sábado, 30 de maio de 2009

O factor Sócrates nas eleições europeias
30.05.09 (Semanário Económico)

A uma semana da realização das eleições europeias, a sondagem da Marktest/Semanário Económico/TSF dá um ligeiro aumento da distância entre os cabeça-de-listas do PS, Vital Moreira, e do PSD, Paulo Rangel, invertendo uma tendência de aproximação que se vinha verificando desde há algumas semanas.
Ainda é muito cedo para vaticinar uma vitória do PS desde logo porque a margem de erro das sondagens é inferior à distância entre os dois candidatos, mas vale a pena fazer um exercício de previsão para o dia 7 de Junho, tendo em conta o que se passou nos últimos dias.
O nome de Vital Moreira foi a carta-surpresa lançada pelo secretário-geral do PS, um independente com pensamento sobre a Europa, reputado no meio académico, mas fora dos combates políticos há muitos anos. Nas primeiras semanas depois de ser conhecido, a reacção do eleitorado, mesmo do que não vota, normalmente, no PS foi muito positiva, por contraponto ao processo de escolha do candidato do PSD, Paulo Rangel, tarde, atribulada e que motivou divisões internas conhecidas publicamente.
No entanto, o decorrer da pré-campanha eleitoral mostrou um Vital Moreira fora de forma, sem ritmo político e com um discurso, por vezes, contraditório com o do próprio José Sócrates. Dito de outra forma, contribuiu para a subida do PSD. Já Paulo Rangel aproveitou o seu palco na Assembleia da República, como líder parlamentar, para marcar pontos no combate ao Governo, embora sem entrar verdadeiramente na discussão sobre a Europa.
Medido pelas sondagens, o‘gap' entre Vital e Rangel estreitou-se até ao empate ténico, facto ao qual não deverá ser alheio algumas intervenções menos felizes de Vital, por exemplo, a necessidade de o PS avaliar se deve ou não apoiar a continuidade de Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, quando o Governo português já tinha pré-anunciado o seu voto favorável.
Entretanto, apareceu o factor-Sócrates: o primeiro-ministro e secretário-geral do PS entrou de forma decidida na campanha eleitoral, ao contrário de Ferreira Leite, que não esteve presente ou, quando esteve, esteve mal. E a distância entre os dois cabeças-de-lista voltou a aumentar.
As sondagens mostram que José Sócrates é, apesar da perda de popularidade por causa do desgaste de quatro anos de governação, da crise económica e do caso Freeport, o melhor cabeça-de-lista do PS, quaisquer que sejam os actos eleitoriais em disputa.
Fica, então, a faltar uma conclusão: A uma semana da campanha, a participação activa de Sócrates, a ausência de Ferreira Leite (que não gosta de comícios), o aumento da agressividade de Vital Moreira e a dificuldade de Paulo Rangel em arrastar multidões são factores que vão determinar uma vitória do PS na primeira volta das legislativas. Fica uma mancha, a relativa à ausência da Europa e dos temas europeus... na campanha para as europeias.

2 comentários:

M. Machado disse...

Para já, nas sondagens, não se vê subida nenhuma. Veremos no domingo. Sócrates fez o que tinha a fazer, entrar. Mas se no domingo não ganhar, é o grande derrotado e vai ter um Verão muito quente. Se ganhar, nem que seja por um voto, ou seja se for o mais votado, aguenta-se e tem um forte elã.Mas o Rangel se perder por muito pouvco também fica em boa posição. E o Louça, se duplicar os votos de 2004, também está a subir por aí a cima.Só a Manela será sempre derrotada, até se o Rangel vencesse porque estva a ir ao ar enquanto líder.

JJ disse...

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