Manuel Alegre diz que chegou o momento de "assunção de responsabilidades"
(Público) Tânia Marques e Leonete Botelho
O candidato às presidenciais vai formalizar a sua candidatura sem o apoio do PS. Mas sublinha que a sua "casa é o Partido Socialista"
Manuel Alegre não vai esperar mais tempo para se apresentar formalmente às presidenciais de 2011. Com ou sem o apoio do PS, o histórico socialista vai anunciar a formalização da sua candidatura até ao fim do mês, porque "a sua decisão é pessoal e não está dependente de ninguém".
"Chegou o tempo de decidir. Tempo de decisão que não pode deixar de ser, também, o tempo de assunção de responsabilidades por todos os que não se enganam de combate nem de adversário." A declaração, desta vez, não foi feita pelo próprio candidato. Está escrita num comunicado que foi lido pelo porta-voz da sua candidatura, José Manuel Mesquita, no final de uma reunião em Lisboa com um conjunto de apoiantes.
Alegre saiu do Hotel Berna sem dizer palavra aos jornalistas, mas o comunicado fala por si. "Manuel Alegre agradeceu os apoios e as disponibilidades demonstrados por todos, considerando que o tempo de avaliação está esgotado." Quase três meses depois de ter anunciado, em Portimão, a disponibilidade para o combate das presidenciais e sem que o seu partido tenha avançado com o apoio que esperava, Alegre lembrou na reunião de ontem que "a sua casa é o PS, mas que a sua candidatura é supra-partidária e que, tal como tem dito, a sua decisão é pessoal e não está dependente de ninguém".
Na nota entregue aos jornalistas, os apoiantes ali reunidos - cerca de 50 "dos mais diversos quadrantes políticos" -entenderam dirigir-lhe um apelo público, em "nome da solidariedade e da cidadania, conscientes da gravidade da situação nacional, europeia e mundial", para que se candidate à Presidência da República. Porque estão convictos de que Manuel Alegre será o único candidato capaz de "mobilizar os portugueses em torno de um projecto político, social e cultural aglutinador, por um Portugal mais justo, mais livre e mais fraterno".
O apoio dos seus apoiantes surge dias depois de Alegre ter feito chegar a José Sócrates a mensagem de que estava a ficar cansado de esperar pelo apoio do PS, como ontem contava o Expresso. E no dia seguinte ao semanário Sol ter noticiado que o secretário-geral do PS estaria a empatar a sua decisão por influência de Mário Soares, que não perdoa a Alegre a humilhação sofrida nas presidenciais de 2006, quando a candidatura independente do político-poeta deixou muito para trás a do fundador do PS, apoiada pelo partido.
Entre os socialistas, a divisão é patente. Carlos César, Alberto Martins, Vera Jardim e Strecht Ribeiro já fizeram declarações públicas, mais ou menos explícitas (menos no caso do ministro da Justiça), de que defendem a urgência do apoio do PS a Manuel Alegre. Mas noutros quadrantes cresce a ideia de que o partido pode abdicar de ter um candidato próprio, tanto mais quanto há a convicção de que o lançamento da candidatura de Fernando Nobre teve o empurrão de Mário Soares.
Na última semana, Manuel Alegre foi fazendo declarações que não escondem algum ressentimento pela situação. Ainda na quarta-feira, durante o lançamento do seu último livro, O Miúdo que Pregava Pregos Numa Tábua, Alegre respondeu em tom amargo aos jornalistas que o inquiriam sobre a falta de apoio do PS à sua candidatura: "É um problema da direcção do PS e não meu."
Dias antes, já tinha repescado uma frase do ex-Presidente e seu amigo Jorge Sampaio para dizer que "Há mais vida para além da política", isto depois de, numa entrevista à revista Ler, ter afirmado que era mais importante ter uma cátedra em seu nome - como vai acontecer na universidade italiana de Pádua - do que ser Presidente da República. Pádua é, aliás, a sua próxima paragem: dentro de uma semana vai inaugurar a cátedra Manuel Alegre
(Público) Tânia Marques e Leonete Botelho
O candidato às presidenciais vai formalizar a sua candidatura sem o apoio do PS. Mas sublinha que a sua "casa é o Partido Socialista"
Manuel Alegre não vai esperar mais tempo para se apresentar formalmente às presidenciais de 2011. Com ou sem o apoio do PS, o histórico socialista vai anunciar a formalização da sua candidatura até ao fim do mês, porque "a sua decisão é pessoal e não está dependente de ninguém".
"Chegou o tempo de decidir. Tempo de decisão que não pode deixar de ser, também, o tempo de assunção de responsabilidades por todos os que não se enganam de combate nem de adversário." A declaração, desta vez, não foi feita pelo próprio candidato. Está escrita num comunicado que foi lido pelo porta-voz da sua candidatura, José Manuel Mesquita, no final de uma reunião em Lisboa com um conjunto de apoiantes.
Alegre saiu do Hotel Berna sem dizer palavra aos jornalistas, mas o comunicado fala por si. "Manuel Alegre agradeceu os apoios e as disponibilidades demonstrados por todos, considerando que o tempo de avaliação está esgotado." Quase três meses depois de ter anunciado, em Portimão, a disponibilidade para o combate das presidenciais e sem que o seu partido tenha avançado com o apoio que esperava, Alegre lembrou na reunião de ontem que "a sua casa é o PS, mas que a sua candidatura é supra-partidária e que, tal como tem dito, a sua decisão é pessoal e não está dependente de ninguém".
Na nota entregue aos jornalistas, os apoiantes ali reunidos - cerca de 50 "dos mais diversos quadrantes políticos" -entenderam dirigir-lhe um apelo público, em "nome da solidariedade e da cidadania, conscientes da gravidade da situação nacional, europeia e mundial", para que se candidate à Presidência da República. Porque estão convictos de que Manuel Alegre será o único candidato capaz de "mobilizar os portugueses em torno de um projecto político, social e cultural aglutinador, por um Portugal mais justo, mais livre e mais fraterno".
O apoio dos seus apoiantes surge dias depois de Alegre ter feito chegar a José Sócrates a mensagem de que estava a ficar cansado de esperar pelo apoio do PS, como ontem contava o Expresso. E no dia seguinte ao semanário Sol ter noticiado que o secretário-geral do PS estaria a empatar a sua decisão por influência de Mário Soares, que não perdoa a Alegre a humilhação sofrida nas presidenciais de 2006, quando a candidatura independente do político-poeta deixou muito para trás a do fundador do PS, apoiada pelo partido.
Entre os socialistas, a divisão é patente. Carlos César, Alberto Martins, Vera Jardim e Strecht Ribeiro já fizeram declarações públicas, mais ou menos explícitas (menos no caso do ministro da Justiça), de que defendem a urgência do apoio do PS a Manuel Alegre. Mas noutros quadrantes cresce a ideia de que o partido pode abdicar de ter um candidato próprio, tanto mais quanto há a convicção de que o lançamento da candidatura de Fernando Nobre teve o empurrão de Mário Soares.
Na última semana, Manuel Alegre foi fazendo declarações que não escondem algum ressentimento pela situação. Ainda na quarta-feira, durante o lançamento do seu último livro, O Miúdo que Pregava Pregos Numa Tábua, Alegre respondeu em tom amargo aos jornalistas que o inquiriam sobre a falta de apoio do PS à sua candidatura: "É um problema da direcção do PS e não meu."
Dias antes, já tinha repescado uma frase do ex-Presidente e seu amigo Jorge Sampaio para dizer que "Há mais vida para além da política", isto depois de, numa entrevista à revista Ler, ter afirmado que era mais importante ter uma cátedra em seu nome - como vai acontecer na universidade italiana de Pádua - do que ser Presidente da República. Pádua é, aliás, a sua próxima paragem: dentro de uma semana vai inaugurar a cátedra Manuel Alegre
7 comentários:
Se o PS não apoia Manuel Alegre, a culpa é do próprio candidato, que se auto assumiu como o "candidato das esquerdas". A colagem de Manuel Alegre ao Bloco de Esquerda foi um tiro no pé, com consequências irreversíveis.
O PS já percebeu que, sem maioria absoluta na AR, só poderá governar com o apoio dos partidos democráticos (PSD e CDS), por isso seria de muito mau gosto apoiar um candidato que defende uma coligação contra natura (PS, BE e PCP).
Não sei quem é que a direcção do PS vai apoiar nas próximas Presidenciais, mas parece não haver dúvidas que vamos ter o Cavaco em Belém por mais uns anitos.
Sócrates, mais cedo ou mais tarde, vai tomar uma decisão. Neste momento está, concerteza, não a medir ganhos, mas a medir perdas, a tentar perceber onde e em que candidato as perdas para o seu partido e para si próprio serão menores. Se um apoio a qualquer candidato que não Alegre lhe trará uma profunda clivagem no PS, o apoio retardatário (como será sempre lido), a Manuel Alegre vai evidenciar as próprias indecisões e a hesitação política, de que será tarde para redimir-se.
Para o próprio não será fácil. De uma maneira ou outra não vai poder expressar o apoio ao seu candidato do coração: Aníbal Cavaco Silva.
Meu caro Pedro Aroso.
Como "politólogo" faz uma leitura atípica das coisas.
1-Entende... que MA se deve candidatar como candidato das direitas?
2-Entende... que o PS já não é um partido de esquerda?
3-Entende...que por "gosto", o PS não deve apoiar um militante seu?
Acho que o meu caro PA, só conheçe o PS que se apresenta como governo, mas acredite que ainda existe um outro Partido Socialista para além do governo.
Insiste na falsa verdade de que MA se "colou" ao BE e não quer entender que o inverso também pode ser verdadeiro.
É evidente que o caro PA sempre que fala em MA o vê como sendo um candidato, que em certa medida lhe causa uma apreensão que não disfarça.
Meu caro Josant
É sempre um prazer debater ideias com pessoas bem-educadas.
A primeira vez que ouvi falar de Manuel Alegre terá sido em 1968/1969, data em que Adriano Correia de Oliveira lançou o disco com a "Trova do Vento que Passa". De então para cá segui sempre o percurso de MA, um homem que muito admiro, não só como poeta, mas também pelo seu passado político.
É óbvio que a sua candidatura à presidência da República me deixa apreensivo, porque as suas últimas tomadas de posição revelam uma total incapacidade para perceber a situação em que o país se encontra e, pior do que isso, considera que uma coligação à esquerda é a solução para todos os males.
Pedro Aroso,
Uma "coligação à esquerda" como lhe chama, poderá não ser a solução para todos os males, mas uma coligação à direita, como presenciamos de há muitos anos até agora, não só não é solução para coisa alguma (como já provou), como é o agravar de todos os erros e insistência nos mesmos disparates que nos conduziram até aqui. Valha em alguns, e Manuel Alegre é só um exemplo, a lucidez para rejeitar mais uma vez as teorias e disparates acéfalos dos que foram os responsáveis pelo estado a que chegou o País. É que, se reparar, eles são os mesmos do costume...
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