terça-feira, 26 de maio de 2009

Quem tem medo de Manuela Moura Guedes?
por João Miguel Tavares (DN) 236.5.2008
A peixeirada entre Manuela Moura Guedes e António Marinho Pinto não foi um momento edificante, é certo. Mas convinha que ela não fosse aproveitada para alimentar o desejo mal escondido de muito boa gente: acabar de vez com o Jornal Nacional de sexta-feira e enviar Moura Guedes de volta para a prateleira da TVI. Os defensores do Portugal compostinho certamente aplaudiriam a decisão, com o argumento de que "aquilo não é jornalismo". Só que o País ficaria a perder. Porque apesar do sensacionalismo e da ocasional falta de rigor do seu Jornal Nacional - que deve ser apontado quando ocorre, se necessário aos gritos, como fez Marinho Pinto -, há ali um desejo de incomodar, de denunciar, de escarafunchar, de meter o nariz nos podres do poder que a comunicação social portuguesa precisa como de pão para a boca.
Manuela Moura Guedes não é a pivot com que eu mais gosto de acompanhar o jantar. No entanto, ainda sei distinguir o estilo do conteúdo. O facto de ela despejar o frasco da demagogia por cima de todos os textos que lançam as peças, sempre com aquele tonzinho de "isto é tudo uma corja", não significa que as notícias do Jornal Nacional, em si, não sejam relevantes. Hoje em dia nós aguardamos pelo telejornal de Moura Guedes como no tempo do cavaquismo aguardávamos pelo Independente. Ora, esse "deixa cá ver de que forma é que eles vão estragar o fim-de-semana ao primeiro-ministro" é de uma enorme importância num país como Portugal, cuja cultura democrática está ligeiramente acima da da Venezuela e o Governo tem um poder absolutamente excessivo sobre as nossas vidas.
Dir-me-ão que aquilo é desequilibrado e injusto. Muitas vezes, sim. Tal como o Independente. E para dirimir os excessos existem tribunais. O próprio Independente foi condenado em vários processos - mas o seu papel foi inestimável. É que o que está em causa não é a nossa identificação com aquele tipo de noticiário. É, isso sim, a defesa da sua existência num país onde o primeiro-ministro diz que um dia feliz é um dia em que o seu nome não sai nos jornais, lapso freudiano bem revelador do seu desejo de silenciar. As intervenções histriónicas de Manuela Moura Guedes estão à vista de todos, e por isso ela está sujeita a ser criticada da mesma forma que critica. O que não está à vista de todos - e por isso é bastante mais perverso - são os jornalistas que calam, que não arriscam, que se retraem com medo das consequências. O Jornal Nacional tem muitos defeitos, mas pelo menos tem uma independência e uma capacidade de incomodar que advém da mais preciosa das liberdades: a das empresas que têm sucesso, dão dinheiro, e não precisam dos favores do Estado. Em Portugal, infelizmente, isso é um bem raro. Convém proteger os casos que existem.

15 comentários:

José Silva disse...

O título está errado. QUEM TEM MEDO DE MARINHO PINTO?
O jornalismo de Manuela Moura Guedes é de "sarjeta" como outro jornalista lhe chamou.
Que direito tem alguém, jornalista ou não, de vir para a praça pública acusar, enxovalhar, dizer meias verdades, deturpar, assassinar políticos?
Os tribunais julgam? É verdade. Mas quando decidem já é tarde e as pessoas ficam com o seu bom nome borrado por energúmenos como essa senhora da TVI.
Os jornalistas podem escrutinar toda a gente e todas as instituições. É VERDADE. Mas não gostam de ser criticados, nem admitem que os contraditem.São senhores absolutos ao serviço de quem lhes paga.E quando não cumprem, RUA.
Se a JUSTIÇA bateu no fundo, este tipo de jornalismo será o coveiro da Democracia.
É vergonhoso um BLOG de esquerda dar cobertura a esta notícia, com um título absurdo.
Estou esclarecido. Aqui só tem lugar quem estiver contra Sócrates e o seu governo. Vá-se lá saber porquê.

dragao vila pouca disse...

A função dos jornalistas é informar, dar notícias, por muito incómodas que sejam. Depois, quem tem de julgar e condenar, se for caso disso, são os tribunais. Foi por isso, por ver o Presidente do meu clube, ser arradado e triturado, antes sequer de ser julgado, que eu o defendi com unhas e dentes.
O que serve para Pinto da Costa devia servir para os outros. Ou não Dr.Pedro Baptista?
Quando gostamos e admiramos as pessoas, achamos mal, mas se não gostamos já achamos bem?
Uns têm direito à presunção da inocência e outras não, porque dá jeito em nome, de guerrinhas partidárias?

Um abraço e quem sabe, um dia destes no Velasquez, possamos falar disto pessoalmente.

José Silva disse...

Como eu gostei deste comentário.
O jornalista forma e informa.É um direito e um dever num Estado de Direito e numa Democracia.
Mas qualquer cidadão tem direito à presunção de inocência e ao bom nome como manda a Constituição.
Julgar alguém na praça pública não é dign de um jornalista.

Deolindo disse...

Se virem com atenção os youtubes que o PB referenciou, vêem, a não ser que não queiram, que a posição do bastonário contra uma Assembleia Geral dos membros é dificilmente sustentável e que a Manuela Moura Guedes, ao contrário do que é habitual no jornalismo de xaxa do regime, pressiona no contraditório como deve ser e se exige a um verdadeiro jornalismo democrático. É um bom serviço público. É com jornalismo assim que os mitos caem e os aldrabões que dominam desda há muito o poder político e afins se desmascaram.
Simplesmente o Marinho Pinto, como muitos outros, não suporta que o enfrentem e em vez de dar argumentos atira-se ao ataque pessoal à jornalista sem qualquer fundamento.
Quem arma a peixarada é o Marinho Pinto para impedir o esclarecimento dos factos e porque é apanhado numa situação sem saída.
Não gostam da Moura Guedes? Eu também não. Mas não gosto de muita gente e não é por isso que eles~deixam por vezes de ter razão.
Jornalismo para formar? Perigoso! Formar é outra coisa!
Jornalismo para desvendar, esclarecer, informar não o que se vê ( que não é preciso) mas o que está encoberto! Isso é que é jornalismo de entrevista, fazer o contraditório, não fazer fretes isso faz o reporter.

dragao vila pouca disse...

«Jornalismo para desvendar, esclarecer, informar não o que se vê ( que não é preciso) mas o que está encoberto! Isso é que é jornalismo de entrevista, fazer o contraditório, não fazer fretes isso faz o reporter.»

Mas não compete ao jornalista julgar, muito menos condenar e arrasar, quem muitas vezes, nem arguido ainda é.
E isso faz a TVI e a mulher do Joker.
Agora, em ano eleitoral, dá muito jeito aos que não gostam do Sócrates, o jornalismo da MMG e a campanha que faz contra o PM e isso é o que move muita gente.

Miguel Castro disse...

A presunção de inocência não colide com a liberdade de expressão, ou seja, o facto de alguém se presumir inocente antes de ser efectivamente condenado não impede que analisemos os factos e pronunciemos a nossa opinião, em especial quando não suscitam grande dúvida e acabam, mercê das evidências, por ser até confessados.

Como bem sabemos, há muitos criminosos cuja principal arma de defesa é não a sua inocência, mas a ineficácia do nosso sistema judicial e a ambiguidade da lei. Serão menos culpados com base nisso? Não me parece! De qualquer forma, cada caso é um caso e há casos que convém deixar ao acaso, não é?

Quanto a esta situação em concreto e porque não simpatizando com nenhuma das figuras em causa, até podem andar à pancada que é-me completamente indiferente. Qualquer razão que um ou outro tivesse torna-se insignificante depois de tamanha “peixeirada”…

Para terminar, porque me faz uma enorme confusão tantos recadinhos e contradições em determinados comentários, questiono-me: prevendo o código penal crimes como “difamação”, “injúria”, “denúncia caluniosa” e outros tantos que se poderão enquadrar na conduta que alguns senhores imputam à jornalista Manuela Moura Guedes (na eventualidade de ser mentira o que notícia), merecerá também ela ser julgada na praça pública por alguns defensores dos “fracos e oprimidos” que vou lendo esporadicamente? Ou será que há apenas liberdade de opinião acerca dos comportamentos com que não concordamos e “tabus” nos que envolvem quem nos é caro ou nos torna “caros”? Haja vergonha!

A cada dia que passa mais me convenço que há neste País muita gente com os valores trocados ou será “perita na troca de valores”? Lá estou eu a baralhar-me na escrita, perdoem-me a ignorância…

Saudações!

José Silva disse...

O que me parece ou tenho a certeza é que nesta sociedade do século XXI, com esta linda globalização e com a economia de casino, o que se perdeu foram os valores e a ética na política e no jornalismo.
O caso FREEPORT é um grande exemplo do falhanço da nossa JUSTIÇA. Começa no semanário SOL salvo da falência por um grupo Angolano que ninguém conhece ainda,e é agarrado pela TVI, Corereio da Manhã e Público agora a deixar morrer por falta de assunt.
Tratando-se do 1º. ministro de Portugal e seja ele de que partido for, é elementar que a Justiça tinha de ser mais célere e não deixar sair aos boxexos o que está em segredo de justiça.
Podem, segundo alguns,os jornalistas fazere e dizerem o que quiserem, desde que não seja com eles.
Podem os jornalistas estabelecer as regras do jogo e condicionar a política e a Democracia, que isso é liberdade de expressão.
Podem como dizia ontem, Laborinho Lucio alterar as práticas da Justiça, que isso é que é jornalismo de investigação.
Podem esconder-se atrás de "fontes" que muitas vezes nem confirmam ou cruzam, que isso é informar.
Hoje há notícia sobre os autres do FREEPORT. Logo publico.
Vou continuar a assistir ao que se passa na Comssão de Inquérito ao BPN, com Oliveira e Costa a abrir o livro. O que já ouvi é assutador. Como disse hoje Saldanha Sances é à boa maneira da Mafia Siciliana.
Mas será que a liberdade de imprensa obriga a que uma Comissão de Inquérito sobre assunto tão preocupante está obrigada, é realista ser transmitido em directo?
Não. Isso é uma boa maneira de não quererem que se saiba tudo.É embrulhar e deixar andar.

José Silva disse...

Esta dedica-o ao brilhante Olindo e outros.

Os dois únicos arguidos do processo Freeport, Charles Smith e Manuel Pedro, enviaram ao Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, uma exposição sobre todo o processo, na qual acusam a Polícia Judiciária (PJ) de falta de «distanciamento, isenção, capacidade e atitude». A notícia é avançada pelo diário «I», esta terça-feira, e foi confirmada pela própria Procuradoria que se escusou a avançar mais pormenores ao jornal.
Segundo a mesma notícia, que cita o documento, os inspectores da PJ ¿ que iniciaram o processo e se mantêm na investigação - lançaram «mão, vezes sem conta, de expedientes reprováveis, manifestamente ilegais e atentatórios não só do bom-nome e honra dos arguidos, mas também das suas garantias institucionais».
Inquérito confirma pressões no Freeport
Entre as várias acusações, Charles Smith e Manuel Pedro acusam, por exemplo, a PJ de ter promovido diligências com base em «memorandos obtidos ilegalmente». Os arguidos identificam ainda um grupo que denominam de «grupo da Aroeira», que consideram os responsáveis pela troca de informações e pela liderança da investigação no caso Freeport.
Vão mais longe, na sua exposição, e identificam os elementos do referido grupo: «Miguel Almeida, ex-chefe de gabinete de Santana Lopes, Armando Jorge Carneiro, empresário; Vítor Norinha, jornalista; Bello Dias, advogado e Zeferino Boal, ex-militante do CDS-PP, em Alcochete».

Anónimo disse...

Esta merecia uma postagem Pedro Batista

Anónimo disse...

O Freeport é um falhanço da nossa justiça? Certamente: por estar há cinco anos sem atar nem desatar, por não haver acusados, por não haver julgamentos, mas haver muitos (de mais) suspeitos.
Tal como a Cova da Beira onde foram destruidos os documentos e vai a julgamento mais uns membros da mesma rede, sempre a família e o professor do Sócrates, a mafia do ambiente que começou a operar em força à uma década.
A justiça em Portugal está uma chachada. E de quem é a responsabilidade?
A justiça é autónoma? É responsável pelo seu proprio estado?
Então para que esiste o Ministério da Justiça?
Se a justiça não funciona a responsabilidade é dos governos e em particular deste governo.
Quanto aos jornais e TV: foi este ou aquele? Em quê, no freeporto? São todos, todinjhos os jornais e tv, até a RTP 1 e o JN/DN que pertencem, feitas as contas e por interposta pessoa, ao governo.

Vai de Vela disse...

Andam para aí tantos cheios de vontade de assumirem funções na Comissão de Censura à Imprensa!

José Silva disse...

Custa-me dizê-lo mas este anónimo é mesmo fascista.
Tem ódio aos socialistas e a Sócrates.
Até à próxima.
Quanto ao que defende a CS anda a dormir na forma ou não quer vêr.

Anónimo disse...

Este José Silva que acha que os que não gostam do Sócrates e do que ele acha que são os socialistas são fascistas o que será?
Quem insulta em vez de usar argumentos por os não ter?
Só á uma resposta mas não é para o cérebro deste pseudo-socialista.
Mas este e o tipo de conversa que não interessa a ninguém.
O PB deveria retirar este tipo de comentáros que nada dizem a não ser do seu autor

José Silva com BI e com cartão em dia do PS disse...

dEPOIS DE CONSPURCAR O blog QUE É DOS MAIS SÉRIOS QUE FREQUENTO, PORQU TEM À FRENTE UM HOMEM E UM POLÍTICO COM FORMAÇÃO SUPERIOR E UM ESTUDIOSO DA MATÉRIA, AGORA QUER CENSURA.
ESTE ANÓNIMO QUE REAGE ASSIM PORQUE FOI PROVOCADO É QUE NUNCA APRESENTOU AQUI QUALQUER IDEIA, QUALQUER PENSAMENTO, QUALQUER COMENTÁRIO VÁLIDO.
SÓ "MALHA" NOS SOCIALISTAS E NO GOVERNO DE SÓCRATES.
ESTOU FARTO DE COMUNAS RETRÓGRADOS.
DIGA LÁ O QUE QUER DEBATER QUE ESTOU PRONTO.
QUER DEBATER POLÍTICAS SOCIAIS?
QUER DEBATER O ESTADO DA JUSTIÇA?
QUER DEBATER LIBERDADE DE IMPRENSA?
QUER DEBATER EDUCAÇÃO SEM AVALIAÇÃO?
QUER DEBATER SAÚDE?
QUER DEBATER O PROGRAMA DO PS APRESENTADO AOS PORTUGUESES?
VENHA LÁ SEM MEDO.

José Silva disse...

nÃO É À MAS há.
eM dEMOCRACIA HÁ ADVERSÁRIOS. e RESTO É TRETA.