terça-feira, 27 de julho de 2010

Ápice - Mário de Sá-Carneiro

O raio de sol da tarde
Que uma janela perdida

Reflectiu
Num instante indiferente -
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente...

Seu efémero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva...
- E não poder adivinhar
Por que mistério se me evoca
Esta idéia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...

- Ah, não sei por quê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projeção atravessou...

Tanto segredo no destino duma vida

É como a idéia de Norte,
Perconcebida,
Que sempre me acompanhou...

1 comentário:

Sérgio disse...

Os 3 últimos versos dizem tudo, parabéns PB