A demonização dos gestores
(DN) 22.5.2009 EDITORIAL
Numa clara tentativa de agradar à sua esquerda, neste ano especial, o PS prometeu muito no que diz respeito à limitação dos salários dos gestores, mas depois recuou. Foi há sensivelmente um mês: os socialistas fizeram uma aliança tácita com o Bloco de Esquerda (BE), tendo prometido apoiar os diplomas que o partido liderado por Francisco Louçã apresentara no sentido de limitar os salários dos gestores de empresas apoiadas pelo Estado. O PS chegou mesmo a votar ao lado do BE na generalidade, mas depois mudou de posição em sede de especialidade. Ou seja, esteve com o Bloco no plenário, à frente de todos, e depois, no recato da comissão, afastou-se.
É por isso que a proposta de lei ontem aprovada em Conselho de Ministros surpreende. Administradores, gestores e directores de empresas deixam, a partir de 2010, de poder apresentar deduções, em sede de IRS, relativas à cessação de funções e às rescisões de contratos e passam a pagar imposto. Ou seja, depois de se afastar do Bloco de Esquerda na limitação dos salários, o Governo vem retirar o tapete aos gestores na hora da despedida.
O sinal é óbvio: na sequência da crise mundial, dos casos Madoff, lá fora, e BPN e BPP, dentro de portas, o Governo entra na demonização geral dos gestores e administradores de empresas. Mas se impor tectos aos gestores de empresas apoiadas pelo Estado é perfeitamente defensável em época de crise, propor que supostas indemnizações milionárias pagas a funcionários de topo paguem IRS é sobretudo demagógico. A medida é daquelas que entram logo no ouvido, mas deixam de fora, por exemplo, o agravamento da taxação dos prémios dos gestores e administradores. Essa, sim, faria todo o sentido. Mas é bem mais difícil. (...)
(DN) 22.5.2009 EDITORIAL
Numa clara tentativa de agradar à sua esquerda, neste ano especial, o PS prometeu muito no que diz respeito à limitação dos salários dos gestores, mas depois recuou. Foi há sensivelmente um mês: os socialistas fizeram uma aliança tácita com o Bloco de Esquerda (BE), tendo prometido apoiar os diplomas que o partido liderado por Francisco Louçã apresentara no sentido de limitar os salários dos gestores de empresas apoiadas pelo Estado. O PS chegou mesmo a votar ao lado do BE na generalidade, mas depois mudou de posição em sede de especialidade. Ou seja, esteve com o Bloco no plenário, à frente de todos, e depois, no recato da comissão, afastou-se.
É por isso que a proposta de lei ontem aprovada em Conselho de Ministros surpreende. Administradores, gestores e directores de empresas deixam, a partir de 2010, de poder apresentar deduções, em sede de IRS, relativas à cessação de funções e às rescisões de contratos e passam a pagar imposto. Ou seja, depois de se afastar do Bloco de Esquerda na limitação dos salários, o Governo vem retirar o tapete aos gestores na hora da despedida.
O sinal é óbvio: na sequência da crise mundial, dos casos Madoff, lá fora, e BPN e BPP, dentro de portas, o Governo entra na demonização geral dos gestores e administradores de empresas. Mas se impor tectos aos gestores de empresas apoiadas pelo Estado é perfeitamente defensável em época de crise, propor que supostas indemnizações milionárias pagas a funcionários de topo paguem IRS é sobretudo demagógico. A medida é daquelas que entram logo no ouvido, mas deixam de fora, por exemplo, o agravamento da taxação dos prémios dos gestores e administradores. Essa, sim, faria todo o sentido. Mas é bem mais difícil. (...)
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