Comissão de Toponímia admite analisar o nome de Saramago
(Público)Jorge Marmelo
Critério invocado por Rui Rio para recusar proposta pode ser suspenso, diz o presidente da comissão, o histórico social-democrata Miguel Veiga
A Comissão de Toponímia do Porto não afasta liminarmente a possibilidade de vir a analisar uma proposta concreta para atribuição do nome do escritor José Saramago a uma rua da cidade. Miguel Veiga, o fundador do PSD que preside à comissão, admite inclusivamente que o nome do Prémio Nobel da Literatura venha a ser aceite por alguns ou mesmo pela maioria dos membros daquele órgão. Neste caso, porém, o parecer da comissão teria que ser submetido à votação do executivo municipal, o qual recentemente chumbou uma proposta semelhante.
Numa carta enviada ao PEN Clube Português, recorde-se, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, justificava a decisão da maioria PSD/PP com o facto de a Comissão de Toponímia apenas aceitar nomes de cidadãos com ligação directa ao Porto, considerando que José Saramago não cumpre este requisito. Miguel Veiga confirma que este é um dos critérios que têm sido seguidos pelo órgão a que preside, o qual inviabilizou, por exemplo, a atribuição do nome da fadista Amália Rodrigues a uma artéria da cidade. Todavia, Veiga esclarece que a comissão "é livre de formar a sua decisão" perante cada caso concreto e que, por isso, o nome de José Saramago não está automaticamente excluído.
"A comissão ainda não foi chamada a pronunciar-se. Se um dia baixar alguma proposta, a comissão não a arreda e vai pronunciar-se. Tem liberdade para seguir ou não os critérios que estabeleceu por consenso, e não está fora de causa que alguns elementos não queiram, neste caso, manter esses critérios", explicou Miguel Veiga ao PÚBLICO. Ao que o PÚBLICO apurou, há entre os elementos da comissão quem esteja disponível para aceitar o nome de Saramago, por considerar que se trata de uma personalidade de importância universal.
A Comissão de Toponímia, refira-se, pronuncia-se sobre propostas para nomes a atribuir a ruas da cidade, recebendo-as quer dos órgãos municipais, quer de outras instituições e de cidadãos. É assim possível que, apesar do veto da maioria PSD/PP do executivo municipal, o nome de José Saramago chegue à comissão por força das duas moções aprovadas, sem votos contra, na assembleia municipal, ou ainda por iniciativa de algum proponente individual.
Questionado pelo PÚBLICO, Miguel Veiga não quis exprimir publicamente a sua posição sobre a polémica provocada pelo chumbo do nome de Saramago no executivo municipal. "Não posso fazê-lo, uma vez que posso vir a ser chamado a pronunciar-me sobre o assunto enquanto presidente da comissão", adiantou o advogado, acrescentando que estas razões impediram também que subscrevesse a petição já assinada por 191 nomes da cultura, convidando Rui Rio a rever a posição assumida contra José Saramago.
Veiga chegou, há alguns anos, a apresentar no Porto o romance Ensaio sobre a Lucidez, tendo, na altura, provocado alguma polémica por ter criticado a defesa do voto em branco que Saramago parecia assumir no livro. "Não temos as mesmas convicções, e mantenho reservas quanto a certas atitudes que tomou durante a época do PREC [Processo Revolucionário em Curso], mas considero-o um enorme escritor", salientou Miguel Veiga.A comissão também não atribui nomes de personalidades ainda vivas às ruas, nem altera os actuais topónimos
(Público)Jorge Marmelo
Critério invocado por Rui Rio para recusar proposta pode ser suspenso, diz o presidente da comissão, o histórico social-democrata Miguel Veiga
A Comissão de Toponímia do Porto não afasta liminarmente a possibilidade de vir a analisar uma proposta concreta para atribuição do nome do escritor José Saramago a uma rua da cidade. Miguel Veiga, o fundador do PSD que preside à comissão, admite inclusivamente que o nome do Prémio Nobel da Literatura venha a ser aceite por alguns ou mesmo pela maioria dos membros daquele órgão. Neste caso, porém, o parecer da comissão teria que ser submetido à votação do executivo municipal, o qual recentemente chumbou uma proposta semelhante.
Numa carta enviada ao PEN Clube Português, recorde-se, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, justificava a decisão da maioria PSD/PP com o facto de a Comissão de Toponímia apenas aceitar nomes de cidadãos com ligação directa ao Porto, considerando que José Saramago não cumpre este requisito. Miguel Veiga confirma que este é um dos critérios que têm sido seguidos pelo órgão a que preside, o qual inviabilizou, por exemplo, a atribuição do nome da fadista Amália Rodrigues a uma artéria da cidade. Todavia, Veiga esclarece que a comissão "é livre de formar a sua decisão" perante cada caso concreto e que, por isso, o nome de José Saramago não está automaticamente excluído.
"A comissão ainda não foi chamada a pronunciar-se. Se um dia baixar alguma proposta, a comissão não a arreda e vai pronunciar-se. Tem liberdade para seguir ou não os critérios que estabeleceu por consenso, e não está fora de causa que alguns elementos não queiram, neste caso, manter esses critérios", explicou Miguel Veiga ao PÚBLICO. Ao que o PÚBLICO apurou, há entre os elementos da comissão quem esteja disponível para aceitar o nome de Saramago, por considerar que se trata de uma personalidade de importância universal.
A Comissão de Toponímia, refira-se, pronuncia-se sobre propostas para nomes a atribuir a ruas da cidade, recebendo-as quer dos órgãos municipais, quer de outras instituições e de cidadãos. É assim possível que, apesar do veto da maioria PSD/PP do executivo municipal, o nome de José Saramago chegue à comissão por força das duas moções aprovadas, sem votos contra, na assembleia municipal, ou ainda por iniciativa de algum proponente individual.
Questionado pelo PÚBLICO, Miguel Veiga não quis exprimir publicamente a sua posição sobre a polémica provocada pelo chumbo do nome de Saramago no executivo municipal. "Não posso fazê-lo, uma vez que posso vir a ser chamado a pronunciar-me sobre o assunto enquanto presidente da comissão", adiantou o advogado, acrescentando que estas razões impediram também que subscrevesse a petição já assinada por 191 nomes da cultura, convidando Rui Rio a rever a posição assumida contra José Saramago.
Veiga chegou, há alguns anos, a apresentar no Porto o romance Ensaio sobre a Lucidez, tendo, na altura, provocado alguma polémica por ter criticado a defesa do voto em branco que Saramago parecia assumir no livro. "Não temos as mesmas convicções, e mantenho reservas quanto a certas atitudes que tomou durante a época do PREC [Processo Revolucionário em Curso], mas considero-o um enorme escritor", salientou Miguel Veiga.A comissão também não atribui nomes de personalidades ainda vivas às ruas, nem altera os actuais topónimos
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