Afinal em que ficamos?
(Público)17.05.2009, Rui Moreira
Passaram dois meses desde que dei conta nesta coluna da minha perplexidade por ter ouvido o presidente da CIP, pessoa que muito estimo, defender que a futura linha de TGV entre o Porto e Lisboa - e desculpar-me-ão que comece por referir o Porto, mas somos nós, os portuenses, que mais precisamos dessa ligação à capital - deveria passar pela margem esquerda do Tejo, escalando o novo aeroporto de Alcochete e entrando em Lisboa pela terceira travessia. Disse, então, que essa solução pode ser conveniente para o novo aeroporto, porque facilita o acesso ao Norte de Portugal e aumenta a sua área de influência, mas não tem qualquer outra vantagem, pois mesmo admitindo uma poupança de custo de execução entre essa solução e o canal que está projectado - e que, a exemplo da linha do Norte e em paralelo com ela, entrará em Lisboa pela margem direita do Tejo -, fica por ponderar a economia de tempo que é conseguida, que não é factor despiciendo na avaliação do projecto do TGV entre Lisboa e Porto.
(Público)17.05.2009, Rui Moreira
Passaram dois meses desde que dei conta nesta coluna da minha perplexidade por ter ouvido o presidente da CIP, pessoa que muito estimo, defender que a futura linha de TGV entre o Porto e Lisboa - e desculpar-me-ão que comece por referir o Porto, mas somos nós, os portuenses, que mais precisamos dessa ligação à capital - deveria passar pela margem esquerda do Tejo, escalando o novo aeroporto de Alcochete e entrando em Lisboa pela terceira travessia. Disse, então, que essa solução pode ser conveniente para o novo aeroporto, porque facilita o acesso ao Norte de Portugal e aumenta a sua área de influência, mas não tem qualquer outra vantagem, pois mesmo admitindo uma poupança de custo de execução entre essa solução e o canal que está projectado - e que, a exemplo da linha do Norte e em paralelo com ela, entrará em Lisboa pela margem direita do Tejo -, fica por ponderar a economia de tempo que é conseguida, que não é factor despiciendo na avaliação do projecto do TGV entre Lisboa e Porto.
Parece que, entretanto, o presidente da CIP mudou de ideias. Não acredito que tenha sido a minha crónica a influenciar o seu pensamento, firmemente ancorado no parecer de uma série de especialistas cheios de boa vontade e zelo, muito embora, e não querendo ser desmancha-prazeres, não se desconheça o sucesso que tiveram na modernização da linha do Norte em que a poupança de tempo que foi conseguida teve o custo mais elevado da história dos comboios.
Admito como mais provável que tenha concluído que, de facto, não valeria a pena gastar milhares de milhões de euros numa nova linha do TGV que, em vez de fazer um percurso directo e escorreito, iria andar a "rodopiar" pela província, de forma a passar em Alcochete, na terceira travessia e, quem sabe, em quantas mais megalomanias do regime. A verdade é que, qualquer que tenha sido o motivo, a definição do percurso dessa linha deixou de ser relevante para Francisco van Zeller, que agora defende que não se avance com o TGV por ser um projecto nocivo ao país.
Naturalmente, tenho todo o respeito pela opinião do presidente da CIP e por todos aqueles que entendem que o TGV não é um projecto prioritário. Confesso, aliás, que não tenho uma posição definitiva sobre o assunto. Tenho-me preocupado com a sua sustentabilidade e, também, com o facto de ser um investimento público muito pesado e com baixíssima taxa de incorporação nacional. Tenho-me questionado sobre as vantagens e os inconvenientes de ficarmos mais próximos de Lisboa, e dos riscos de esse dreno acelerar a decadência do Porto. Mas não tenho dúvidas de que a linha do Norte está congestionada, sei que não tem capacidade para comportar um acréscimo de tráfego ferroviário, reconheço que o aumento de velocidade dos serviços directos entre as duas cidades reduziria, ainda mais, a capacidade instalada e percebo que será necessário, seja agora, seja no futuro, construir um segundo canal entre Lisboa e Porto, alternativo à linha do Norte, da mesma maneira que foi preciso construir uma auto-estrada como alternativa à estrada nacional número 1.
A meu ver, a questão é se precisamos de um TGV ou se devemos avançar para uma nova rede ferroviária em bitola europeia com custos de execução e de funcionamento menos elevados, a exemplo do que o Governo terá decidido mandar construir na ligação à Galiza.
Mas, dito isto, e confessadas as minhas dúvidas, não consigo perceber como é que Van Zeller consegue recusar liminarmente o projecto do TGV e, ao mesmo tempo, defender a construção da linha entre Lisboa e Madrid invocando a existência de compromissos nesse sentido entre os governos dos dois países, já que, como se sabe, os compromissos que existem, contemplam mais do que uma travessia transfronteiriça.Pelo que se constata, mais uma vez, que o que está em jogo é a velha questão de fundo de haver sempre dois pesos e duas medidas, um Norte e um Sul, ficando sempre, ou quase sempre, o Norte prejudicado nesse confronto ou balanço.
2 comentários:
Nada de TGV...
Não há dinheiro...PONTO FINAL
Por alma de quem suspender o TGV Porto Liboa e avançar com o Lisboa Madrid? Este é o governo mais centralista, mais lisboeta, desde o 25 de Abril, Pra qué precisa a CM Lisboa? O Governo só trata de Lx. Vejam só a quantidade de museus que dizem que vão montar na capital. O que vale é qué só o que diz que vai fazer. Fazer é outra coisa, não está no vocabulario do marketing
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