Utentes e profissionais da saúde criticam tolerância de ponto devido a visita do Papa
05.05.2010 - 15:27 Por PÚBLICO, com Lusa
O Governo decretou tolerância de ponto aos funcionários públicos na parte da tarde do dia 11 no concelho de Lisboa, no dia 13 em todo o território nacional e na parte da manhã do dia 14 no Porto. Segundo um despacho do executivo, a decisão foi tomada “considerando o interesse de grande número de portugueses em poderem estar presentes nas celebrações” da visita de Bento XVI.
O Movimento dos Utentes dos Serviços de Saúde discorda da medida, considerando que deve ser respeitada a laicidade do estado português. Manuel Vilas Boas, presidente do movimento, defende que a tolerância de ponto é “extemporânea” e vai “prejudicar os utentes do Serviço Nacional de Saúde”, que “já se encontra num estado lastimoso”. “Temos tido várias formas de luta, de médicos e enfermeiros, para melhorar os serviços e não devemos aproveitar toda e qualquer circunstância para os serviços não funcionarem”, reforçou.
Com a tolerância de ponto é esperado que hospitais e centros de saúde vão funcionar como se fosse feriado ou fim-de-semana. Por esta razão, as consultas e as cirurgias programadas não se irão realizar. Em Lisboa, no dia 11, o Hospital de Santa Maria - instituição de referência para acolher o Papa, no caso de necessitar de assistência hospitalar - irá funcionar como se fosse fim-de-semana ou feriado. Fonte do hospital revelou à Lusa que nesse dia, bem como a 13 de Maio, quando a tolerância de ponto for a nível nacional, não existirão consultas, nem cirurgias programas. O serviço de urgência funcionará normalmente. A situação será semelhante nos hospitais de São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz.
No Porto, onde existirá tolerância de ponto na manhã do próximo dia 14, o Hospital de São João funcionará com “serviços mínimos”, mantendo-se a urgência a funcionar normalmente.
Para a preparação destes dias, as administrações hospitalares emitiram circulares para os serviços se organizarem de modo a ser gozada a tolerância de ponto. O gabinete da ministra da Saúde avança que a tolerância de ponto deverá ser gerida pelos conselhos de administração dos hospitais.
Para os enfermeiros, esta é uma decisão “incoerente”, que terá efeitos semelhantes aos de uma greve e que deverá ser explicada aos portugueses pelo Governo. “Quando lutamos por direitos justos, o governo critica os enfermeiros pelo que fica por fazer [consultas e cirurgias programadas], mas agora é ele que promove dois dias de tolerância de ponto, cujas consequências são parecidas”, defendeu Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Os médicos não se pronunciam sobre a tolerância de ponto, mas alertam que com a visita do Papa as urgências hospitalares vão chegar a um nível limite. Pilar Vicente, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e subchefe da equipa de cirurgia do Hospital São José, defende o reforço das equipas de urgência, sublinhando o já existente estado de “exaustão” dos profissionais nas urgências que “não estão a aguentar o ritmo de trabalho”. “Os médicos estão exaustos. As equipas de cirurgia afanadas. As pessoas estão tão cansadas que ficam doentes por não aguentarem o ritmo de trabalho”, contou Pilar Vicente.
Perante o estado das urgências hospitalares, a responsável da FNAM alerta para a necessidade de um reforço das equipas durante a visita do Papa, que deverá ser acompanhada por centenas de milhares de pessoas. “Não temos conhecimento de qualquer reforço das urgências, o qual seria bem-vindo, mas também não faço ideia com que meios humanos esse reforço será possível”, adiantou.
A situação é “preocupante, principalmente porque quanto mais cansadas estiverem as pessoas, mais possibilidades há de existirem erros”, alertou ainda.
As autoridades estimam que, só em Lisboa, onde Bento XVI estará a 11 e 12 de Maio, entre 200 a 300 mil pessoas acompanhem o Papa
05.05.2010 - 15:27 Por PÚBLICO, com Lusa
O Governo decretou tolerância de ponto aos funcionários públicos na parte da tarde do dia 11 no concelho de Lisboa, no dia 13 em todo o território nacional e na parte da manhã do dia 14 no Porto. Segundo um despacho do executivo, a decisão foi tomada “considerando o interesse de grande número de portugueses em poderem estar presentes nas celebrações” da visita de Bento XVI.
O Movimento dos Utentes dos Serviços de Saúde discorda da medida, considerando que deve ser respeitada a laicidade do estado português. Manuel Vilas Boas, presidente do movimento, defende que a tolerância de ponto é “extemporânea” e vai “prejudicar os utentes do Serviço Nacional de Saúde”, que “já se encontra num estado lastimoso”. “Temos tido várias formas de luta, de médicos e enfermeiros, para melhorar os serviços e não devemos aproveitar toda e qualquer circunstância para os serviços não funcionarem”, reforçou.
Com a tolerância de ponto é esperado que hospitais e centros de saúde vão funcionar como se fosse feriado ou fim-de-semana. Por esta razão, as consultas e as cirurgias programadas não se irão realizar. Em Lisboa, no dia 11, o Hospital de Santa Maria - instituição de referência para acolher o Papa, no caso de necessitar de assistência hospitalar - irá funcionar como se fosse fim-de-semana ou feriado. Fonte do hospital revelou à Lusa que nesse dia, bem como a 13 de Maio, quando a tolerância de ponto for a nível nacional, não existirão consultas, nem cirurgias programas. O serviço de urgência funcionará normalmente. A situação será semelhante nos hospitais de São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz.
No Porto, onde existirá tolerância de ponto na manhã do próximo dia 14, o Hospital de São João funcionará com “serviços mínimos”, mantendo-se a urgência a funcionar normalmente.
Para a preparação destes dias, as administrações hospitalares emitiram circulares para os serviços se organizarem de modo a ser gozada a tolerância de ponto. O gabinete da ministra da Saúde avança que a tolerância de ponto deverá ser gerida pelos conselhos de administração dos hospitais.
Para os enfermeiros, esta é uma decisão “incoerente”, que terá efeitos semelhantes aos de uma greve e que deverá ser explicada aos portugueses pelo Governo. “Quando lutamos por direitos justos, o governo critica os enfermeiros pelo que fica por fazer [consultas e cirurgias programadas], mas agora é ele que promove dois dias de tolerância de ponto, cujas consequências são parecidas”, defendeu Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Os médicos não se pronunciam sobre a tolerância de ponto, mas alertam que com a visita do Papa as urgências hospitalares vão chegar a um nível limite. Pilar Vicente, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e subchefe da equipa de cirurgia do Hospital São José, defende o reforço das equipas de urgência, sublinhando o já existente estado de “exaustão” dos profissionais nas urgências que “não estão a aguentar o ritmo de trabalho”. “Os médicos estão exaustos. As equipas de cirurgia afanadas. As pessoas estão tão cansadas que ficam doentes por não aguentarem o ritmo de trabalho”, contou Pilar Vicente.
Perante o estado das urgências hospitalares, a responsável da FNAM alerta para a necessidade de um reforço das equipas durante a visita do Papa, que deverá ser acompanhada por centenas de milhares de pessoas. “Não temos conhecimento de qualquer reforço das urgências, o qual seria bem-vindo, mas também não faço ideia com que meios humanos esse reforço será possível”, adiantou.
A situação é “preocupante, principalmente porque quanto mais cansadas estiverem as pessoas, mais possibilidades há de existirem erros”, alertou ainda.
As autoridades estimam que, só em Lisboa, onde Bento XVI estará a 11 e 12 de Maio, entre 200 a 300 mil pessoas acompanhem o Papa
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