sábado, 20 de fevereiro de 2010

Jantar em Coimbra
Manuel Alegre critica "promiscuidade" entre justiça, política e comunicação social
20.02.2010 - 01:53 Por Lusa
O candidato a Presidente da República Manuel Alegre criticou ontem, em Coimbra, a "promiscuidade" entre a justiça, a política e a comunicação social e afirmou que Portugal precisa de repor "rapidamente" a normalidade democrática.
Falando num jantar para cerca de meio milhar de apoiantes, o histórico dirigente socialista disse que há "que repor rapidamente a normalidade democrática, a cooperação institucional, o primado do interesse nacional sobre o excesso de tacticismo, de cálculo e de intriga política".
"A nossa República padece de excesso de tacticismo. Não é um bom exemplo, nem uma forma sã de liderança", referiu Alegre, dizendo que há cargos que "não podem ser um refúgio de silêncios pendentes, nem de cálculo pessoal".
Para o escritor e poeta de Coimbra, os portugueses não compreendem que, passados menos de quatro meses sobre a realização de eleições, "se esteja a viver uma crise política, que é sobretudo de credibilidade e confiança, em vez de se procurar resolver as dificuldades que enfrentam no dia a dia: o desemprego, as falências, a precariedade, a falta de meios para pagar a casa, a escola e a alimentação dos filhos".
Manuel Alegre manifestou-se contra aquilo que considera ser, actualmente, a "promiscuidade entre a justiça, a política e a comunicação social", considerando que quando a justiça não funciona "cai-se no justicialismo", que substitui os tribunais na praça pública.
"Não há segredo de justiça quando a justiça não funciona ou quando alguns dos agentes fundamentais do sistema judicial se convencem de que a justiça não funciona e decidem passar, eles próprios, à acção, arvorados em justiceiros", salientou.
Numa intervenção em que enviou diversas mensagens políticas, o candidato a Presidente da República criticou também aqueles que dizem não existir liberdade de imprensa em Portugal.
"Há liberdade, felizmente há liberdade. É uma conquista que deve ser protegida, consolidada e acarinhada, com abertura, tolerância, respeito pela diferença e intransigência perante qualquer tentativa de abuso, condicionamento ou controlo da comunicação social", frisou.
No entanto, ressalvou, "a liberdade de informar não pode ser sinónimo de devassa". "A lealdade de qualquer jornalista que se preze deve ser para com a verdade dos factos", acrescentou.
O ex-deputado socialista defendeu ainda uma nova economia, "voltada para as pessoas", em contraponto àquela "que fecha todos os dias fábricas e empresas, que estimula o consumismo desenfreado e que provoca cada dia novos sobre-endividados".
Sem nunca citar nomes, Manuel Alegre criticou ainda aqueles que estão mais empenhados em "patrocinar candidatos contra a minha candidatura do que em derrotar o candidato da direita".
"O ressentimento nunca foi um motor para a vitória", disparou o candidato, que acredita na vitória, mas "não com base na desunião ou numa falsa unidade de propósitos".
"É tempo de saber quem quer unir e quem quer dividir. É tempo de saber quem quer ganhar e quem quer apenas ajustar contas e atrapalhar", afirmou Manuel Alegre, arrancando uma ruidosa salva de palmas.

12 comentários:

Pedro Aroso disse...

A candidatura de Fernando Nobre é surrealista e patética. FN não tem passado. A indignação de Manuel Alegre é legítima, por isso não posso deixar de expressar a minha solidariedade e lamentar a introdução deste ruído desnecessário.

Anónimo disse...

Não sabia que "ter passado" era um dos requisitos para qualquer cidadão poder intervir na vida política e candidatar-se a presidente da República. Aliás, se formos a ver "o passado" da maior parte dos actuais politiqueiros que por aí pululuam, "passado" é coisa que não se vislumbra. A não ser o "passado" nas jotas daquelas agremiações a que chamam partidos ou a passagem por escolas tão prestigiadas como as defuntas Moderna ou Independente. Ainda que não me agrade e discorde do carácter peronista da candidatura do F. Nobre, para além de ter um passado cívico a anos luz de qualquer dos politiqueiros que por aí andam a meter dinheiro nos bolsos sem qualquer competência, curriculum ou "passado" (tipo o boy Rui Pedro Soares), é manifestamente uma candidatura da sociedade civil. Não eram os Alegres, Rosetas, etc que apelavam à intervenção da sociedade civil ? Pois, aí está.

Anónimo disse...

Fernando Nobre é um lançamento Soares-Sócrates. Desde que o segundo encha o primeiro de dinheiro ( nosso) na Fundação, acabou esquerdisnmo serôio do dr. Soares. Que tristeza. Que final patético. E que mancha vai ficar para a história...

Pedro Aroso disse...

Por norma, não comento aquilo que escrevem os cobardes anónimos. No entanto, vou abrir uma excepção, porque receio ter sido mal interpretado. Estou de acordo consigo quando diz que Fernando Nobre tem um passado, diferente daquele que permite aos boys do Partido Socialista acederem a cargos para os quais manifestamente não têm as necessárias habilitações, nem percurso profissional que justifique a sua escolha. No caso de FN, aquilo que está em causa é o seu passado político. Tanto quanto me recordo, apoiou o Dr. Mário Soares nas últimas presidenciais, o Bloco de Esquerda nas legislativas e o Dr. António Capucho (PSD) nas autárquicas. É assim uma espécie de salta-pocinhas, que faz com que ninguém perceba aquilo que vai na sua cabeça. Esta é uma realidade objectiva. Pessoalmente não simpatizo com a figura, que me parece ser ainda mais azeda do que Manuela Ferreira Leite, mas essa é, naturalmente, uma apreciação subjectiva.

Manuel martins disse...

A candidatura de FN é a nagaçõ total da política e da cidadania, da extrema-esquerda à extrema-direita, tudo o que vem à rede é peixe, uma vergonha o Soares metido nisto só por ressentimento pessoal e dirigentes do PS também estes por cálculo político. Sócrates estará na jogada? É m bocado fraco mas também não há muitos tolinhos que se queiram queimar...

AM disse...

Boa Tarde

Já tinha aqui um longo comentário...

Carreguei sem querer numa tecla e f*** tudo.

Não estou com pachorra para tornar a escrever tudo outra vez :( mas também não posso deixar passar sem comentar o que fui lendo nesta caixa de comentários (e os do Pedro Aroso nem são os piores).

Passado Político?????
O Cavaco e o Alegre tem passado político para dar e vender, obviamente que prefiro qualquer um sem passado político!!!

"A candidatura de FN é a nagaçõ total da política e da cidadania,..." Mas que raio quer isto dizer? Que autoridade tem o Sr. M.martins para escrever isso ou para afirmar que se trata de ressentimentos de Soares?

Em que é que a candidatura de FN prejudica a de Alegre e/ou favorece a de Cavaco?

Isto não é o Rangel/A.Branco a favorecerem o PPCoelho, meus senhores, isto não é o PCP e/ou o BE a garantirem a vitória do RRio no Porto.

Nas presidenciais existe a possibilidade de 2ª volta e a eleição tem que ser por maioria absoluta, pelo que quanto mais candidaturas cada "lado" apresentar, maiores são as escolhas e maior a possibilidade de participação de eleitores desse "lado" no processo, funcionando como umas "primárias".

Não me custa a concluir (sem ainda saber nada de FNobre) que, caso haja 2ª volta, muito provavelmente este vence Cavaco, pois muitos dos eleitores de Cavaco (a contragosto e por oposição aos anteriores adversários) não terão dúvidas em votar em F.Nobre.
Já Alegre, obviamente não tem qualquer chance pois nada de novo ou de esperança acrescenta.

Já aqui (e ali) o escrevi: Cavaco e Alegre são duas faces da mesma moeda (da tal má moeda) do conservadorismo parolo, do marialvismo, do bacoquismo, da pequenez que faz que este país seja pasto da miséria e da injustiça.

Ambos tem passado político, sim, e esse passado fala por eles.

Já pedi informações sobre Fernando Nobre, a alguém cujo aviso considero (moderadamente) e assim reservo por enquanto a minha posição quanto à sua candidatura.

Quanto às outras duas, nunca tive dúvidas.
(e não me venham com a "tanga" que o Alegre é de "esquerda")

Abraços
António Moreira

Pedro Aroso disse...

Caro António Moreira

A sua análise é um bocado naif.
Eu posso estar desiludido com algumas das atitudes de Cavaco Silva mas, entre votar nele ou num ilustre desconhecido, como é o caso de Fernando Nobre, não hesitaria em votar de novo em Cavaco. E não duvide que a grande maioria dos portugueses pensam da mesma maneira, como de resto indicam as últimas sondagens.
Considero esta candidatura de Fernando Nobre tão absurda e contra-natura, que não acredito que vá até ao fim. As sondagens encarregar-se-ão de mostrar a esse senhor que ele não passa de um flop, alimentado por outros pavões iguais a ele.

AM disse...

Caro Pedro Aroso

Obrigado pelo comprimento :)

"naif" que interpreto, neste contexto, como "ingénuo" em contraponto com "realista" (quiçá "cínico") é, de facto, como gosto de me pensar.

Fui também "naif" em 86 quando votei, primeiro, em Pintassilgo, para , na 2ª volta do uma forma"realista" (quiçá "cínica") votar em Soares para evitar a vitória de Freitas do Amaral.

Essa foi a última vez que votei e, provavelmente, assim irei continuar, a não ser que acredite em algo mais forte que me faça agir.

Admito que o Pedro Aroso possa "estar desiludido com algumas das atitudes de Cavaco Silva" eu, por contraponto, nunca estive iludido com essa personagem que só não foi mais perniciosa para Portugal e os Portugueses por, felizmente, ter uma inteligência muito limitada (estou a ser delicado...) e uma falta de "cultura" limitadora.

Espero que ainda se lembre que foi essa personagem de opera bufa que, após a morte de Sá-Carneiro, traiu Portugal e os Portugueses, traiu o PPD e traiu Pinto Balsemão, sendo o primeiro responsável pela mentira que o PPD passou a ser desde então, um partido de direita caceteira "neo-liberal" (neologismo para fascistoide) mantendo contudo no seu programa a "via social-democrática para o socialismo"

Nada vejo de absurdo ou contra-natura na candidatura de uma figura como Fernando Nobre (podia ser outro), antes pelo contrário.

A única limitação que vejo ainda é o meu desconhecimento (e natural desconfiança) quanto a tratar-se de uma figura real, de "carne e osso" (e ideais) ou apenas de um "pavão" como o Pedro tão bem classifica.

O Pedro conhece-o?
Sabe do que fala?

Eu não.

Um abraço
António Moreira

Pedro Aroso disse...

Caro António Moreira

Para ficar a saber mais sobre Fernando Nobre, aqui vai o site:
http://www.fernandonobre.org/

coelho dos santos disse...

Fernando Nobre é sem dúvida,um cidadão ilustre que conhece o mundo e melhor ainda a profissão que exerce. Suponho no entanto, que para ser PR, não chega a cidadania e o voluntariado mesmo que este seja para ser empregue, em coisas nobres. Ora, a política como sabemos não convive lá muito bem com essas coisas.

Meu caro António Moreira
Acho que análise que faz sobre o passado do Manuel Alegre, comparando-o ao de Cavaco Silva é injusto. Cavaco teve e ainda tem um trajecto e uma participação na vida política portuguesa, muito mais activa e participativa,do que Manuel Alegre, que nada mais foi do que candidato a candidato a secretário geral do PS e a PR.
Pena foi que o seu "passado" político, não tenha sido levado em conta, pois se tal tivesse acontecido, talvez as coisas hoje, estivessem bem diferentes. Mas isto é "passado", porém vem aí o "futuro" que desejo venha a ser bem diferente.
É verdade que as opções com mais ou menos justeza, são pertença de cada um, mas permita-me que lhe diga em abono da verdade, que pelo que extraio do que vem dizendo neste blog, é pessoa de convicções e suficientemente lúcido para não dar "tiros" no... escuro.
Cumprimentos
CS

AM disse...

Amigo Pedro Aroso

Obrigado pelo "link" que, naturalmente vou utilizar.
Porém, quando falo de "conhecer" falo essencialmente do conhecer a "obra" e a "actuação", quando se trata de "figuras públicas" em geral políticos, baseando nesse conhecimento os meu conceitos e preconceitos (tantas vezes eventualmente injustos, admito).
Num caso como este, em que o que apreendo da "obra" é mais do que positivo e o que apreendo dos sentidos (apenas pelo que vi em entrevistas) é um pouco negativo, gostaria de ter algum contributo de alguém com um conhecimento directo, se possível pessoal, que me pudesse ajudar a avaliar a personagem.
Estou a aguardar informações de "fontes fidedignas" :) e depois partilho.

Um Abraço
António Moreira

AM disse...

Caro Coelho dos Santos

Acredito que quem tenha um conhecimento pessoal, uma convivência de partido, de bancada, etc. tenha uma empatia com e um conhecimento das personagens que mais facilmente permitam sustentar o apoio a uns e a rejeição a outros.

O meu caso é o do cidadão comum, que apenas conhece essas personagens pela sua "obra" e "actuação" (como escrevi acima) e é com essa base que, melhor ou pior, formamos uma opinião sobre pessoas que, na prática, não conhecemos para além da sua imagem.

Das "acções" e "actuações" que conheço de Cavaco, somadas ao conjunto de Valores que defende ou em que acredita, apenas posso lamentar que tenha aparecido e sido protagonista da vida política do nosso país.

Já quanto a Alegre, conheço poucas "acções" efectivas, mas verifiquei algumas "actuações" das quais, francamente, não guardo memória favorável.

Quanto aos Valores que defende, dos quais sem dúvida grande parte me são caros, não tenho grande ideia quanto à sua sinceridade e solidez, por falta de conhecimento mais profundo da minha parte, sem qualquer dúvida.
Mas, sinceramente, a minha desconfiança quanto aos seus (reais) propósitos e, mais ainda, às suas capacidades é muito, mas muito grande.

A palavra que mais lhe ouço (mesmo quando ele a não diz) é EU, EU, EU...

Terá decerto razão quando afirma achar que não sou grande adepto de dar "tiros" no escuro, temo porém que, para mim, seja isso que o voto em Alegre representa.

Continuo sem nada saber de F. Nobre mas desconfio que o meu comportamento no dia das eleições seja igual ao que tem sido...

Cumprimentos
Antonio Moreira