continuam por ser conhecidas, possa sensibilizar para a importância das regiões o primeiro-ministro, que já disse não as querer", respondeu Marco António.O dirigente social-democrata desafiou ainda Renato Sampaio, enquanto deputado, a convencer a bancada socialista a avançar com uma iniciativa legislativa tendo em vista a criação das regiões. Mostrou-se ainda disponível para um debate entre os dois líderes distritais, "eventualmente moderado pela Lusa", para abordar temas relacionados com a regionalização e o Norte.