quarta-feira, 21 de abril de 2010

Jorge Sampaio diz-se "nada satisfeito com a qualidade da democracia"
(JN) Hoje
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio diz-se "nada satisfeito com a qualidade da democracia" em Portugal, onde a sociedade civil é "pouco actuante" e os poderes políticos são influenciados por "sectores corporativos", como o da justiça.
"Não estou nada satisfeito com a qualidade da democracia, temos que a requalificar, revitalizar. A começar pela renovação das dinâmicas e das estruturas partidárias. E há uma remobilização dos cidadãos que é necessária", sustenta, em entrevista à rádio Antena 1, a primeira de uma série de três a antigos Presidentes da República do pós-25 de Abril, cujo aniversário se assinala no domingo.
Na entrevista, que passa hoje, na íntegra, às 10:00, Jorge Sampaio elogia o "estilo" do novo líder do PSD, alerta para os "perigos" da politização da justiça e da judicialização da política e defende a "diminuição" do segredo de justiça e a manutenção da Constituição.
Quanto ao apoio à candidatura presidencial do socialista Manuel Alegre, o ex-secretário geral do PS garante que "isso é uma coisa" que dirá "primeiro" ao próprio, antes que "a toda a gente", mas deixa um recado: "O PS terá que se definir."
Questionado sobre de quem é a culpa pelo estado da democracia em Portugal, Sampaio responde: "Somos todos naturalmente responsáveis."
Para Sampaio, é necessário que "os poderes políticos saibam resistir, pela seriedade das suas propostas, àquilo que são as profundas influências de setores corporativos da sociedade portuguesa". E nomeia médicos, juízes, magistrados do Ministério Público, enfermeiros e funcionários públicos.
O antigo Presidente da República (1996-2006) defende a "diminuição do segredo de justiça" e aponta farpas à comunicação social que "arruína a reputação de uma pessoa".
"Apregoamos o princípio violando-o todos os dias e isso parece-me muito grave para a coesão social", sustenta.
Sobre os poderes presidenciais, considera-os "suficientes" e diz que a revisão constitucional "não é uma prioridade". "Gosto pouco de estar constantemente a aperfeiçoar a Constituição", diz.
O ex-secretário geral do PS elogia ainda o "estilo" do novo líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que "pode contribuir para a descrispação da vida política em Portugal" e para "um debate político sério, sem demagogias".

3 comentários:

Anónimo disse...

Lá está o Sampaio a falar, a falar, como sempre, e a não dizer nada. A única coisa que disse na vida com utilidade foi a demissão do Santana Flopes.

Anónimo disse...

Para mim, o Jorge Sampaio é uma figura simpática. Mas mais nada do que isto. Politicamente é uma nulidade idêntica às muitas que frequentam a nossa (melhor dizendo, a deles) vida política. Nunca me esquecerei de que foi o J. Sampaio quem considerou a organização do Euro2004 "um desígnio nacional". Não vale a pena acrescentar mais nada. Esta "classe" política está a necessitar de uma grande varridela. O problema é que parece não haver ninguém para empunhar a vassoura. O anónimo do costume.

Pedro Aroso disse...

Eu fui um dos primeiros subscritores da candidatura de Jorge Sampaio, mas acabei por lhe retirar o meu apoio depois de ouvir o pintor Ângelo de Sousa (seu mandatário no Porto) explicar o seu programa.
Não votei nele da primeira vez, nem da segunda, por isso estou particularmente à vontade para dizer que me enganei redondamente. Jorge Sampaio foi talvez o presidente da República mais inteligente, ponderado e isento que Portugal teve até hoje.
A propósito, será que o bem informado Sr. Machado ainda se lembra que Jorge Sampaio foi um dos fundadores e destacado dirigente do MES?