O problema não é terem apresentado uma proposta sem a autorização que nenhum deputado necessita, o problema é terem apresentado uma má e ridícula proposta que se destina a encobrir a medida que urge desde há muito: o fim do segredo bancário. Em última instância, ajuda a corrupção em lugar de a combater. Embora tenha a vantagem, contra-producente para os autores, de permitir aprofundar a sua discussão. Na opinião pública, claro, porque quanto aos deputados estamos conversados (PB).
Deputados avançam sem dar conhecimento a Sócrates e Assis
Por Nuno Simas e Luciano Alvarez (Público) 4.2.10
O líder foi apanhado de surpresa e mandou aniquilar a proposta. Assis desautorizou três dos seus vice-presidentes. Para já não há demissões
De "striptease fiscal" a "voyeurismo na Internet"
Com uma crise política em carne viva motivada pela Lei das Finanças Regionais, que incluía notícias não desmentidas de ameaças de demissão do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, o que o PS ontem não precisava era de uma crise interna. Três deputados e vice-presidentes da bancada parlamentar trataram de a criar. Anunciaram um projecto que visava tornar públicos os rendimentos brutos declarados dos contribuintes. Só que nem José Sócrates nem Francisco Assis, líder da bancada, tinham conhecimento. Assis, desautorizando os seus vice-presidentes, "matou" o projecto por ordem de Sócrates a meio da tarde. Para já, não houve demissões, mas ficou mais uma ferida na bancada rosa.
A notícia fazia a manchete do Diário de Notícias de ontem. Strecht Ribeiro, Afonso Candal e Mota Andrade, três dos 12 vice-presidentes da bancada parlamentar, iam avançar um projecto que preconizava que fossem tornados públicos os rendimentos brutos declarados dos contribuintes, mas não o imposto pago, nem as despesas reembolsáveis. O projecto era referido como sendo do partido e classificado como o mais importante que o PS ia entregar à comissão parlamentar de combate à corrupção.
Não era. José Sócrates e Francisco Assis não só não tinham conhecimento dele como eram contra. Segundo o PÚBLICO, o primeiro-ministro entrou em contacto com Assis ainda de manhã e mandou travar a iniciativa. Estaria mesmo disposto a enfrentar uma crise na bancada caso os três vice-presidentes desautorizados apresentassem a sua demissão.
Assis apresentou-se aos jornalistas ao início da tarde nos Passos Perdidos da Assembleia da República. Começou por dizer que tomou conhecimento da iniciativa pela comunicação social e, logo a seguir, acabou com ela de forma que não podia ser mais clara: "A minha discordância em relação a essa proposta vai ao ponto de garantir que, enquanto eu for presidente do grupo parlamentar, ela não será apresentada pelo PS."
Explicou que a proposta era da responsabilidade dos deputados que a assinavam e voltou a frisar que "o grupo parlamentar do PS não discutiu o assunto e não tem qualquer intenção de apresentar uma iniciativa com essas características". Assis disse "não ignorar" que este facto abrange três dos seus 12 vice-presidentes parlamentares e remeteu o assunto para a reunião da bancada da direcção da bancada que teve lugar ontem.
Pouco tempo depois Strecht Ribeiro e Mota Andrade colocavam água na fervura, afirmando ao PÚBLICO que não viam razões para se demitir. Strecht Ribeiro acentuou que a proposta só vinculava os seus autores, referindo, porém, que continua a achá-la válida.
"O líder da bancada tem um ponto de vista e nós temos o nosso ponto de vista, o nosso contributo é o que entendemos adequado, não significa que a bancada o aceite", afirmou, revelando que iria entregar a proposta à direcção do partido e também à comissão eventual de combate à corrupção.
"Mal fora que num partido democrático não pudesse haver opiniões diferentes e haver um clamor", acrescentou Strech, negando a existência de divisões na bancada parlamentar socialista.
Já ao fim da tarde, e depois de Assis falar com os três vice-presidentes, ficou a saber-se que o assunto está esclarecido e que os três deputados continuam na direcção da bancada parlamentar.
Por Nuno Simas e Luciano Alvarez (Público) 4.2.10
O líder foi apanhado de surpresa e mandou aniquilar a proposta. Assis desautorizou três dos seus vice-presidentes. Para já não há demissões
De "striptease fiscal" a "voyeurismo na Internet"
Com uma crise política em carne viva motivada pela Lei das Finanças Regionais, que incluía notícias não desmentidas de ameaças de demissão do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, o que o PS ontem não precisava era de uma crise interna. Três deputados e vice-presidentes da bancada parlamentar trataram de a criar. Anunciaram um projecto que visava tornar públicos os rendimentos brutos declarados dos contribuintes. Só que nem José Sócrates nem Francisco Assis, líder da bancada, tinham conhecimento. Assis, desautorizando os seus vice-presidentes, "matou" o projecto por ordem de Sócrates a meio da tarde. Para já, não houve demissões, mas ficou mais uma ferida na bancada rosa.
A notícia fazia a manchete do Diário de Notícias de ontem. Strecht Ribeiro, Afonso Candal e Mota Andrade, três dos 12 vice-presidentes da bancada parlamentar, iam avançar um projecto que preconizava que fossem tornados públicos os rendimentos brutos declarados dos contribuintes, mas não o imposto pago, nem as despesas reembolsáveis. O projecto era referido como sendo do partido e classificado como o mais importante que o PS ia entregar à comissão parlamentar de combate à corrupção.
Não era. José Sócrates e Francisco Assis não só não tinham conhecimento dele como eram contra. Segundo o PÚBLICO, o primeiro-ministro entrou em contacto com Assis ainda de manhã e mandou travar a iniciativa. Estaria mesmo disposto a enfrentar uma crise na bancada caso os três vice-presidentes desautorizados apresentassem a sua demissão.
Assis apresentou-se aos jornalistas ao início da tarde nos Passos Perdidos da Assembleia da República. Começou por dizer que tomou conhecimento da iniciativa pela comunicação social e, logo a seguir, acabou com ela de forma que não podia ser mais clara: "A minha discordância em relação a essa proposta vai ao ponto de garantir que, enquanto eu for presidente do grupo parlamentar, ela não será apresentada pelo PS."
Explicou que a proposta era da responsabilidade dos deputados que a assinavam e voltou a frisar que "o grupo parlamentar do PS não discutiu o assunto e não tem qualquer intenção de apresentar uma iniciativa com essas características". Assis disse "não ignorar" que este facto abrange três dos seus 12 vice-presidentes parlamentares e remeteu o assunto para a reunião da bancada da direcção da bancada que teve lugar ontem.
Pouco tempo depois Strecht Ribeiro e Mota Andrade colocavam água na fervura, afirmando ao PÚBLICO que não viam razões para se demitir. Strecht Ribeiro acentuou que a proposta só vinculava os seus autores, referindo, porém, que continua a achá-la válida.
"O líder da bancada tem um ponto de vista e nós temos o nosso ponto de vista, o nosso contributo é o que entendemos adequado, não significa que a bancada o aceite", afirmou, revelando que iria entregar a proposta à direcção do partido e também à comissão eventual de combate à corrupção.
"Mal fora que num partido democrático não pudesse haver opiniões diferentes e haver um clamor", acrescentou Strech, negando a existência de divisões na bancada parlamentar socialista.
Já ao fim da tarde, e depois de Assis falar com os três vice-presidentes, ficou a saber-se que o assunto está esclarecido e que os três deputados continuam na direcção da bancada parlamentar.
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