segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A crónica de Mário Crespo que o JN não publicou. Ao que chegam as manobras contra a república quando se enche a boca de vivas á república! Ao que chega a hipocrisia e a putrefacção da vida política portuguesa e dos media! Uma vergonha para todos, sobretudo para o Jornal de Notícias, o jornal que foi o que já não é, nem nada que se pareça!... O artigo na íntegra, aqui neste blog socialista de esquerda, à disposição dos leitores. Como se vivêssemos em democracia. Mas não bastam leis democráticas. É precisa uma cultura democrática. Isso ainda cá não chegou... Como todos sabemos, uns melhor outros pior, mas os que estão dentro dos partidos sem ser para dizer amen a troco de um tacho, sabem melhor que todos... Sabem e dizem-no. Os outros também sabem, mas calam-no. A vidinha é muito difícil... Pelos vistos, nos jornais também. O que já se sabia também. Democracia, república, liberdade de imprensa, liberdade de escolha eleitoral com base em informações verdadeiras... preceitos da democracia cada vez mais vistos por um canudo(PB)
O Fim da Linha
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada

3 comentários:

Anónimo disse...

Com todos os defeitos e algumas virtudes, censurar é censurável.
Já não estamos nesse tempo, ou...ainda estamos?!.

AM disse...

Boa Tarde

Não tenho mais nenhuns dados do que os que aqui (e ali...) foram tornados públicos.

Alguém ESCUTOU a conversa que Sócrates e companhia terão tido num restaurante na qual se terão referido a esse "bastião do jornalismo independente" como "débil mental" e "problema".

O referido bastião pretendeu publicar o resultado dessas ESCUTAS no Jornal de Notícias e aí, com base em justificações que me parecem sensatas, foi-lhe negada a publicação das referidas ESCUTAS e da opinião que o visado delas fazia...

E assim se faz mais um caso que o Pedro Baptista aqui divulga e alimenta...

Repito que nada mais sei do que isto...

Não preciso de repetir que não gosto de Sócrates e do seu Governo, mas...

Ainda bem que Sócrates não foi visto (e fotografado) a mijar e nenhum "bastião do foto-jornalismo" tentou publicar as imagens ou, a haver censura desta, estaria o Pedro aqui a publicá-las (aaarrrrgggg)...

Admito que até posso estar a analisar este assunto com alguma ligeireza, admito, mas..., de sábio e louco todos temos um pouco e agora por dá cá aquela palha chama-se censura a tudo...

Mas nem todas a "pichagens" são "arte urbana", nem todas as "crónicas de opinião" são "jornalismo" umas e outras por vezes são mesmo uma "boa-merda" o que me parece ser óbvio no caso presente.

Lastimo o tempo perdido com estes "fait-divers" para consolar egos.

Penso
António Moreira

Paulo MB disse...

E pensa muito bem, António Moreira.
Que raio de jornalista é o MC que pretende confundir jornalismo com artigo de opinião? E, a ser verdade o que nos relata, o PM não pode ter opinião sobre ele? Está acima de todas as críticas? Ele pode pensar e escrever o que lhe apetece sobre o PM e fica assim tão fulo quando um "bufo" lhe vem dizer que ouviu dizer?