Deputados do PSD e do PS criticam reunião dos seus líderes
( Público ) Hoje Nuno Simas e Sofia Rodrigues
Sociais-democratas preocupados com a "oposição suave". Socialistas criticam "promoção" de Passos Coelho a "homem de Estado"
No dia seguinte ao encontro pacificador entre o primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição, nas reuniões dos respectivos grupos parlamentares ouviram-se críticas... aos próprios líderes. As leituras fizeram-se em direcções opostas: no PSD, teme-se uma "oposição suave" de Pedro Passos Coelho. No PS, critica-se a transformação de Passos em "homem de Estado que não o era".
No PSD, o desconforto foi evidente nas intervenções de uma mão-cheia de deputados. Uma divisão entre quem acha que o partido deveria deixar Sócrates "queimar" em lume brando e quem admite cooperar, na definição dada ao PÚBLICO por um deputado laranja. Há deputados preocupados com o risco de uma "colagem excessiva" a medidas do executivo socialista.
Exemplificativa foi a intervenção de Arménio Santos. Embora reconhecendo a situação excepcional, defendeu que o Governo tem que ser responsabilizado pelo estado do país. E alertou para o facto de o PSD "surgir associado" a medidas do PEC com consequências sociais, como as alterações ao subsídio de desemprego, que afectam "os mais fragilizados".
Já Bacelar Gouveia manifestou dúvidas quanto ao novo escalão de 45 por cento no IRS ou que o Governo utilize este entendimento com o PSD para se "desculpar dos seus erros". E sugeriu uma lei-quadro para regular os vencimentos dos gestores de empresas públicas ou participadas, dando eco às preocupações de Cavaco Silva.
Às dúvidas respondeu Miguel Macedo, líder parlamentar, com a situação "muito difícil" do país, admitindo que o PSD não venha a "obstaculizar" as medidas do PEC para "mostrar responsabilidade", embora garantindo que o partido não deixará de insistir no "combate" à suspensão das grandes obras públicas, bandeira da ex-líder Manuela Ferreira Leite.
Já no PS foi o deputado Ricardo Gonçalves quem deu voz às críticas contra a fotografia de Passos lado a lado com o primeiro-ministro, por considerar que não se traduz num governo forte capaz de fazer as reformas necessárias ao país. "Ao assumir aquela reunião, arriscamos a transformar o Pedro Passos Coelho num homem de Estado quando não era e acaba por fragilizar o próprio Governo", afirmou ao PÚBLICO. O deputado defende, no entanto, um governo de bloco central ou uma coligação PS/CDS. "Não é lícito que o PSD se limite a apoiar de fora, temos de fazer um bloco central para fazer reformas, para o país crescer."
Contrariando as palavras do líder parlamentar na abertura da reunião, ao elogiar esta nova fase de relacionamento PS/PSD, Ricardo Gonçalves faz outra leitura: "O encontro foi bom para o primeiro-ministro, mas ainda foi melhor para Passos Coelho."
Gonçalves foi também a voz crítica quanto às alterações às regras do subsídio de desemprego, defendendo que o apoio deveria ter um prazo máximo menor, mas o desempregado deveria receber nos primeiros três a seis meses o subsídio segundo as normas agora em vigor. "Devemos dar tempo às pessoas para procurar um emprego antes de as penalizarmos", justificou.
Francisco Assis, líder parlamentar do PS, confia num clima de desanuviamento político com o PSD. E, na reunião da bancada, deixou claro acreditar que o PSD de Passos Coelho vai abandonar a "agenda negra" e os "ataques de carácter" ao primeiro-ministro. Assis considera que, com Passos Coelho, será possível ter um "diálogo mais construtivo".
( Público ) Hoje Nuno Simas e Sofia Rodrigues
Sociais-democratas preocupados com a "oposição suave". Socialistas criticam "promoção" de Passos Coelho a "homem de Estado"
No dia seguinte ao encontro pacificador entre o primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição, nas reuniões dos respectivos grupos parlamentares ouviram-se críticas... aos próprios líderes. As leituras fizeram-se em direcções opostas: no PSD, teme-se uma "oposição suave" de Pedro Passos Coelho. No PS, critica-se a transformação de Passos em "homem de Estado que não o era".
No PSD, o desconforto foi evidente nas intervenções de uma mão-cheia de deputados. Uma divisão entre quem acha que o partido deveria deixar Sócrates "queimar" em lume brando e quem admite cooperar, na definição dada ao PÚBLICO por um deputado laranja. Há deputados preocupados com o risco de uma "colagem excessiva" a medidas do executivo socialista.
Exemplificativa foi a intervenção de Arménio Santos. Embora reconhecendo a situação excepcional, defendeu que o Governo tem que ser responsabilizado pelo estado do país. E alertou para o facto de o PSD "surgir associado" a medidas do PEC com consequências sociais, como as alterações ao subsídio de desemprego, que afectam "os mais fragilizados".
Já Bacelar Gouveia manifestou dúvidas quanto ao novo escalão de 45 por cento no IRS ou que o Governo utilize este entendimento com o PSD para se "desculpar dos seus erros". E sugeriu uma lei-quadro para regular os vencimentos dos gestores de empresas públicas ou participadas, dando eco às preocupações de Cavaco Silva.
Às dúvidas respondeu Miguel Macedo, líder parlamentar, com a situação "muito difícil" do país, admitindo que o PSD não venha a "obstaculizar" as medidas do PEC para "mostrar responsabilidade", embora garantindo que o partido não deixará de insistir no "combate" à suspensão das grandes obras públicas, bandeira da ex-líder Manuela Ferreira Leite.
Já no PS foi o deputado Ricardo Gonçalves quem deu voz às críticas contra a fotografia de Passos lado a lado com o primeiro-ministro, por considerar que não se traduz num governo forte capaz de fazer as reformas necessárias ao país. "Ao assumir aquela reunião, arriscamos a transformar o Pedro Passos Coelho num homem de Estado quando não era e acaba por fragilizar o próprio Governo", afirmou ao PÚBLICO. O deputado defende, no entanto, um governo de bloco central ou uma coligação PS/CDS. "Não é lícito que o PSD se limite a apoiar de fora, temos de fazer um bloco central para fazer reformas, para o país crescer."
Contrariando as palavras do líder parlamentar na abertura da reunião, ao elogiar esta nova fase de relacionamento PS/PSD, Ricardo Gonçalves faz outra leitura: "O encontro foi bom para o primeiro-ministro, mas ainda foi melhor para Passos Coelho."
Gonçalves foi também a voz crítica quanto às alterações às regras do subsídio de desemprego, defendendo que o apoio deveria ter um prazo máximo menor, mas o desempregado deveria receber nos primeiros três a seis meses o subsídio segundo as normas agora em vigor. "Devemos dar tempo às pessoas para procurar um emprego antes de as penalizarmos", justificou.
Francisco Assis, líder parlamentar do PS, confia num clima de desanuviamento político com o PSD. E, na reunião da bancada, deixou claro acreditar que o PSD de Passos Coelho vai abandonar a "agenda negra" e os "ataques de carácter" ao primeiro-ministro. Assis considera que, com Passos Coelho, será possível ter um "diálogo mais construtivo".
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