A 6.ª via do socialismo
(JN) Hoje
Um deputado socialista "de cuyo nombre no quiero acordarme" (se quisesse seria, aliás, difícil pois se trata já, mais do que um nome, da designação de um género) descobriu, em plena AR, que a culpa da precariedade e do desemprego é, afinal, dos sindicatos: "A razão pela qual Portugal tem a precariedade e o desemprego que tem é em grande parte devido às estruturas sindicais, reaccionárias e de posições que sacrificam trabalhadores".
A tese não é inovadora e teve grande sucesso em alguns países no segundo quartel do século XX (no nosso, durante mais de 40 anos). Conduz à conclusão de que, se a culpa de termos hoje 10,5% de desempregados é dos sindicatos, a solução final será, não o financiamento público de empresas privadas para que "criem" os empregos que destruíram, mas acabar com os tenebrosos sindicatos, assim saltando uns degraus nas "vias" do socialismo do actual PS, da 3.ª directamente para a 5.ª ou a 6.ª. Algo como o que o PS fez, com o sucesso que se conhece e os números confirmam, acabando com o anterior Código do Trabalho, que também era, como os sindicatos, um "obstáculo à contratação".
segunda-feira, 8 de março de 2010
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15 comentários:
Este deputado tem toda a razão. O próprio Marx defendia algo ainda mais obsceno e perverso que a estratégia dos sindicatos, quando dizia que não se podia proporcionar aos operários as condições de trabalho ideais, para manter o espírito de revolta latente.
Já sabemos que Pedro Aroso não responde a comentários anónimos, mas seria eticamente indispensável que quando se produzem afirmações do calibre do seu último post se citasse a fonte onde o pobre do Marx escreveu tal atoarda ("Marx dizia que não se podia proporcionar aos operários as condições de trabalho ideais, para manter o espírito de revolta latente"). Para além do mais, o que o ilustre poeta e jornalista Manuel A. Pina pretendia sublinhar – e tem carradas de razão! – é que não se pode ser "socialista" e, em simultâneo, atacar as forças que defendem os trabalhadores, mesmo que não concordemos com a sua orientação. Ou pode ? Ou, em vez de "socialista", enganamos-nos e pretendíamos dizer "capitalista" (talvez "lacaio do capitalismo…").
O que o Sr. Pedro Aroso conhece do Marz foi o que leu quando era pequenino no Cavaleiro da Imaculada!
Caro Anónimo
Tem razão, quando os comentários são insultuosos, não respondo a anónimos mas, no seu caso, é diferente, por isso tenho muito gosto em revelar-lhe a fonte.
Os meus conhecimentos sobre as teorias de Marx foram absorvidos de forma coerciva durante os anos em que frequentei a ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto), actualmente designada FAUP (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto).
Corria o ano de 1975 (apogeu do PREC), quando um grupo de colegas mais velhos apresentou o projecto de uma fábrica, a que chamou "Fábrica Verde", dotada de todas as mordomias para os trabalhadores: centro de dia para os funcionários reformados, jardim-de-infância, ginásio, piscina, etc., etc. Pois bem, esses alunos estiveram na eminência de chumbar, tendo o respectivo professor da cadeira justificado a sua decisão invocando Marx, com a citação que reproduzi no meu post anterior. Há certas coisas que contadas hoje até podem parecer mentira mas, quem viveu esse período da nossa história recente numa faculdade, lembrar-se-á perfeitamente das tentativas de lavagem ao cérebro então praticadas. Apesar de ter pago um preço muito elevado, nunca me deixei contaminar.
O Dr. Mário Soares, que é um homem que eu admiro profundamente, teve a lucidez necessária para perceber que o marxismo é uma aberração, por isso retirou todas as referências que estavam incluídas no programa do Partido Socialista, transformando-o num partido social-democrata. É pena que alguns socialistas, como é certamente o caso do Sr. António Joaquim, tenham parado no tempo e continuem agarrados a doutrinas do século XIX.
PS1: Sr. António Joaquim, é Marx e não Marz.
PS2: Um dia o Sr. António Joaquim vai explicar-me o que é o Cavaleiro da Imaculada, porque eu não fiz a comunhão solene.
Conclusão : o Sr. Pedro Aroso teve nas Belas-Artes um professor cuja formação ideológica se baseava nas leituras de Marx do Cavaleiro da Imaculada. E pelos visto a forma como despacha tudo o que não gosta para um canto ou outro baseia-se num traumatismo pedagógico. Trate pois de fazer duas ou três leituras sérias do Karl Marx e verá que o que diz que o Marx diz não tem pés nem cabeça a não ser no Cavaleiro da Imaculada! Nem está em causa ser ou não marxista, porque como o Sr. diz, eu António Joaquim, não passo dum anónimo. Está em causa saber o que o Marx disse ou não e a forma como encarou a questão do sindicalismo, das reformas e da revolução. Que não tem nada a ver com o que o Sr. disse, nem é capaz de apresentar uma citação de Marx em que ele diga o que Sr. diz que ele disse. Logo é uma falsificação! Tal como a sua história das Belas-Artes: o que é que o seu professor disse tem a ver com o Karl Marx? Já não é fácil ver a relação dos marxismos com ele,- ele próprio disse que não era marxista - quanto mais a do seu professor de arquitectura da fábrica verde!
E obrigado por ter corrigido a grafia de Marz para Marx. Se quanto à divulgação do pensamento de Marx, o Sr. não teve utilidade nenhuma, antes pelo contrário, já quanto à grafia foi um autêntico serviço público! Fez nuito bem. Só que nos escuteiros também se lia o Cavaleiro da Imaculada!
Sr. António Joaquim:
Algumas obras de Karl Marx constavam da cadeira de Teoria e História de Arquitectura e, como tal, tive que as ler. Aquilo que eu contei foi apenas um episódio ocorrido durante uma aula, mas bem elucidativo da politização que se instalou na escola.
E quem é o fundador da social-democracia senão Marx? Po via Kautsky, 2ª Internacional? Ainda hoje, malgrado Sócrates e outros reaccionarios que deleitam certas pessoas oscilantes do PSD, o hino do PS é a Internacional e o seu símbolo o punho fechado levantado com a mão esquerda!E se perguntar a Mário Soares se é marxista ou não, ele é capaz de dar uma resposta interessante... Marx morreu, tramou-se, ficou com discípulos por toda a parte e em todos os quadrantes. Só mostra a grandeza do seu pensamento...
o sindicalismo que hoje temos já só defende os interesses dos 2"upper class" na função piblica e alguns privilegios nas aposentações dos mesmos
Caro Pedro Aroso,
Agradeço-lhe a resposta. Mas, deixe-me dizer-lhe, que o seu professor da ESBAP enganou-o, pois, com respostas daquelas, mostrava que não sabia nada de Marx (aliás, havia muitos pretensos marxistas lá pela ESBAP, nessa época). Quanto ao Soares, como diria o "nosso amigo" António Joaquim (que para mim é um "anónimo", pois não faço a mínima ideia quem é) esse é que aprendeu o marxismo no "Cavaleiro da Imaculada" …
Após uma pesquisa na Net, descobri finalmente quem é o "Cavaleiro da Imaculada", de que o Sr. António Joaquim deve ser leitor assíduo:
"O Cavaleiro da Imaculada é um Jornal Católico, com uma tiragem mensal de 106.000 exemplares, com distribuição gratuita em todo o país".
Mas não é um jornal católico qualquer, é mesmo Imaculado, como o Marx que o professor do Sr. Aroso inventou. O problema do mundo e da liberdade foi sempre o dos Imaculados e das Imaculadas. Por isso é que se maculam uns e umas aos outros. O comunismo foi uma religião como as outras. E as religiões são o pior fautor de gegueira intelectual e de guerra. Não a religião, as religiões (portanto institucionais)
Pedro Aroso,
o senhor andou mesmo pela ESBAP ou também tirou o canudo na Independente como o inginheiro?
É que além de demonstrar que não faz a mínima ideia do que está a dizer, fá-lo com a arrogância típica dos ignorantes. Não só nas citações de proveniência duvidosa, como na infeliz relação que estabelece com as não menos infelizes declarações do citado deputado, que esclareço, caso também não saiba, tratar-se de João Galamba.
Aníbal Marques
Caro Aníbal Marques
Eu expresso as minhas opiniões, sem agredir ninguém e estou sempre disponível para debater ideias. Infelizmente, nem todos são capazes de o fazer sem recorrer ao insulto. Consequentemente, não vou perder mais tempo com este assunto.
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