terça-feira, 31 de março de 2009


Convocada para sexta-feira reunião extraordinária do Conselho Superior do MP Procurador investiga alegadas pressões do director do Eurojust no caso Freeport
(Público) 31.03.2009 - 20h02 António Arnaldo Mesquita, José Augusto Moreira
Os procuradores que investigam o caso Freeport explicaram ontem ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, que as pressões para arquivarem o processo partiram do procurador-geral adjunto Lopes da Mota, que preside actualmente ao Eurojust, e que foi secretário de Estado da Justiça no consulado de António Guterres.
Em comunicado, o procurador-geral anunciou hoje que “está já a ser averiguada a existência de qualquer conduta de magistrado do Ministério Público, junto dos titulares da investigação”.
Para analisar o assunto foi já convocada para o início da tarde de sexta-feira uma reunião extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público, tendo também Lopes da Mota sido convocado para comparecer amanhã Lisboa, para esclarecer as eventuais pressões.
Contactado hoje, em Haia, pelo PÚBLICO o director do Eurojust, Lopes da Mota, prestou o seguinte depoimento:“Estou indignado e repudio energicamente qualquer tipo de insinuação que vise pôr em xeque o meu trabalho. É um absurdo completo pretender que tentei pressionar quem quer que seja. Na minha qualidade de membro da Eurojust compete-me acompanhar e apoiar a cooperação judiciária entre Portugal e o Reino Unido. Estou constantemente disponível e em contacto sempre que necessário com os magistrados titulares do processo em Portugal, sendo que quem contacta com as autoridades judiciárias inglesas é o meu colega inglês. A minha intervenção limita-se a apoiar a cooperação judiciária, matéria em que se suscitam problemas de direito muito complexos, tendo em atenção a diversidade dos sistemas jurídicos português e inglês e a complexidade das normas internacionais de cooperação aplicáveis. A minha intervenção resume-se a isto e apenas a isto. Desconheço completamente os casos concretos e nem tenho que os conhecer. Nesta matéria ajo a pedido dos meus colegas. E a minha função é apenas apoiá-los e nada mais. Estou em contacto com os colegas e reúno-me com eles quando tal se revela necessário. Só por má-fé é que se pode dizer que eu tive ou tenho procurado exercer qualquer tipo de influência. O meu trabalho é ajudar e nada mais e nem admito que os meus colegas, que são magistrados de elevada craveira profissional, se deixassem intimidar ou ser alvo de qualquer tipo de pressão.”
Teixeira dos Santos preocupado com “risco de problemas sociais sérios”
31.3.2009 O ministro de Estado e das Finanças está preocupado com o “risco de problemas sociais sérios” que o agravamento do desemprego, efeito da crise económica, acarreta para o país. “O problema mais sério que temos pela frente é o risco de tensões sociais que podem ser geradas pela crise”, afirmou Teixeira dos Santos esta amanhã, na reabertura das jornadas parlamentares do PS que estão a decorrer em Guimarães
Ora assim é que é. Vamos então aguardar as próximas horas, até porque, segundo as notícias, foi pedida uma audiência ao PR. Esperemos é que a espera não seja como o costume: ad aeternum...
(Público) 31.3.2009
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, quer que o presidente do Sindicato de Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma esclareça publicamente as “pressões” sobre magistrados a que se referiu quando foi eleito, no passado sábado. Santos Silva considera “gravíssimas” as declarações de João Palma e afirma que estas “não podem ficar sem consequência”.

2 de Abril, 21,30, Café Progresso
Arquivamento do Caso Freeport em causa
Pressões sobre magistrados levam sindicato a pedir audiência urgente ao Presidente da República
Alguma coisa está (muito) mal! É mais um escândalo de arrasar a república e a democracia! A juntar às declarações de Garcia Leandro sobre corrupção (que os media entenderam não pegar), só que desta vez não cai em saco roto. Ou o homem do Sindicato dos Magistrados é doido, ou é inventor de mentiras, ou alguém tem de cair antes que caiam todos. E que vai fazer o PR, preocupado em não fazer ondas e em garantir a reeleição (há muito que não faz mais nada)?(PB)
(Público) 30.03.2009 - 18h08 Luciano Alvarez
O novo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, vai pedir uma audiência de urgência ao presidente da República Cavaco Silva. Nos últimos dias João Palma tem vindo a denunciar pressões sobre os magistrados, alegadamente relacionadas com o caso Freeport e que visam, segundo revelou o "Correio da Manhã" levar ao arquivamento do processo. O comunicado do Sindicato é lacónico anunciado apenas o carácter de urgência da reunião. "Até lá a Direcção do SMMP não vai prestar quaisquer declarações", anuncia o curto texto.
Por sua vez, o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, anunciou para amanhã uma declaração sobre a investigação ao caso Feeport.
Pavilhão Rosa Mota esteve meio ano vazio
(JN) 31.03.2009 CARLA SOFIA LUZ
O Pavilhão Rosa Mota, no Porto, só esteve ocupado durante 175 dias no ano passado. A taxa de ocupação baixou 27% em relação a 2007. Tudo por culpa do atraso no arranque das obras de transformação em multiusos.
A reconversão do equipamento num pavilhão multiusos, à semelhança do Pavilhão Atlântico em Lisboa, foi anunciada em Junho de 2007, mas, até ao momento, não há data para o arranque das obras de requalificação do espaço. Tarda a resposta à candidatura, apresentada pela Câmara do Porto, aos milhões comunitários do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para custear a transformação, projectada pelo arquitecto Carlos Loureiro.
A indefinição quanto ao início das obras e as condições técnicas retrógradas do espaço afastaram os promotores do Rosa Mota. A taxa de ocupação que, em 2007, era de 72,6% baixou para 45,6% no ano passado. "A procura deste espaço por parte das empresas produtoras de eventos diminuiu comparativamente com os anos anteriores, fruto da informação reinante no mercado de que o Pavilhão Rosa Mota estaria prestes a entrar em obras", pode ler-se no Relatório e Contas da Empresa Municipal Porto Lazer, gestora do equipamento, referente ao ano passado. Não podendo rivalizar com outros espaços em termos técnicos, o preço mais baixo do que "a concorrência directa" é o único argumento a favor.
Os eventos, que geram "mais receita e público", são os concertos e os espectáculos de cariz musical. Só a Magia do Mickey e a habitual festa de passagem de ano juntaram 17 mil pessoas.
Para potenciar a ocupação do pavilhão por este tipo de iniciativas, a Porto Lazer considera que é "urgente levar a cabo as obras de recuperação e modernização deste espaço", de modo a que o Rosa Mota possua a "mais-valias técnicas capazes de rivalizar com as novas instalações que têm vindo a surgir na Área Metropolitana do Porto e no país". Ainda assim, foram feitas pequenos investimentos na recuperação do equipamento que orçaram 80,5 mil euros. Mantém-se a expectativa de que a grande obra de reconversão possa iniciar-se este ano.
Passaram quase 67 mil pessoas no pavilhão. A este número, acrescem os visitantes da última edição da Feira do Livro, cujos dados oficiais são desconhecidos. A exposição sobre Leonardo da Vinci levou 23.500 pessoas ao Rosa Mota. Grande afluência registou, ainda, a Feira da Maratona do Porto, juntando 13 mil pessoas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Perguntas
(JN) 30.3.2009
Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport? Porque é que Charles Smith e Manuel Pedro foram constituídos arguidos e José Sócrates não foi? Como é que, estando o epicentro de todo o caso situado num despacho de aprovação exarado no Ministério de Sócrates, ainda ninguém desse Ministério foi constituído arguido? Como é que, havendo suspeitas de irregularidades num Ministério tutelado por José Sócrates, ele não está sequer a ser objecto de investigação? Com que fundamento é que o procurador-geral da República passa atestados públicos de inocência ao primeiro-ministro? Como é que pode garantir essa inocência se o primeiro-ministro não foi nem está a ser investigado? Como é possível não ser necessário investigar José Sócrates se as dúvidas se centram em áreas da sua responsabilidade directa? Como é possível não o investigar face a todos os indícios já conhecidos? Que pressões estão a ser feitas sobre os magistrados do Ministério Público que trabalham no caso Freeport? A quem é que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público se está a referir? Se, como dizem, o estatuto de arguido protege quem o recebe, porque é José Sócrates não é objecto dessa protecção institucional? Será que face ao conjunto de elementos insofismáveis e já públicos qualquer outro cidadão não teria já sido constituído arguido? Haverá duas justiças? Será que qualquer outro cidadão não estaria já a ser investigado? Como é que as embaixadas em Lisboa estarão a informar os seus governos sobre o caso Freeport? O que é que dirão do primeiro-ministro de Portugal? O que é que dirão da justiça em Portugal? O que é que estarão a dizer de Portugal? Que efeito estará tudo isto a ter na respeitabilidade do país? Que efeitos terá um Primeiro-ministro na situação de José Sócrates no rating de confiança financeira da República Portuguesa? Quantos pontos a mais de juros é que nos estão a cobrar devido à desconfiança que isto inspira lá fora? E cá dentro também? Que efeitos terá um caso como o Freeport na auto-estima dos portugueses? Quanto é que nos vai custar o caso Freeport? Será que havia ambiente para serem trocados favores por dinheiros no Ministério que José Sócrates tutelou? Se não havia, porque é que José Sócrates, como a lei o prevê, não se constitui assistente no processo Freeport para, com o seu conhecimento único dos factos, ajudar o Ministério Público a levar a investigação a bom termo? Como é que a TVI conseguiu a gravação da conversa sobre o Freeport? Quem é que no Reino Unido está tão ultrajado e zangado com Sócrates para a divulgar? E em Portugal, porque é que a Procuradoria-Geral da República ignorou a gravação quando lhe foi apresentada? E o que é que vai fazer agora que o registo é público? Porque é que o presidente da República não se pronuncia sobre isto? Nem convoca o Conselho de Estado? Como é que, a meio de um processo de investigação jornalística, a ERC se atreve a admoestar a informação da TVI anunciando que a tem sob olho? Será que José Sócrates entendeu que a imensa vaia que levou no CCB na sexta à noite não foi só por ter feito atrasar meia hora o início da ópera?
Marktest, 17-21 Março

PS: 36,7% (38,2%)
PSD: 28,4% (28,8%)
BE: 12,6% (14,0%)
CDS-PP: 9,4% (4,1%)
CDU: 8,9% (10,6%)
Autarcas das Linhas do Corgo e Tâmega esperam que Governo confirme reabertura das vias
30 de Março de 2009, 18:23 (Lusa)
Os autarcas das zonas afectadas pela suspensão de circulação das linhas-férreas do Corgo e do Tâmega vão reclamar garantias por parte do Governo que aquelas vias sejam reabertas.
Terça-feira, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, reúne-se com os governadores civis e autarcas para explicar os motivos da suspensão das linhas, uma decisão contestada pelas autarquias e utentes.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, Francisco Ribeiro (PS), quer que o Governo, através da secretária de Estado dos Transportes, garanta a reabertura da Linha Ferroviária do Corgo.
No decorrer da reunião, que decorre terça-feira, em Vila Real, o autarca quer ainda saber quando é que as obras vão ter início, exactamente o que vai ser feito na linha e quanto vai ser gasto e uma previsão para a sua reabertura.
Francisco Ribeiro salientou a importância do comboio para a mobilidade das populações da freguesia de Alvações do Corgo, visto que este é o único meio de transporte público existente naquela zona do concelho.
"Pelo volume do investimento que já nos disseram que vai ser feito não temos a pretensão de que as obras possam terminar em dois ou três meses. Mas queremos que elas sejam feitas o mais rapidamente e não se arrastem indefinidamente no tempo", salientou.
Francisco Ribeiro exige agora informações, já que estas escassearam antes de se proceder à suspensão da via.
"Lamentamos não termos sido avisados atempadamente para que também pudéssemos avisar e explicar às populações o que se ia passar", frisou.
Acrescentou ainda não entender como se pode "desprezar durante tanto tempo a Linha do Corgo, para que agora seja necessário uma intervenção tão profunda".
Desde a suspensão da via, a 25 de Março, que os autocarros substituíram o comboio.
Por isso mesmo, também é importante para o autarca articular com a CP os melhores transportes alternativos, para que "sejam mais eficientes e sirvam melhor as populações, evitando ainda maiores deslocações".
Segundo Francisco Ribeiro, a Linha do Corgo é uma das "mais utilizadas", possuindo uma média de "20 passageiros" por comboio, a maior parte dos quais estudantes trabalhadores em deslocações para o trabalho.
Também o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu (PS), disse hoje à Lusa espera que a secretária de Estado dos Transportes, venha explicar o tipo de intervenção até porque já existe um compromisso público de que a linha reabrirá depois das obras.
"Será uma reunião de trabalho em que se fixarão metas para o início das obras e para o investimento", afirmou o autarca.
Armindo Abreu realça a importância da linha para o transporte de passageiros - "registou-se um aumento de 15 por cento no número de passageiros transportados de 2007 para 2008", afiançou - mas sobretudo o seu aproveitamento turístico.
Segundo o autarca, a linha pode potenciar um importante fluxo turístico entre o Grande Porto e o Tâmega, assente na degustação da gastronomia de Amarante e na fruição da ecopista, em construção no troço desactivado da linha, entre a cidade e a estação da Chapa, na distância de dez quilómetros.
Para este projecto ter sucesso, Armindo Abreu defende, porém, "que é preciso requalificar o interface [estação da Livração] e haver uma boa coordenação de horários".
"Evidentemente que não pode alguém meter-se no comboio em Amarante e chegar à Livração e ter de esperar uma hora ou uma hora e meia pelo outro comboio [da linha do Douro]. Além disso, é preciso uma estação recuperada e confortável", sustentou o autarca.
Depois de termos sido infectados informaticamente nas últimas 48 horas, após um telefonema para Beijing, em honra do velho maoísta, neste caso ex, o blog passou a estar de novo operacional.
Montes de lixo por falta de recolha
(JN) 30.3.2009 RAQUEL SAMPAIO
A falta de recolha aos fins-de-semana em algumas zonas do centro do Porto implica que haja montes de lixo junto a contentores.
Moradores queixam-se de maus cheiros e da má imagem que tal cenário dá à cidade.
Cristina Almeida, assumidamente "cidadã de quatro costados", não se cansa de enviar a mesma mensagem por correio electrónico a destinatários diferentes. A sua queixa é só uma: há lixo, e muito, todos os fins-de-semana nas ruas da Alegria, no Bonfim, e de Santa Catarina, em Santo Ildefonso, por falta de recolha dos serviços.
Mário de Sousa, outro portuense atento, aponta mais exemplos e fala na Rua do Monte dos Congregados, Jardim do Monte Tadeu e na Rua de Santo Isidro, ambas no Bonfim.
Ontem, o JN descobriu mais alguns locais onde o lixo fica junto a contentores cheios: ruas Latino Coelho, e na de Santos Pousada, bem como na Travessa de Santo Isidro, todas elas também no Bonfim. E confirmou que na Rua da Alegria há, de facto, lixo acumulado por falta de recolha.
"Todos os fins-de-semana acontece o mesmo. E ao problema da má inagem que isso dá à cidade juntam-se os maus cheiros dado que o tempo está mais quente", lamentou-se Ana Maria Machado, que trabalha todos os dias numa casa na Rua da Alegria.
Apesar das queixas e dos vários pedidos dos moradores, aos fins-de-semana a recolha de lixo só é feita na zona da Boavista.

domingo, 29 de março de 2009

Campo de Férias, no Marco de Canavezes, do Insituto Profissional do Terço
O Instituto Profissional do Terço, instituição de Solidariedade Social e de Educação, de utilidade pública, fundada em 1891, vai realizar um Campo de Férias da Páscoa no âmbito do seu Projecto Educativo concretizado no Plano de Actividades com o objectivo de promover a dinamização de actividades e trabalhar a autonomia das nossas crianças e jovens.
Os educandos, a Equipa Técnica e a Equipa Educativa da Instituição vão ficar instalados num equipamento residencial situado no Lugar de Soalhães, no Marco de Canaveses, e as actividades vão desenvolver-se em parte do património natural, paisagístico, arqueológico e cultural integrado na Bacia Hidrográfica do Rio Ovelha.
A iniciativa contou com a diligência do Presidente da Mesa da Assembleia Geral do IPT, Dr. João Magalhães, o que permitiu a celebração de um Protocolo entre o IPT e a Associação do Amigos do Rio Ovelha, e conta com o apoio da Câmara do Marco de Canaveses cujo Presidente receberá o grupo na próxima segunda-feira, dia 30 de Março, às 11 horas.
Agradecidos pela forma hospitaleira e amiga das gentes do Marco, as crianças e jovens do IPT vão desfrutar de uma região demarcada que constitui um património natural junto da serra da Aboboreira, qual paraíso que todos queremos preservar e divulgar.
As actividades a desenvolver no Campo de Férias são variadas e aliciantes e incluem provas de orientação, canoagem, jogos tradicionais, actividades radicais, entre outras. O Campo de Férias será ainda aproveitado para trabalhar competências básicas de organização e gestão dos recursos, trabalho em equipa, cooperação, entreajuda, orientação para objectivos comuns e preocupação com o outro. Vão ser utilizadas estratégias de reflexão por equipas, jogos de descoberta, debates em pequenos grupos, apresentação de resultados e reforços positivos, com a entrega de prémios. Durante a realização do Campo de Férias haverá o registo em imagem e vídeo dos momentos que sinalizam as actividades e o usufruto dos espaços e paisagens utilizados.
O Instituto Profissional do Terço agradece a todos quantos colaboraram na concretização desta experiência de férias que ficará certamente na memória dos nossos educandos.
(JN) 29.3.2009
(...) Estas reflexões são tão mais relevantes quanto se conheceram, esta semana, notícias de encerramento de mais vias-férreas no Norte: depois das linhas do Sabor e do Tua, agora o Corgo e o Tâmega.
Há cem anos, quando a maioria delas foi construída, entendia-se que esta acessibilidade reforçava as condições de vida das populações locais e duvido que os projectos tenham sido considerados "rentáveis".
Hoje, a cada acidente, a cada análise de segurança, a cada avaliação de viabilidade, segue-se um anúncio dos investimentos que hão-de vir e mais um encerramento. As populações não acreditam que, uma vez encerrada, alguma linha renasça; e quem as pode criticar? Entre promessas, estudos, acidentes, desconfianças, os anos vão passando e, a conta-gotas, todo um património de linhas férreas históricas que, tal como os vinhedos do Douro, fazem a diferença nesta região, vai sendo abandonado e entregue ao seu triste destino: a destruição pelo tempo.
Num momento em que o Douro renasce das cinzas e é escolhido como destino por algumas elites mundiais, não valeria a pena abordar o problema das linhas férreas históricas no seu conjunto, definindo o destino de cada uma, calendarizando o investimento a realizar numas e encontrando utilizações alternativas para as outras? Não estaremos a perder uma oportunidade de ouro e a cometer um erro histórico ao deixar degradar mais um património único e que poderia ser mais um elemento de valorização do perfil turístico do Douro e da sobrevivência de quem lá vive?
Aqui fica a interrogação, sendo certo que nem o mero critério da rentabilidade directa nem a modernizante versão da "sustentabilidade" permitirão que se saia da situação actual - linha após linha, até que tudo se cubra de ervas...

sábado, 28 de março de 2009

Gondomar:
Jaime Gama e "notáveis" socialistas lançaram candidatura do PS para tentarem vencer Valentim
28.03.2009 - 18h52 Filomena Fontes
Não foi Mário Soares, como aconteceu na apresentação da candidatura da independente Elisa Ferreira à Câmara Municipal do Porto. Desta vez foi Jaime Gama, o presidente da Assembleia da República, quem hoje lançou oficialmente a candidatura de Isabel Santos à presidência da Câmara de Gondomar, numa sessão em que esteve acompanhado de uma verdadeira embaixada de “notáveis” socialistas. Entre dirigentes locais e nacionais, como Miranda Calha e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, avultava a presença de governantes como Ana Paula Vitorino, Manuel Pizarro e Fernando Medina, respectivamente secretários de Estado dos Transportes, da Saúde e do Emprego e Formação Profissional.
Em Gondomar, onde o ex-PSD e agora independente Valentim Loureiro domina com uma folgada maioria (nas últimas autárquicas, elegeu oito vereadores, enquanto o PS e o PSD repartiram os restantes quatro), o PS quis mostrar força nas suas aspirações à vitória nas próximas autárquicas. “É muito importante dar este sinal num contexto de descredibilização da vida política no concelho, de falta de acção e de adormecimento de Gondomar”, declara Isabel Santos.
Deputada, de 41 anos, a candidata socialista elege como prioridade “a requalificação da vida política” e afirma-se determinada a inverter uma lógica de desenvolvimento que deixa o concelho na cauda dos municípios que integram a Área Metropolitana do Porto.“Somos o terceiro concelho com maior número de desempregados e com mais baixo rendimento salarial de trabalho por conta de outrem”, insurge-se, propondo-se ser parte activa na captação de investimento que traga emprego e riqueza.
Um objectivo facilitado pelo facto de se tratar de uma candidatura da área política do Governo? Isabel Santos “não gosta de reivindicar esse tipo de situações”, lembra até que “o Governo não se tem fechado ao diálogo” com o actual executivo liderado pelo major. Mas promete “concitar solidariedades”, porque “nada explica o atraso” em que Gondomar se mantém.“É um combate difícil mas acredito que é possível gerar uma dinâmica de vitória”, concluiu.
Linha do Tua já não vai reabrir
(SOL) Paulo Vila 28.3.2009
A linha do Tua vai continuar parada, pelo menos, até às legislativas. Ao que o SOL apurou, são necessárias grandes obras para que esta linha de caminho-de-ferro volte a funcionar com segurança, depois de em Agosto ter sido o palco de um acidente que fez um morto e 43 feridos
Mas o ministro Mário Lino optou por adiar a decisão para o próximo Governo, contrariando a promessa que a secretária de Estado Ana Paula Vitorino fizera ao presidente da Câmara de Mirandela. «Indisponível para continuar a alimentar este folhetim», o autarca José Silvano vai propor que o troço entre Carvalhais e o Cachão deixe de estar sob a tutela da Refer e passe a ser gerido pelo Metro de Mirandela, caso a linha não seja reaberta até ao final de Março – a data que o Executivo avançara.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Autárquicas/Matosinhos: Narciso Miranda diz estar agora "muito mais bem preparado" para assumir o poder
26 de Março de 2009, 15:51(Lusa) - Narciso Miranda, candidato independente à Câmara de Matosinhos, disse hoje que o distanciamento do poder o deixou "muito mais bem preparado" para o assumir e não poupou críticas ao abandono de vários projectos para o concelho.
"Aqueles que pensavam que ia calçar as pantufas ou que ia ser embalado por um qualquer canto de sereia que me levasse a funções principescamente pagas, enganaram-se", frisou o ex-autarca, na sessão de apresentação à imprensa do livro "Narciso Miranda, Matosinhos Sempre".
A obra, que vai ser apresentada oficialmente no sábado, no auditório da APDL, em Leça da Palmeira, reúne 109 crónicas escritas pelo ex-autarca nos últimos três anos, desde que suspendeu funções como presidente da Câmara de Matosinhos.
Às pantufas e a altos cargos, Narciso preferiu, como sublinhou, manter-se "atento e participativo", centrado "na terra" que se habituou "a amar".
Como hoje admitiu, cerca de três anos de afastamento do poder levaram-no a que se tenha modificado, ficando a dar "mais valor aos verdadeiros amigos" e mais atento à "hipocrisia existente no meio partidário".
"O distanciamento do poder fez com que crescesse acentuadamente como político e como homem. Hoje posso dizer que sou bastante diferente. Estou mais disponível e mais sensível a determinadas questões", disse.
O candidato afirmou-se "mais protegido" na forma como exerce a actividade política, "mais exigente" do ponto de vista das amizades e disponível para prosseguir a caminhada politica, mas vacinado".
Com base nos artigos escritos para vários jornais (O Primeiro de Janeiro e Jornal de Matosinhos, por exemplo), Narciso Miranda realçou, ainda, a sua capacidade de antevisão.
"O que eu disse há três anos bateu certo", sublinhou o candidato, apontando os dossiês "do metro do Porto, da Exponor, das SCUT e da Ikea".
"Isto leva-me a concluir que um líder ou um candidato a líder tem que ser uma pessoa que antevê os acontecimentos. E não uma pessoa que reaja aos acontecimentos", observou.
O ex-presidente apontou o dedo a quem lhe sucedeu na autarquia, criticando os projectos que ficaram por pôr em prática.
"Se somar todos os postos de trabalho que foram anunciados para Matosinhos, tinha-se de importar mão-de-obra", afirmou o ex-autarca, referindo que "foi anunciada, por titulares de cargos de Matosinhos, a criação, até ao fim de 2008, de 23535 novos postos de trabalho".
A Exponor, o hotel da Ikea, a passagem inferior da Circunvalação, a requalificação da Circunvalação e o metro do Porto foram alguns dos projectos que Narciso afirmou estarem parados.
"Em relação ao metro, está tudo parado há dois anos. Nem mais um metro de metro", disse.
"Estou cada vez mais convencido de que os titulares de cargos têm de ser olhados atentamente por aquilo que dizem, mas devem ser avaliados particularmente por aquilo que fazem", concluiu.
Na contracapa do livro, editado pela Afrontamento, foram colocados algumas declarações feitas em tempos por figuras públicas, nomeadamente os socialistas Almeida Santos, Jorge Coelho e Jorge Sampaio.
Questionado sobre o motivo de ter incluído no livro depoimentos antigos, Narciso Miranda disse: "Eu não mudei, portanto são todos actuais".
Narciso Miranda não quis comentar as notícias que apontam o social-democrata Marco António Costa como candidato a Matosinhos pelo PSD, mas admitiu que "são bem-vindos todos aqueles que vierem por bem".
Comboios: Autarca de Amarante confia na reabertura da linha a médio prazo
2009.03.25 15:12 Vitor Almeida (Lusa) - O presidente da Câmara de Amarante (PS) revelou hoje à Lusa que a secretária de Estado dos Transportes lhe prometeu que a Linha do Tâmega reabre "logo após as obras a que vai ser sujeita".
Armindo Abreu conversou hoje com Ana Paula Vitorino que lhe garantiu que "era impossível ter a linha aberta, perante o relatório de segurança que lhe foi entregue terça-feira à tarde".
Hoje, a linha foi encerrada provisoriamente e as obras deverão avançar dentro de quatro meses, uma medida que foi contestada pelas populações.
Segundo o autarca, a governante disse-lhe que a Linha do Tâmega "não cumpria as normas mínimas de segurança em alguns locais da via".
Os 13 quilómetros de via-férrea entre as estações da Livração, na linha do Douro, e a cidade de Amarante possuíam "troços muito perigosos", referiu o autarca.
"Compreendo que, perante este relatório de tal forma mau, a secretária de Estado não tinha alternativa, senão teria de assumir o risco de um eventual acidente", acrescentou.
O presidente da Câmara revelou ainda que a secretária de Estado afirmou que não lhe podia dar um prazo da suspensão da linha porque não existem ainda projectos elaborados para os locais onde há falhas de segurança.
No entanto, a governante prometeu que esses projectos vão ser mandados executar "de imediato", disse Armindo Abreu.
O autarca falou também com o presidente da CP, Francisco Cardoso Reis, que lhe garantiu que "o troço é para reabrir" e que "a CP continua disponível para negociar com as Câmaras de Amarante e de Marco de Canaveses a transferência da exploração comercial e turística da linha por parte das duas autarquias".
Comboios: Intervenções "profundas" na origem de suspensão da circulação nas Linhas Corgo e Tâmega - diz REFER
25.03.2009 (Lusa) - O fecho das linhas ferroviárias do Corgo e Tâmega deveu-se à necessidade de "intervenções profundas" para corrigir o "mau estado das vias em alguns locais", cujas obras não podiam continuar a ser feitas isoladamente, explicou hoje um responsável. "Não se trata de um encerramento, trata-se de uma suspensão da circulação até que as obras sejam iniciadas dentro de aproximadamente quatro meses", salientou à agência Lusa o director de comunicação da Rede Ferroviária Nacional (REFER), José Santos Lopes.
Comunicado de Imprensa da Federação Distrital do Porto do Partido Socialista, Gabinete do Presidente
AOS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Assunto: Autárquicas 2009 no distrito do Porto
O Secretariado Distrital do PS reunido hoje, procedeu à análise do processo autárquico, nomeadamente, o processo de escolha dos cabeças-de-lista às Câmaras Municipais do distrito. Como resultado dessa reunião, a Federação Distrital do PS torna público que se encontram encerrados os processos de designação dos candidatos que, em todos os concelhos do distrito, protagonizarão as candidaturas do PS. O Secretariado Distrital do PS-Porto acentua a qualidade e credibilidade de todos os candidatos bem como a sua satisfação pelo facto de os mesmos corresponderem a uma aposta na renovação e na afirmação de novos quadros e protagonistas com forte implantação local. Refira-se que, pela primeira vez, a Federação do Porto conseguiu “fechar” os processos de designação dos cabeças-de-lista às Cãmara Municipais do distrito com a antecedência necessária, de forma a permitir aos candidatos e às estruturas do Partido espalhadas pelo distrito desenvolver processos de auscultação e envolvimento dos cidadãos e instituições locais capazes de permitir ao PS apresentar programas e equipas credíveis e capazes. Por último, e porque nos últimos dias se tem assistido a algum ruído na Comunicação Social sobre reuniões internas da candidatura do PS à Câmara Municipal do Porto. Independentemente do conteúdo de tais notícias, o Secretariado da FDP-PS não só lamenta tais episódios como declara que não é tolerável que debates e questões internas sejam veiculadas para a opinião pública através dos media. A Prof. Elisa Ferreira, enquanto candidata do PS obteve e reuniu um amplo consenso e apoio do PS e das suas estruturas eleitas no plano nacional, distrital e concelhio. Assim, a FDP-PS reitera a sua total confiança na Prof. Elisa Ferreira para liderar um projecto unindo o PS à sua volta abrindo-o às instituições e cidadãos independentes que nele queiram activamente participar. A receptividade junto dos portuenses e o trabalho já realizado pela Prof. Elisa Ferreira culminará, estamos certos, numa proposta à cidade tendo por base um programa inovador e ganhador assim como, em devido tempo, apresentará uma equipa composta por cidadãos empenhados, competentes e capazes de o protagonizar. O Secretariado da FDP-PS
sábado, 21 de Março de 2009
Contestado modelo para o Campo Alegre
(JN) 27.3.2009 CARLA SOARES
Desconhecíamos a ideia da Metro, que não é a que foi apresentada aquando da visita ministerial. Nem nos passa pela cabeça que a linha não seja enterrada pelo menos a partir da Praça do Império no sentido Nascente, mas com vantagem se for desde o início da Av. Nun' Álvares, embora, pela mesma razão de ser uma avenida nova, poder ter o traçado do Metro sem prejuízo do resto da circulação urbana. Será preciso quantificar os custos do enterramento na Nun'Álvares. A partir de antes da Praça do Império é que não nos parece suscitar dúvidas a necessidade absoluta do enterramento, caso contrário seria um pandemónio em Diogo Botelho e andar para trás na vida urbana da zona. Supomos que fica, no entanto, neste troço, o bicudo problema do Vale do Fluvial. Aquela cota dá para o enterramento? Terá de vir à superfície? Ou de vir por cima? Não perbemos nada de engenharia (a não ser de ideias) mas parece-nos que aqui a obra será obra mesmo(PB)

Os membros da Comissão de Acompanhamento da Linha de Metro da Zona Ocidental do Porto indicados pela Câmara propõem, ao contrário do que prevê a empresa, que o percurso do Campo Alegre seja enterrado.
Num encontro com jornalistas, que antecedeu uma série de contactos com as populações, Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, o vereador Lino Ferreira e o arquitecto José Carapeto adiantaram qual a posição relativamente à linha do Campo Alegre. O modelo proposto pela empresa, defenderam os membros da Comissão, implica "graves problemas" em termos de circulação, para automóveis e transportes públicos que não o metro, e também de segurança para os peões.
Aquilo que defendem passa por enterrar a linha, não apenas até ao início da futura Avenida Nun' Álvares, mas ao longo de toda esta via e "até ao fim" do percurso. Até porque, concordaram Lino Ferreira e Rui Moreira, trata-se de uma nova avenida e, por isso, "pode ser enterrada de forma mais barata". Esta posição vai ser discutida amanhã, em mais uma reunião com a Metro, e, a partir das 21.30 horas, com os habitantes de Lordelo do Ouro. Dia 3 de Abril será a vez da Foz e, a 16, de Nevogilde. Se os membros indicados pela Câmara aceitam consensualizar o modelo a adoptar na avenida, já no que toca ao trajecto a partir da Praça do Império a "posição é muito mais firme". "Não é a melhor solução ir à superfície, sacrificando todo o resto. Uma cidade não é só transporte urbano, é também a vivência e a segurança das pessoas", defendeu Lino Ferreira.
No encontro com a imprensa, foi passado em revista o projecto sobre o qual a comissão dará parecer. Especificamente no que respeita à inserção à superfície da linha do metro na via Nun' Álvares, o vereador disse não verem com "bons olhos que tenha quase no início 150 metros de trincheira". E o que perguntaram à Metro foi, uma vez que a avenida vai ser construída de raíz, por que não continuar enterrada, da Avenida da Boavista. O problema para Rui Moreira está em articular a filosofia de superfície defendida pela empresa com a de cidade.
Uma questão concreta que levantam é a impossibilidade de quem chega da Praça do Império virar à esquerda. O que, garantem, complicará o trânsito e o conduzirá para as vias atlânticas. A isto juntam a falta de estacionamento. O metro corta, depois, a Praça do Império. O local "já tem bastante trânsito" e criar dois atravessamentos só irá agravar a situação, alerta Lino Ferreira. E avisa que, mais à frente em Diogo Botelho, com a passagem dos alunos da Católica e a circulação dos autocarros nas vias laterais, ele "vai entupir". "A paragem de bus lateral já não se usa", criticou.
Metro do Porto em falência técnica
Só recorrendo à banca a empresa conseguiu verbas para realizar investimentos em 2008
(JN) 27.3.2009 HUGO SILVA
A Empresa do Metro fechou o ano passado em falência técnica. No Relatório e Contas de 2008, aprovado esta quarta-feira, reitera-se a manifesta insuficiência de apoio do Estado ao projecto, que só avança com empréstimos bancários.
À semelhança do que acontece com outras empresas de transportes, a Metro passou a ter um passivo mais elevado do que o activo, exigindo-se uma intervenção dos accionistas (o Estado é maioritário) para colmatar uma situação que, no limite, pode levar à dissolução da sociedade. O ano de 2008 encerrou com um prejuízo de 148,6 milhões de euros. De pouco valeu o aumento de 9,4% das receitas da operação (chegaram aos 29,2 milhões).
"O agravamento da situação financeira apesar dos bons resultados conseguidos na política adoptada de gestão de exposição ao risco da taxa de juro reflecte a carência de financiamento a fundo perdido do projecto do metro do Porto, hoje com um nível de endividamento que constitui a nossa principal preocupação", escreveu o presidente do Conselho de Administração, Ricardo Fonseca.
Os números confirmam: em 2008, foram investidos 123,8 milhões de euros, em obras e na compra de veículos. À excepção de uma comparticipação de 7,4 milhões de euros da Administração Central, a Metro teve de ir arranjar dinheiro ao banco. E num "enquadramento cada vez mais adverso", lembrou Ricardo Fonseca.
"Em 2008 foram efectuadas quatro operações de médio e longo prazo, no montante global de 472 milhões de euros. Destes, 252 milhões foram contratados para garantia do reembolso de cinco financiamentos de igual montante, cujo vencimento ocorria ao longo do ano", diz o Relatório e Contas de 2008, aprovado por unanimidade, em Assembleia Geral. O projecto do metro do Porto continua com escasso apoio do Estado. Exemplo: dos 246 milhões de euros de indemnizações compensatórias que a empresa esperava receber do Estado (100,2 milhões referentes a acertos do período 2003/2007), apenas chegaram 11,6 milhões.
Desde Setembro de 2002 - há quase sete anos - que a Metro do Porto espera por uma resposta do Governo em relação a uma proposta de contrato programa para o financiamento do projecto. Sem aquele instrumento, que até está previsto nas bases de concessão do serviço, os apoios financeiros do Estado são assegurados de forma mais ou menos casuística. E com valores sempre insuficientes, conforme sustentam os relatórios e contas, ano após ano.
As verbas a fundo perdido - do PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) e de fundos europeus - revelam-se "manifestamente exíguas".
Já Março de 2007, conforme noticiou o JN, a Metro do Porto alertava que a operação corria o risco de ser suspensa se não fossem resolvidos, com urgência, os problemas de financiamento do projecto. A empresa sublinhava a necessidade do reforço do financiamento a fundo perdido e do estabelecimento de um regime para a atribuição das indemnizações compensatórias. Dois anos anos depois, a situação de completa indefinição mantém-se. E a empresa agravou a situação financeira.
Na Assembleia Geral de ontem, ficou patente o clima de divisão existente. Segundo a Lusa, foi aprovado um voto de confiança à administração, mas com quase todos os representantes autárquicos a votarem contra. Estavam representadas as autarquias de Gondomar (independente), Póvoa de Varzim, Maia, Porto e Gaia (todas PSD), bem como Matosinhos e Vila do Conde (ambas PS). Só Matosinhos votou a favor.

terça-feira, 24 de março de 2009

Atribuição de incentivos à compra de painéis solares "é uma fraude"
(JN)18h10m 24.3.2009
O autor da política energética do actual Governo, Oliveira Fernandes, classificou como "uma fraude" a atribuição de incentivos à compra de painéis solares fotovoltaicos como sendo produtores de energia solar.
"Estar a utilizar as verbas que foram anunciadas para a energia solar como incentivos para a compra de painéis fotovoltaicos é uma fraude", disse à agência Lusa Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia do Porto e presidente da Agência de Energia do Porto.
Oliveira Fernandes acusou a empresa Energie, cuja fábrica na Póvoa de Varzim foi visitada quinta-feira pelo primeiro-ministro, José Sócrates, de estar a fazer "publicidade enganosa", ao referir no seu site que os painéis solares fotovoltaicos têm rendimento superior aos colectores solares.
"O site diz que o sistema deles funciona com sol, céu nublado, chuva e à noite. Vê-se logo que não é solar. É por isso que tenho vergonha deste país", afirmou Oliveira Fernandes, criticando José Sócrates e o ministro da Economia, Manuel Pinho, por se terem associado ao "embuste" da Energie, ao apelarem aos portugueses para que comprem os seus painéis.
"O lapso político do senhor primeiro-ministro e do senhor ministro da Economia acontece manifestamente por falta de competência técnica no Governo, por falta de assessoria, aconselhamento", afirmou o ex-secretário de Estado da Energia.
Na opinião do professor universitário, a Energie "é uma fábrica de bombas de calor", dado que os painéis que produz "até podem captar calor da água ou do solo".
Oliveira Fernandes salientou que o coeficiente de performance (COF) dos painéis da Energie "deverá andar à volta de dois, o que é um valor ridículo".
O especialista explicou que a bomba dos painéis fotovoltaicos necessita de electricidade para funcionar, produzindo em média apenas o dobro da energia que consome.
"Muitos dos colectores solares também precisam de uma bombinha. Mas, em média, a energia que captam do Sol é 50 vezes superior à que consomem. A relação é de dois para 50. Não estamos a falar do mesmo campeonato", frisou.
Oliveira Fernandes realçou que, dadas as características climatéricas do país, "são os colectores solares que interessam a Portugal", e não os painéis fotovoltaicos, mais adequados a países frios do Norte e centro da Europa.
Em comunicado distribuído hoje, a Energie garante que os seus painéis solares "estão certificados pela SolarKeymark, a primeira marca de qualidade reconhecida internacionalmente para os produtos solares térmicos, e DINGetpruft, atestadas pelo organismo alemão mundialmente conhecido Dincertco".
"Estas certificações atestam o produto da Energie como sistema solar térmico", realça a empresa, anexando cópia de um dos certificados.
Oliveira Fernandes argumentou que o certificado atribuído à Energie "não é nada do que estão a comercializar", mas fonte da empresa garantiu à Lusa que "os painéis que a Energie vai vender com base no protocolo assinado com o Governo são certificados como sistema solar térmico".
O primeiro-ministro apelou segunda-feira à compra de painéis solares pelos portugueses, no âmbito do programa do Governo de incentivo ao uso de energias renováveis, destacando o impacto positivo que terá na economia a vários níveis.
"Se [os portugueses] querem dar um bom contributo para, em primeiro lugar, reduzirem a sua factura energética e gastarem menos dinheiro com o aquecimento da água, se querem dar um contributo para o seu país, para haver mais emprego e mais dinamismo económico, por favor instalem painéis solares nas suas casas, aproveitem este programa do Governo", afirmou José Sócrates durante uma visita à empresa produtora de painéis solares termodinâmicos Energie.
PS só leva a votos Jorge Miranda se tiver garantia prévia de aprovação
O PS só levará a votos no Parlamento o nome do constitucionalista Jorge Miranda depois de ter a garantia de que o seu candidato obterá os dois terços necessários para ser eleito provedor de Justiça.
Porto
Sem dinheiro para um prato de comida
(JN) 24.3.09 Há cada vez mais pessoas a pedir um prato de comida nas ruas do Porto. Aos sem-abrigo junta-se gente que nunca pensou ver-se em tal situação. Esta quarta-feira, a Misericórdia abre a Sopa da Noite, na Casa da Rua, em Duque de Loulé.

segunda-feira, 23 de março de 2009

22 Março 2009 - 00h30
Entrevista Correio da Manhã: Elisa Ferreira
Correio da Manhã/Rádio Clube - Continua a ser independente? Nunca pensou ser militante do PS?
Elisa Ferreira - Não, acho que a relação funciona bem assim. Logicamente é a minha área de referência, o centro-esquerda. Mas, de facto, se a relação funciona bem assim não vejo motivo para a alterar. Acho que me dou bem. Eu tenho muita dificuldade em não pensar sempre pela minha cabeça. E tenho a sensação de que se estivesse sujeita à máquina partidária teria muito mais necessidade de exprimir discordâncias, de matizar coisas.
ARF - Já foi deputada no Parlamento e aí tinha disciplina de voto.
- Tinha e nunca tive problemas de consciência. E quando havia houve sempre condições para votar de forma diferente do grupo. Agora reconheço que não é uma prática normal, mesmo em termos europeus. Em Portugal vivemos com esta experiência e eu acho que fica bem e dignifica os partidos que a utilizam.
ARF - Dignifica como?
- Abrem a não militantes e eu acho que isso é uma prova de abertura de espírito em relação aos cidadãos.
ARF - Mas as máquinas partidárias não gostam muito de independentes. Alguma vez sentiu isso quando foi ministra e deputada? Porque estava a ocupar um lugar que devia ser para um militante do PS?
- Há sempre gente nas máquinas e na população que pensa dessa maneira. Mas acho que quando um partido não monolitista tem de tolerar essas diferenças. E também entendo que os militantes que colaram cartazes fiquem um pouco desconfortáveis quando outras pessoas vão ocupar os lugares. Mas essa maneira de pensar tem mudado e bem.
LC - Como é que vê o caso de Manuel Alegre que tem tido imensas divergências com o PS, ao ponto de um membro do secretariado ter falado em falta de carácter?
- Está a ver, eu não provoco o partido, não tenho de me diferenciar, de me distanciar e como tal não crio esse tipo de problemas. É uma relação que eu não devo comentar muito, enquanto não militante. Mas acho que é muito patente a tolerância e a abertura que o partido tem. Mas acho que se um partido tolera essa tipo de diferenciações fica enriquecido.
LC - Não acha que Manuel Alegre tem abusado dessa tolerância?
- Eu acho que Manuel Alegre tem uma personalidade forte, é importante o papel que faz em termos de crítica. Mas eu, que fiz campanha pelo doutor Mário Soares, não gostei que Manuel Alegre tivesse concorrido.
ARF - Nas presidenciais.
- Sim.
LC - Não se devia ter candidatado?
- Não gostei muito dessa atitude. Acho que dividiu e ao dividir nem ele conseguiu os mínimos para lá chegar e acho que o PS ficou debilitado.
LC - Mas ao mesmo tempo foi a partir daí que Manuel Alegre outra força dentro do PS.
- Sim, é verdade, ganhou outra força. Acabou por agregar muita gente que estava com descontentamentos de vários tipos em relação à situação, mas a questão é que depois não há propriamente a construção de um programa alternativo.
LC - Manuel Alegre não tem alternativa?
- Acho que é uma vantagem a presença de Manuel Alegre enquanto crítico que pensa bem, analisa bem e propõe bem. Já não vejo tanto a capacidade de construir pela positiva um modelo que seja verdadeiramente alternativo. O papel dele é muito mais estar ao lado do sistema, tentando corrigi-lo do que propriamente ser uma alternativa ao sistema.
LC - Acha que Manuel Alegre tem condições para integrar as listas do PS nas eleições?
- Não me pronuncio sobre isso. É uma questão de estratégia partidária e respeitarei o que for decidido. Não me cabe a mim comentar essa matéria.
LC - Mas é uma questão que preocupa actualmente o PS. Como é que a vai resolver?
- Isso estará nas mãos do secretário-geral decidir. Não tenho opinião nenhuma sobre isso. Depende da postura do partido.
ARF - José Sócrates enquanto primeiro-ministro foi uma boa surpresa para si? Foi eu secretário de Estado Adjunto no Ministério do Ambiente.
- Eu acho que o engenheiro José Sócrates é sobretudo uma pessoa que tem características pessoais muito fortes e algumas dessas características são importantíssimas na época que estamos a viver. Entre elas está a coragem, a determinação, o não ficar preso a amarrações, mesmo partidárias. Sempre teve essa característica de olhar em redor e ver se há gente que possa colaborar, que possa contribuir, que possa dar boas ideias, é uma pessoa muito aberta para renovar ideias, renovar o pensamento. Algumas dessas características estão nomeadamente presentes na constituição deste Governo, que tem muita gente independente, mas que são pessoas com competência e qualidade. Digamos que há capacidades que tem enquanto pessoa, uma teimosia, uma determinação que são extraordinariamente importantes numa época que é muito difícil.
ARF - Foi ministra com António Guterres que era o paladino do diálogo, diálogo que chegou a ser fortemente criticado porque paralisava muita coisa. Como no Ambiente. Qual dos estilos prefere, o de Guterres ou de Sócrates?
- O pior é o exagero de um lado ou do outro. E há momentos em que se tem que ser conciliador e há momentos em que se tem de romper. Senti de facto que o engenheiro Guterres quando se apresentou a sociedade estava completamente crispada e acho que foi um bálsamo ele ter chegado. E depois houve momentos em que eu teria preferido que ele tivesse mais firme no corte, no definir. É por aqui, não é por ali. E acho que se prejudicou com isso. Ao mesmo tempo esse aparente defeito era uma das suas grandes virtudes. Porque era uma pessoa muito humana, percebia os pontos de vista de toda a gente, tentava conciliar, não queria magoar.
ARF - E José Sócrates?
- Do lado do engenheiro José Sócrates, nesta fase, essas suas características são particularmente úteis ao País porque nos dão linhas de rumo. Às vezes acredito e reconheço que haverá algum exagero de forma, da maneira de tratar alguns problemas. Não estou de acordo com tudo o que fez, mas acho que, em termos gerais, esta linha reformista que conseguiu trazer ao País poucas pessoas teriam sido capazes de as trazer e acho que continua a ser muito importante mantê-la.
ARF - Por causa da crise?
- As pessoas precisam de segurança, precisam de saber com quem estão a lidar. Estou disponível para fazer campanha e para defender a manutenção do Governo. É um período demasiado difícil, demasiado complicado para estarmos a fragilizar as linhas de rumo.
LC - Acha que o PS vai conseguir manter a maioria absoluta, que todos no PS dizem que é essencial?
- Eu acho que sim. Porque nós vimos que estas reformas só foram possíveis porque houve uma maioria absoluta. É evidente que eu acho que há matizes que têm de ser introduzidos. Às vezes na gestão dos processos, no ouvir as pessoas, no tomar em conta as opiniões diferentes. Isso pode ser corrigido e melhorado, mas não tenho dúvidas de que o PS deveria ter outra maioria absoluta.
LC - Embora as sondagens digam o contrário.
- Eu já vi sondagens de todo o tipo. O Obama também não valia a pena sequer concorrer. As sondagens são uma coisa e o que o povo pensa é outra. Acho que é preciso ter muito respeito pelo bom senso do povo português.
LC - E se não conseguir? O que é que o PS deve fazer?
- Veremos. Nós não devemos discutir muito os cenários de derrota.
LC - Não é uma derrota. Pode ganhar as eleições e não ter a maioria absoluta.
- Derrota nos objectivos. O objectivo deve ser maioria absoluta, deve lutar-se por isso e a seguir ver-se-á.
ARF - Mas se não tiver não haverá alianças, à esquerda ou à direita?
- Depende do resultado. A crise é tão forte, há tanta dificuldade em perceber como o eleitorado reage a isto e eu estou convicta que o eleitorado reagirá dizendo que não quer insegurança, dúvida. Até porque, convenhamos, o maior partido da oposição não está em grande forma.
ARF - Ainda não é uma alternativa?
- Não é uma alternativa de Governo.
LC - O PS pode perder a maioria absoluta pela esquerda.
- É evidente que os partidos de esquerda estão a cavalgar fortemente a onda de descontentamento que existe. Mas curiosamente mesmo quando há grandes manifestações a seguir fazem-se sondagens e a generalidade do povo português está ao lado do Governo.
ARF - Não acha isso estranho?
- Não. Acho que as pessoas estão descontentes porque a situação que estamos a viver é gravíssima. As pessoas estão muitas delas desesperadas. Pessoas que eram da classe média estão neste momento numa situação de pobreza. Mas isto sente-se em todos os países da Europa. Mesmo na Alemanha há previsões que põem a economia a decrescer 5 por cento. E em Portugal também. Mas as pessoas, por isso mesmo, querem segurança e rumos definidos. Mas não desvalorizo as manifestações, acho que as pessoas estão a ser sinceras.
ARF - Não concorda, então, com o primeiro-ministro quando diz que essas pessoas são manipuladas pelo BE e pelo PCP?
- Não. O que eu acho que há é um cavalgar da onda pela esquerda. E eu acho que o que o Governo está a fazer nesta crise é o que se deve fazer. E como se viu no último debate parlamentar não há propriamente alternativas. Agora, a situação é dramática e muitas vezes os partidos de esquerda cavalgam de algum modo esse descontentamento, independentemente de terem soluções alternativas melhores.
ARF - Vai ser candidata ao Parlamento Europeu?
- Vou.
LC - Ficou surpreendida com a escolha de Vital Moreira para cabeça-de-lista?
- Eu não sabia que era ele e fiquei muito contente. Acho que é uma pessoa séria, muitíssimo competente, muito credível, muito isenta.
ARF - E é candidata também à Câmara do Porto. Isso não confunde o eleitorado?
- Acho que não. Acho estranho perguntarem-se isso tão insistentemente. É norma em Portugal.
LC - A ideia que dá é que não acredita na vitória.
- Porque é que diz isso? E quanto aos outros? Porque é que não disseram isso? A única questão que complica é haver uma certa coincidência eleitoral. Mas acho que não. Dois mandatos no Parlamento Europeu é normal quando as coisas correm bem. O normal é continuar a fazer o que estou a fazer. Não me estão a dar nenhum prémio. E virei e largarei tudo se os portuenses me elegerem.
LC - Mas isso é natural. Mas quando se candidata às duas eleições a ideia que dá é que não acredita numa vitória no Porto?
- O que eu quero é continuar a fazer o que estou a fazer. E prefiro que digam isso do que dizerem que me correu mal o Parlamento Europeu, não tem nada que fazer e agora vem para a Câmara do Porto. Não, não me correu mal, correu-me bem, estou a fazer um trabalho interessante e reconhecido.
LC - E quer continuar esse trabalho?
- Não, quero vir para o Porto. Mas não posso vir para o Porto só por eu querer. Quero que os portuenses percebam que eu quero deixar uma coisa interessante, que me correu bem, porque prefiro o Porto, prefiro a minha cidade.
ARF - Se perder as eleições fica na Câmara, não se vai embora?
- Se eu perder? Mais uma vez é discutir o cenário alternativo. Eu fui convidada pelo PS para ser candidata a presidente da Câmara. Eu sou independente. À partida foi para isso que me convidaram. E é esse o cenário que eu quero discutir. Apresentar-me como candidata a presidente. E quero ser eleita como presidente. E quero deixar tudo o que estou a fazer para ser presidente da Câmara. Esse é o meu contrato com a cidade. Não tenho cenários alternativos.
LC - Então porque é que se candidata? Porque é que aceitou estar na lista ao Parlamento Europeu?
- Eu não discuti nada. Aliás, isso não é motivo de negociação. O PS quando me convidou disse-me que queria que eu continuasse no Parlamento Europeu porque estava a fazer um bom trabalho.
LC - Mas o PS não lhe pode pedir as duas coisas. Continuar no Parlamento Europeu e ser presidente da Câmara do Porto.
- Então não pode? Qual é a dúvida?
LC - Porque se ganhar a Câmara do Porto não pode continuar no Parlamento Europeu.
- Pois não. E se não ganhar continua a fazer o que estou a fazer. Eu não preciso de estar desempregada para me candidatar à Câmara do Porto. Ninguém me deu prémio nenhum, nem um bom-bom para eu ser candidata. E defendo melhor a cidade estando no Parlamento Europeu do que se estivesse na Faculdade de Economia do Porto.
ARF - E as suas relações com o PS do Porto são boas ou más? O PS do Porto não é fácil. E já saíram notícias de uma reunião consigo em que as coisas não correram muito bem.
- Eu tenho um convite que me foi feito a todos os níveis. Ao nível da concelhia do Porto, da distrital e ao nível do secretário-geral. Foi um convite feito por todas as estruturas. E eu tive o cuidado de só aceitar ser candidata no momento em que a concelhia votou o meu nome por voto secreto. Cinquenta e tal votos a favor e um contra, penso eu. Com condições que não têm nada a ver com Parlamentos Europeus. Foram a de me darem a confiança de eu preparar um programa para a cidade e reunir uma equipa de gente competente e que merecesse naturalmente a minha confiança. E de ter o partido unido. E isso não significa que não haja sempre quem ache diferente, pense diferente. Uma coisa não pode haver. É dúvidas sobre o mandato e sobre o convite e os termos desse convite. Eu já cá anda há muito tempo e não vivo na ingenuidade total. Sei que ao mudar alguma coisa, ao propor-me a ser candidata eu estou a mexer em muitos hábitos constituídos, em muitas tradições, em muitas rotinas. E isso mexe, é natural que haja ruídos. Agora, para mim, o partido é um partido de gente de bem, credível, é o maior partido nacional, fez-me formalmente e ao nível de todas estas estruturas um convite nestes termos, eu dou por bom e continuarei a trabalhar. Se o partido pensar de outra forma dir-me-á. Mas não vejo nenhum sinal nesse sentido.
ARF - Disse que uma das suas condições é ter um executivo da sua confiança. Acha que vai ser fácil ou difícil chegar a um acordo com o PS do Porto? Quando começa a dança dos nomes as coisas tornam-se complicadas, não é?
- Claro, sobretudo quando apresentei a candidatura. Havia muita gente que dizia que era impossível e de facto a apresentação acabou por reunir muita gente. Foi uma surpresa enorme. Houve a sensação de que era para ganhar. E algumas dessas tensões também começaram a cristalizar a partir desse momento e a algum desconforto em algumas pessoas.
LC - Dentro do PS?
- Sim. Mas penso que aliança que eu pretendo fazer é a quer o PS me mandatou para fazer. É claramente uma aliança com a cidade, com uma cidade que está triste.
ARF - Mas está assim tão mal. Estes oito anos de gestão de Rui Rio foram assim tão maus para o Porto?
- Eu não digo que seja a gestão de A ou de B. A conjuntura internacional é difícil, a região do Norte é muito exposta à concorrência internacional. O enquadramento é difícil. Mas de facto no Porto não se fez tudo o que era possível, fez-se muito pouco. Porque num momento destes é preciso haver uma visão, uma capacidade de criar redes com as pessoas da cidade, com as instituições da cidade.
ARF - Isso foi esquecido? Rui Rio não teve que pôr a casa em ordem, nomeadamente do ponto de vista financeiro?
- Depende da maneira como se faz e não penso que essa descrição seja a correcta. Às vezes as pessoas dizem que fazem e não fazem. E as cidades precisam cada vez amais de se apoiar na cultura para serem dinâmicas e se afirmarem. Esta não é a leitura que seja partilhada pelo executivo actual.
LC - Pensa fazer alianças?
- As forças de esquerda já disseram que não faziam alianças com o PS, quando eu penso que era importante fazerem-nas.
LC - Da sua parte havia abertura para essas alianças?
- Havia. Explicitei isso de forma clara.
ARF - Um dos aspectos polémicos da gestão de Rui Rio foi o corte com o FC Porto e Jorge Nuno Pinto da Costa. A senhora, pelo contrário, já afirmou que a equipa voltará à Câmara se ganhar algum título. Tem boas relações com Jorge Nuno Pinto da Costa?
- Tenho relações de sócia do FC Porto e de membro do Conselho Superior. Sou sócia há muitos anos, mesmo antes de ser conhecida na política. A minha relação não é com o senhor A ou o senhor B. Acho que um clube desportivo que ganha a Liga dos Campeões, promove o nome da cidade internacionalmente merece ser reconhecido pela Câmara. Eu não me interessa criticar o senhor A ou o senhor B, eu acho que é um absurdo em termos de gestão quando é tão importante protagonizar a imagem de uma cidade, distingui-la, apresentar um cartão, e nós temos marcas que já estão afirmadas, como o FC Porto e o vinho do Porto, e andamos a desvalorizá-las porquê? Para não ser cúmplice nem ser promíscua não tenho de agredir ninguém nem de exibir uma agressividade.
ARF - Mas Rui Rio chamou a atenção para a grande promiscuidade entre o FC Porto e a Câmara.
- Mas sabe, eu sou mulher. Não preciso de me sujeitar a enfrentar um touro para mostrar que sou corajosa nem combater em duelo com ninguém por causa disso. Eu vivo bem comigo. É por ser mulher, às tantas não é por mais nada. Mas as mulheres têm esta coisa. Acho que nenhuma mulher se deixaria morrer em duelo para mostrar que não tem medo. Eu não preciso de mostrar que não tenho medo, que sou isenta. Acho que sou, as pessoas conhecem-me por ser isenta, por ser uma pessoa séria e acho que consigo viver perfeitamente sem me deixar de envolver em qualquer tipo de promiscuidade, seja com empresários, seja com gentes do futebol.
LC - Mas a promiscuidade com o FC Porto existiu ou não?
- Eu não faço ideia. Nem me interessa. Isso já foi julgado pelos cidadãos. Eu não sou promíscua.
LC - Acha que foi julgado pelos cidadãos?
- Foi, com os votos. Não faço a mínima ideia. Eu quero é pensar no futuro. Não vou agora revisitar o passado. O que eu acho é que para ser isenta, para não ser promíscua não vou hostilizar, assim como não hostilizo o vinho do Porto, o FC Porto. Vou é valorizar Serralves, a Casa da Música, o vinho do Porto, tudo o que eu puder que promova a minha cidade.
LC - Quando diz que foi julgado pelos cidadãos quer dizer que o PS pagou o preço?
- Não faço a mínima ideia. Quero lá discutir o passado. Eu quero é discutir o futuro e discutir a minha proposta para a cidade. Olhe, e tenho muita pena que o Boavista esteja numa situação tremenda e valorizo a Rosa Mota e quem me dera ter a Aurora Cunha, todas elas. Valorizo a excelência, acho que a excelência me ajuda a promover a cidade, traz oportunidades de negócio, traz orgulho.
LC - Mas não lhe é indiferente a forma como o PS exerceu o poder na Câmara do Porto.
- O quê? Há oito anos atrás?
ARF - Rui Rio afirmou recentemente que este Governo exerce um centralismo irracional que tem prejudicado o Porto e o Norte. Tem esta visão?
- Esse é um discurso que cola sempre. Tem sempre aderentes. Até porque quando devíamos revisitar o que é que fizemos mal a culpa é dos outros. Já tive muitos combates e continuo a ter com Lisboa. Porque acho que o País é centralista mas é centralista há muitos anos. É uma tradição. Agora é desagradável que para resolver um problema como o Bolhão tenha que vir o ministro da Cultura fazer a obra. Porque localmente fomos incapazes de o gerir. É uma mancha.
ARF - E o aeroporto Sá Carneiro? Deve ser gerido pelas forças do Norte?
- É um projecto que merece de facto uma conversa, não merece ser tratado nesta luta Porto/Lisboa, merece ser ponderado de uma forma muito séria por uma razão muito simples. O aeroporto do Porto tem para o Porto um valor estratégico enorme. É considerado o melhor da Europa em termos de gestão e qualidade, é um aeroporto bom. Mas está subaproveitado. Mas que permite atrair as empresas low cost, o tráfego da Galiza. E se pensarmos num círculo de 90 quilómetros à volta do Porto, o aeroporto abrange muito mais população do que o de Lisboa.
ARF - É uma força económica.
- É. Enorme. E há um grande risco que se sente em toda a discussão que houve em torno do aeroporto de Lisboa. É que o aeroporto de Lisboa, tendo de ser rentabilizado, e havendo uma gestão conjunta dos aeroportos nacionais, é muito provável que o que permite congregar mais meios financeiros seja concentrar ao máximo no novo aeroporto o tráfego e desvalorizar o papel do aeroporto do Porto. Pela minha parte o aeroporto do Porto tem de ter uma margem séria de autonomia de gestão. Não lhe posso dizer é qual o modelo de gestão adequado para esse efeito.
ARF - Também acha que há muitos kalimeros na cidade do Porto? Choram muito mas depois não se assumem e têm pouca força a nível nacional?
- O que se verificou ao longo dos tempos foi a perda de lideranças naturais na cidade do Porto. Falta liderança. Há muitas vozes que falam, simplesmente não há o reconhecimento de uma estratégia de liderança. E essa estratégia já existiu em outras épocas. Com Fernando Gomes isso existiu, quando falava ouvia-se. Nestes processos o que é importante não é tratar-se as coisas como o queixoso permanente ou o agressivo permanente. Importa é sabermos o que queremos. Projecto a projecto, não em termos gerais. E isso dá trabalho.
IEFP: Número de desempregados dispara 17,7%, o crescimento mais alto desde Dezembro de 2003
(LUSA)23 de Março de 2009, 16:05
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego disparou 17,7 por cento em Fevereiro, face ao mesmo mês de 2008, prolongando a subida iniciada em Outubro e marcando o acréscimo mais elevado desde Dezembro de 2003.
De acordo com os dados divulgados hoje pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de desempregados inscritos no final do mês passado totalizava os 469.299, mais 70.720 inscrições do que em Fevereiro de 2008.
Relativamente a Janeiro, o número de inscritos subiu 4,8 por cento, resultado de um acréscimo de 21.333 desempregados.
Para o aumento do número de desempregados inscritos nos centros de emprego em relação a Fevereiro de 2008 contribuíram essencialmente a subida do desemprego entre os homens (mais 30,7 por cento), entre jovens (mais 17,6 por cento) e adultos (17,8 por cento).
A procura de um novo emprego (que justificou o registo de 92,3 por cento dos desempregados) aumentou 19,8 por cento face ao mês homólogo, enquanto a procura de primeiro emprego diminuiu no período considerado 2,1 por cento.
Todos os níveis de habilitação escolar apresentavam mais desempregados do que há um ano, com os que possuíam o 2º e 3º ciclos do ensino básico a registarem os aumentos mais elevados, 25,4 por cento e 24,2, respectivamente.
Os licenciados, por sua vez, totalizaram os 40.915 registos, mais 5,3 por cento do que os registados em Fevereiro de 2008.
De acordo com os dados do IEFP, 67,6 por cento dos desempregados estavam inscritos há menos de um ano, enquanto 32,4 por cento estão inscritos há um ano ou mais, o que significa um aumento do desemprego de curta duração face ao mês homólogo (mais 33,4 por cento) e uma baixa do desemprego de longa duração (em 5,4 por cento).
Na evolução anual do desemprego, destaque, com o acréscimo mais elevado (mais 72 por cento), o grupo "operários e trabalhadores similares da indústria extractiva e construção civil".
São ainda de assinalar, com aumentos de desemprego superiores a 30 por cento, os grupos "trabalhadores da metalurgia, metalomecânica e similares", "condutores de veículos e operadores de equipamentos pesados móveis" e "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora".
Com menos desemprego do que há um ano assumem relevância as profissões do ensino, representadas pelos grupos "docentes do ensino secundário, superior e profissões similares" (com menos 39,4 por cento) e "profissionais de nível intermédio do ensino" (a caírem 17,4 por cento).
Paredes: PS candidata Artur Penedos
Um segredo de Polichinello, uma "novidade" há muito anunciada...
(LUSA) MSP 23 de Março de 2009, 17:40
Artur Penedos é o candidato do PS à Câmara de Paredes, anunciou hoje a concelhia socialista local.
Em comunicado, aquela estrutura refere que a escolha de Artur Penedos foi aprovada por unanimidade na comissão política concelhia nomeadamente "pelo conhecimento que tem do concelho e das suas instituições, pela sua experiência política e autárquica e pela sua disponibilidade para servir e pela sua capacidade de inovação".
O ex-deputado Artur Penedos, que já foi candidato à Câmara de Paredes em 2001 e pertence actualmente à Assembleia Municipal, mostrou-se convicto de que "é desta" que o PS ganha a corrida à autarquia.
"Vamos criar condições para que, definitivamente, os munícipes participem, sejam parte activa, no sentido de saberem o que pensam, o que querem, quais são os seus anseios e preocupações", assegurou.
Defensor Moura recusa ser "deportado"
(DN) Paulo Julião 23.3.2009
Deputado por Viana sim, "deportado" não. É desta forma que Defensor Moura reage, finalmente, às hipóteses apontadas para resolver o diferendo autárquico em Viana do Castelo. O autarca, que lidera os destinos do município há mais de quinze anos, admite que integrar a lista do PS às próximas legislativas é uma "hipótese interessante", mas nem equaciona que seja fora do círculo de Viana do Castelo, como tem sido proposto nos bastidores locais do partido.
"[Candidatura] por Viana do Castelo, naturalmente. Mas nem sequer me passa pela cabeça que possa haver alguma tentativa de me deportarem. Não cometi nenhum pecado para ser deportado ou excomungado", reagiu Defensor Moura, em declarações ao DN, sublinhando: "Mas até agora ninguém me comunicou que não sou o candidato à câmara. Pessoalmente continuo considerar-me o candidato, porque fui escolhido pela concelhia."
A solução de Defensor Moura integrar a lista do PS às legislativas e ocupar depois o cargo de deputado na Assembleia da República é vista como a mais consensual e, tal como o DN revelou anteriormente, agrada também ao secretário-geral do partido. José Sócrates terá mesmo feito o convite a Moura, mas localmente os órgãos do PS, fora da concelhia de Viana, preferem que ocupe um lugar num outro círculo eleitoral, que não o do Alto Minho, o que esbarra na intransigência do actual autarca: "Deportado? Não, obrigado!", responde.
Neste cenário, a opção de José Maria Costa, actual vereador e líder da concelhia de Viana, como cabeça de lista nas próximas autárquicas seria totalmente consensual e garantiria uma solução final para o conflito que há semanas opõe a liderança distrital, de Rui Solheiro, que recusa o nome de Defensor Moura como recandidato à estrutura local.
"Concorrer por Viana do Castelo é uma hipótese interessante. Podia ser uma oportunidade de o concelho indicar um deputado e elegê-lo para ser a voz e transmitir o pensamento dos vianenses. O concelho não tem tido, há muitos anos, uma representação visível na Assembleia da República", acrescentou o autarca.
Defensor Moura é presidente da Câmara de Viana do Castelo desde 1994 e viu o seu nome aprovado por unanimidade e aclamação como recandidato na concelhia. No entanto, desta vez e numa atitude inédita, a Federação Distrital do PS decidiu avocar o processo de escolha do candidato.




sábado, 21 de março de 2009

Ora eis-nos chegados à hora da verdade; tal como sempre afirmámos:
1. foi um erro subir o IVA de 17% para 19% em 2003, tal como reiteradamente afirmaram os socialistas;
2. foi um erro subir o IVA de 19% para 21% em 2005, ao contrário daquilo a que se tinham comprometido os socialitas;
3. foi um erro descer o IVA de 21% para 20% dada a irrelevância e inocuidade da medida em termos de impacte no consumo.
Todas estas medidas de agravamento fiscal prejudicaram o crescimento da economia numa primeira fase, e levaram, em seguida, à sua contracção, em particular com o agravamento vindo da retracção global.
O aumento dos impostos, levando à estagnação e regressão económica, levou à diminuição da mass tributável e, portanto, ao contrário do que engendrariam as Finanças, levoui a queda da receita fiscal.
Donde nem crescimento da economia nem combate ao défice.
O governo, na linha que Sócrates confessou ter sido a decisão mais difícil da sua vida (foi também, infelizmente, a mais errada) optou por ser bom aluno em relação ao estúpido PEC , mesmo quando a França e a Alemanha alegremente o rasgavam e quando era para nós de toda a evidência que ia prejudicar gravemente a economia portuguesa (que se manteve divergente da média europeia) e consequentemnte acabaria a médio prazo por levar, por via da diminuição da massa tributável, à queda da receita fiscal e à menor diminuição do défice, senão à sua mantença ou agravamento.
E eis-nos onde chegamos. Nem economia nem, quase, redução do défice, sendo que as contas só se farão daqui a um ano.
E sem falarmos de todas as consequências sociais. Tão trágicas, quanto evidentes.
Mas mesmo agora, quando se pretende acudir ao cataclismo social, em lugar de se fazer como o Reino Unido ou a França e, simplesmente, se baixar o IVA (para falarmos apenas deste imposto), opta-se pelo sistema subsidiário, altamente indirecto e burocratizado, quando a baixa desse imposto sobre o consumo que nunca deveria ter subido, seria uma medida social muito mais eficaz na medida em que tornaria os produtos mais acessíveis aos consumidores e, ao mesmo tempo, ajudaria a economia.
E claro que nos atemos apenas, por hoje, ao IVA... (P.B.)
Quebra no consumo deixa "buraco" de 420 milhões
(JN) 21.3.2009 ALEXANDRA FIGUEIRA, COM LUSA
Os impostos sobre o consumo caíram em Janeiro e Fevereiro e o que incide sobre os lucros das empresas baixou para menos de metade. Com as receitas em queda e as despesas a subir, o défice está a disparar.
O IVA, integrado no preço final pago pelos consumidores na compra de produtos e serviços, caiu 10% em Janeiro e Fevereiro face aos mesmos dois meses do ano passado - o que representa menos 290 milhões de euros a entrar nos cofres públicos. O Governo já tinha previsto uma descida deste imposto para o total deste ano, mas muito menor (0,4%) do que a registado nos primeiros meses.
O mesmo se passou no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos, como o gasóleo e a gasolina. Com as famílias a deixarem mais vezes o carro em casa, o Estado deixou de receber 16% das receitas previstas, ou 73 milhões os euros.
O cenário repete-se em quase todos os impostos sobre o consumo: os portugueses compram cada vez menos carros, cigarros e bebidas alcoólicas. No início do ano passado, tinham sido arrecadados mais 60 milhões de euros com estes três impostos do que este ano. No total, só em impostos sobre o consumo, o Estado deixou de ganhar 423 milhões.
Além disso, também entraram nos cofres do Estado menos 140 milhões de imposto sobre lucros das empresas (IRC), que caiu 58%. A quebra, contudo, não tem em conta, por exemplo, os pagamentos especiais por conta, razão pela qual é desvalorizada pelo Governo, no relatório de execução orçamental.
Na Segurança Social, apesar do aumento do desemprego, os pagamentos das empresas e trabalhadores aumentaram 1,1%, bem abaixo contudo da subida das despesas, sobretudo com pensões (3,2%), que levam a fatia de leão do seu orçamento.
As contas do Estado também mostram um aumento das despesas, nomeadamente em subsídios. No total, os ganhos caíram 9% e os gastos cresceram 3,7%. Isto faz com que, nos primeiros dois meses do ano, o défice tenha disparado mais de 12 vezes, passando de 73 milhões de euros em Janeiro e Fevereiro do ano passado para mais de 900 no início deste.
Café "Piolho" comemora 100 anos
(JN) 21.3.2009 O Café Âncora d'Ouro, no Porto, mais conhecido sob o lendário nome de "Piolho", abre este sábado a comemoração dos seus 100 anos com uma tertúlia sobre as lutas estudantis, disse este sábado à Lusa o seu proprietário, José António Martins.
Participam nesta iniciativa o médico António Graça, em representação das gerações dos anos 40, o jurista e político Pedro Baptista (anos 60) e o matemático Paulo Morais, representando os estudantes dos anos 80, disse aquele responsável.
José António Martins referiu que o café só faz 100 anos no próximo dia 26 de Junho e que já está programada a segunda tertúlia, que se realiza terça-feira, às 19:00, com Luís Humberto Marcos, director do Museu Nacional da Imprensa (MNI).
O director do MNI abordará nessa ocasião "o olhar satírico de vários caricaturistas sobre Eça de Queirós e as suas personagens", o tema que o Museu tem presentemente em exposição no Teatro da Trindade, em Lisboa.
José António Martins afirmou-se "receptivo a todas as iniciativas no âmbito venham elas de clientes, amigos, fornecedores ou outras pessoas que queiram contribuir para levar o nome do Piolho cada vez mais longe".
"Temos para este ano marcados mais dois debates sobre lutas estudantis, um em Setembro e o terceiro em Dezembro", revelou.
Adiantou que o programa, em preparação, prevê também espectáculos de teatro da responsabilidade do actor António Capelo (ainda em produção), em data a definir.
Entre os eventos que pode já anunciar, José António Martins destacou que "na data que oficialmente se celebra o centenário, 26 de Junho, será descerrada uma placa alusiva à efeméride por iniciativa iniciativa da Federação Académica do Porto".
"Temos ainda prevista a edição de um livro, com a história dos 100 anos do Piolho, da autoria de Reis Lima, neto de um dos fundadores", acrescentou.
Haverá nessa data oferta de copos e chávenas alusivos às comemorações, e uma cervejeira oferece uma máquina de tirar cerveja para a melhor quadra que faça referência ao Café Piolho e aquela marca de cerveja, revelou José António Mmartins.
Situado na Praça Parada Leitão, em frente ao edifício da antiga Reitoria da Universidade do Porto, o "Piolho" era um entre os vários cafés situados na sucessão de espaços públicos formada pelas praças Guilherme Gomes Fernandes, Leões (cujo nome oficial é Praça Gomes Teixeira), Parada Leitão e Jardim da Cordoaria.
Desde a sua fundação, em 1909, que se tornou num centro de tertúlia estudantil e intelectual, testemunhando lutas de gerações de estudantes contra a ditadura.
O nome originário do café, Âncora D'Ouro, sobrevive, e está bem patente no amplo letreiro patente na sua fachada, mas todos na cidade - e fora dela - o continuam a designar como Piolho.
Actualmente é uma das referências do Porto, não só pela sua história (que pode ler-se nas placas de agradecimento de inúmeros cursos universitários - Letras, Medicina, Ciências e Engenharia, sobretudo - afixadas nas paredes) mas também pelas tertúlias de que foi sede.
"O Café Âncora D'Ouro foi centro de convívio por excelência... foi e sempre será o nosso querido Piolho (...)", lê-se numa placa que marca a comemoração dos 50 anos de Licenciatura do Curso Médico 1948-1954, uma das muitas dezenas exibidas nas paredes do estabelecimento.
O emblemático café apenas esteve fechado durante três meses, no princípio de 2006, para obras que visaram melhorar as condições de trabalho e adaptar o espaço aos novos regulamentos de higiene e salubridade.