(20.5.2009) Relatório divulgado na Irlanda acusa padres e freiras de instituições para cuidar de crianças administradas pela Igreja Católica de abusarem sexualmente e maltratarem milhares de meninos e meninas em escolas, reformatórios e orfanatos durante seis décadas. Além disso, o relatório afirma que os inspectores do governo não foram capazes de pôr fim ao quadro crónico de espancamentos, estupros e humilhações.
O documento, de 2.600 páginas, assume quase totalmente o partido dos ex-estudantes, que relatam abusos sofridos em mais de 250 instituições administradas pela Igreja. Conclui que funcionários do clero sempre protegeram da prisão os pedófilos membros da sua ordem para preservarem a sua reputação e, de acordo com papéis encontrados no Vaticano, era sabido que muitos deles eram reincidentes em crimes de pedofilia em série.
Entre 30 mil e 35 mil crianças foram vítimas desses abusos, segundo o relatório. Responsáveis por pequenos furtos, identificadas como moradoras de rua ou provenientes de famílias desestruturadas, as crianças eram enviadas para a rede de escolas, reformatórios, orfanatos e albergues desde 1914 até ao encerramento das últimas instalações, na década de 1990.
Segundo a Comissão de Inquérito para os Casos de Abuso Infantil da Irlanda, instituída pelo governo para apurar as denúncias, depoimentos consistentes de homens e mulheres ainda traumatizados, hoje com idades entre 50 e 80 anos, demonstram que o sistema tratava as crianças como prisioneiros e escravos, e não como cidadãos detentores de direitos e potencial humano. “Uma atmosfera de medo, criada pelos castigos arbitrários, excessivos e invasivos, permeava a maioria das instituições. Crianças conviveram com o terror diário de não saber quando seria a próxima surra”, conclui o texto.
Em comunicado divulgado ontem, o arcebispo da Igreja Católica irlandesa, cardeal Sean Brady, pediu desculpas e disse estar “envergonhado” com os fatos relatados. “O relatório ilumina um período obscuro do passado. A publicação desse extenso documento e análise é um passo bem-vindo e importante para estabelecer a verdade, para dar justiça às vítimas e para assegurar que um abuso como esse não volte a acontecer.”
O documento, divulgado pelo juiz do tribunal superior Sean Ryan, diz que casos de abusos e violações eram “endémicos” em instalações masculinas, administradas principalmente pela ordem da Irmandade Cristã.
As meninas supervisionadas por ordens de freiras, principalmente as Irmãs de Caridade, eram, segundo o documento, submetidas a abusos sexuais com frequência menor, mas eram comuns as humilhações cujo objectivo seria acabar com a auto-estima. “Em algumas escolas, um alto nível de espancamento ritual era considerado rotineiro. Meninas eram espancadas com objectos projetados para maximizar a dor e atingidas em todo o corpo.”
Há anos as vítimas pediam que a denúncia fosse tornada pública. Mas líderes das ordens religiosas rejeitaram as alegações, chamando-as de exageros e mentiras, e afirmaram que quaisquer abusos seriam responsabilidade de indivíduos há muito falecidos. O relatório propôs 21 maneiras de o governo reconhecer os equívocos do passado, entre elas a construção de um memorial permanente, a oferta de acompanhamento psicológico e educacional às vítimas e a melhoria dos serviços de proteção à criança no país.
Mas as descobertas não serão usadas em processos criminais - em parte porque a Irmandade Cristã processou com sucesso a comissão em 2004, obrigando-a a manter em segredo a identidade dos membros.
O governo irlandês financiou um sistema paralelo de compensação que pagou a cerca de 12 mil vítimas uma soma média de 90 mil dólares. Cerca de 2 mil pedidos de indenização ainda esperam aprovação. As vítimas recebem apenas se abrirem mão do direito de processar o Estado e a Igreja. Centenas rejeitaram a condição.
A comissão descartou como implausível um dos argumentos da defesa das ordens religiosas - em épocas anteriores, as pessoas não identificavam o abuso sexual de criança como crime, mas pecado que exigia arrependimento. Nos seus depoimentos, os religiosos citam esse motivo como a principal razão de pedófilos terem sido abrigados pelo sistema e transferidos para postos onde pudessem manter contacto com crianças.
Mas a comissão diz que a investigação dos factos demonstrou que os funcionários compreenderam exactamente o que estava em jogo: sua reputação. A comissão condenou a Secretaria da Educação irlandesa, pois seus inspectores deveriam restringir os castigos corporais e garantir que as crianças fossem bem alimentadas, vestidas e educadas. O relatório diz que as inspecções eram “fundamentalmente falhadas”.
O documento, de 2.600 páginas, assume quase totalmente o partido dos ex-estudantes, que relatam abusos sofridos em mais de 250 instituições administradas pela Igreja. Conclui que funcionários do clero sempre protegeram da prisão os pedófilos membros da sua ordem para preservarem a sua reputação e, de acordo com papéis encontrados no Vaticano, era sabido que muitos deles eram reincidentes em crimes de pedofilia em série.
Entre 30 mil e 35 mil crianças foram vítimas desses abusos, segundo o relatório. Responsáveis por pequenos furtos, identificadas como moradoras de rua ou provenientes de famílias desestruturadas, as crianças eram enviadas para a rede de escolas, reformatórios, orfanatos e albergues desde 1914 até ao encerramento das últimas instalações, na década de 1990.
Segundo a Comissão de Inquérito para os Casos de Abuso Infantil da Irlanda, instituída pelo governo para apurar as denúncias, depoimentos consistentes de homens e mulheres ainda traumatizados, hoje com idades entre 50 e 80 anos, demonstram que o sistema tratava as crianças como prisioneiros e escravos, e não como cidadãos detentores de direitos e potencial humano. “Uma atmosfera de medo, criada pelos castigos arbitrários, excessivos e invasivos, permeava a maioria das instituições. Crianças conviveram com o terror diário de não saber quando seria a próxima surra”, conclui o texto.
Em comunicado divulgado ontem, o arcebispo da Igreja Católica irlandesa, cardeal Sean Brady, pediu desculpas e disse estar “envergonhado” com os fatos relatados. “O relatório ilumina um período obscuro do passado. A publicação desse extenso documento e análise é um passo bem-vindo e importante para estabelecer a verdade, para dar justiça às vítimas e para assegurar que um abuso como esse não volte a acontecer.”
O documento, divulgado pelo juiz do tribunal superior Sean Ryan, diz que casos de abusos e violações eram “endémicos” em instalações masculinas, administradas principalmente pela ordem da Irmandade Cristã.
As meninas supervisionadas por ordens de freiras, principalmente as Irmãs de Caridade, eram, segundo o documento, submetidas a abusos sexuais com frequência menor, mas eram comuns as humilhações cujo objectivo seria acabar com a auto-estima. “Em algumas escolas, um alto nível de espancamento ritual era considerado rotineiro. Meninas eram espancadas com objectos projetados para maximizar a dor e atingidas em todo o corpo.”
Há anos as vítimas pediam que a denúncia fosse tornada pública. Mas líderes das ordens religiosas rejeitaram as alegações, chamando-as de exageros e mentiras, e afirmaram que quaisquer abusos seriam responsabilidade de indivíduos há muito falecidos. O relatório propôs 21 maneiras de o governo reconhecer os equívocos do passado, entre elas a construção de um memorial permanente, a oferta de acompanhamento psicológico e educacional às vítimas e a melhoria dos serviços de proteção à criança no país.
Mas as descobertas não serão usadas em processos criminais - em parte porque a Irmandade Cristã processou com sucesso a comissão em 2004, obrigando-a a manter em segredo a identidade dos membros.
O governo irlandês financiou um sistema paralelo de compensação que pagou a cerca de 12 mil vítimas uma soma média de 90 mil dólares. Cerca de 2 mil pedidos de indenização ainda esperam aprovação. As vítimas recebem apenas se abrirem mão do direito de processar o Estado e a Igreja. Centenas rejeitaram a condição.
A comissão descartou como implausível um dos argumentos da defesa das ordens religiosas - em épocas anteriores, as pessoas não identificavam o abuso sexual de criança como crime, mas pecado que exigia arrependimento. Nos seus depoimentos, os religiosos citam esse motivo como a principal razão de pedófilos terem sido abrigados pelo sistema e transferidos para postos onde pudessem manter contacto com crianças.
Mas a comissão diz que a investigação dos factos demonstrou que os funcionários compreenderam exactamente o que estava em jogo: sua reputação. A comissão condenou a Secretaria da Educação irlandesa, pois seus inspectores deveriam restringir os castigos corporais e garantir que as crianças fossem bem alimentadas, vestidas e educadas. O relatório diz que as inspecções eram “fundamentalmente falhadas”.
1 comentário:
Escandaloso...todos na mesma Prisão..
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