sábado, 13 de março de 2010

O nosso camarada Octávio Cunha, que é um especialita dos mais reputados em pediatria, sabe o que diz. Quem se lembra e compara esta situação com as polémicas em que interveio o Dr. Pizarro, primeiro defendendo a bondade da centralização do S.João, depois a descentralização por aí, conforme o que mais agradava aos patrões lisbonenses, apostados pura e simplesmnte em não fazer Centro nenhum, percebe o que se está a passar. Trata-se de de um Centro de todo o Norte do país. A destruição do Serviço Nacional de Saúde está em marcha acelerada. O Hospital de St.º António e a sua Urgência de "Espera Galego!" é mais um exemplo disso. Mas qualquer hospital público serve para exemplo... (PB)
Santo António transfere Pediatria para o Hospital de Maria Pia
Margarida Gomes (JN) hoje
Primeiro foi Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia. Agora, é a vez do Serviço de Pediatria. A transferência do internamento do Serviço de Pediatria do Hospital de Santo António (Centro Hospitalar do Porto) para o centenário hospital de crianças Maria Pia pode acontecer, de acordo com a administração, já em Abril ou, o mais tardar, em Maio. Mas a decisão está longe de ser pacífica.
Neste momento, paira uma enorme desconfiança junto dos profissionais de saúde relativamente à transferência daquele serviço, apesar das garantias da administração do Santo António de que se trata de uma transferência provisória. "O internamento de Pediatria regressará ao hospital quando as obras no Santo António estiverem concluídas", garantiu Pedro Esteves, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto. "A centralização do ambulatório no Hospital de Maria Pia "é imprescindível, quer do ponto de vista técnico, para prepararmos a organização e funcionamento do futuro Centro Materno-Infantil do Norte [CMIN], quer do ponto de vista económico, realizando as economias de escala necessárias a uma exploração mais eficiente", disse o administrador ao PÚBLICO. Para Pedro Esteves, "a saída do internamento da Pediatria do Santo António tem a ver com a necessidade de libertar o espaço necessário à concretização das obras para o futuro internamento pediátrico. Do ponto de vista físico, é impossível ser de outro modo".
Margarida Medina, antiga directora do Departamento de Pediatria do Santo António e do Maria Pia, não esconde os receios que a decisão lhe suscita, embora vá dizendo também que o hospital de crianças, que sofreu recentemente obras de beneficiação, nomeadamente no bloco operatório e no internamento, está em condições de receber, transitoriamente, a Pediatria do Santo António". "Se me pergunta se o Hospital de Maria Pia tem condições para isto ou para aquilo em termos hospitalares, eu, grosso modo, tenho de dizer que não, porque se trata de um edifício centenário, que está assinalado com o risco de incêndio", disse Margarida Medina, ontem, em declarações ao PÚBLICO.
Cansada de acreditar numa data para o arranque do futuro CMIN, uma obra que teima em não sair do papel há mais de 20 anos, Margarida Medina teme que a transferência provisória se transforme numa transferência definitiva. E não está sozinha. "Se houver a garantia de que, de facto, o internamento de Pediatria vai sair provisoriamente do sítio onde está, no sentido de possibilitar a concretização do projecto da obra do CMIN, e também da remodelação do próprio Serviço de Pediatria do Santo António, entendo que se trata de uma perspectiva que eu consideraria adequada, porque seria durante um ano e meio ou dois anos", afirma a chefe do Serviço de Pediatria do Maria Pia. A mesma não se deixa contagiar pelas garantias da administração. Isto porque, diz, "o internamento vai sair para o Maria Pia sem existir uma data para o início da obra do CMIN". Mais: "Sem existir a certeza de que a obra se vai mesmo fazer".
Mais contundente é o ex-director do Serviço de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos do Santo António, Octávio Cunha: "Do ponto de vista da segurança, é um crime mandar alguém para o Maria Pia", insurge-se, sustentando que aquele hospital já deveria estar encerrado há, pelo menos, 40 anos.

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