Socialistas irritados com apoio de Cavaco Silva a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI
(Público) Hoje Nuno Simas e Sofia Rodrigues
A entrevista de Cavaco Silva causou muitos amargos de boca na direcção da bancada do PS. A irritação é disfarçada e não assumida em público, mas existe. Tudo porque o Presidente da República deu o seu apoio - implícito - ao inquérito parlamentar pedido por PSD e BE sobre a tentativa de compra da Media Capital pela PT. Ao admitir: "Não sei se os portugueses estão esclarecidos e, por isso, a Assembleia da República abriu um inquérito parlamentar."
Deputados socialistas ouvidos pelo PÚBLICO consideram que Cavaco "colocou-se ao lado da oposição" deixando claro, por exemplo, não acreditar que uma operação como a da venda de uma empresa como a TVI pela PT não fosse do conhecimento do Governo. Ao contrário do que insistentemente o primeiro-ministro tem vindo a dizer nas últimas semanas. "Se isto não é um apoio, o que é um apoio?" questiona-se um deputado socialista.
Dirigentes do PS consideram que, com estas declarações, o Presidente está a legitimar a comissão de inquérito à qual os socialistas se opõem com toda a veemência. E há ainda uma questão de calendário que é sublinhada por vários dirigentes: a entrevista de Cavaco surgiu no mesmo dia em que o deputado Francisco Assis foi o porta-voz do "não" socialista ao inquérito que, acusou, servirá apenas para "enxovalhar" José Sócrates.
Mais de 30 por ouvir
A forma como se vão conjugar as duas comissões - a de Ética e a futura parlamentar de inquérito - é ainda uma incógnita. PS, BE, PSD, PCP pretendem prosseguir com as audições sobre liberdade de expressão, enquanto o CDS sustenta que não faz sentido continuarem em simultâneo. Até porque há uma lista de mais de 30 pessoas para ouvir. Ao mesmo tempo, a comissão de inquérito, que será presidida pelo ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral, tem de chamar novamente alguns nomes, em particular os que estão ligados ao negócio da PT.
Nas bancadas parlamentares, a questão que está em cima da mesa é a da evidente mediatização da futura comissão de inquérito que irá apagar as audições na Comissão de Ética. As direcções avaliam agora a forma de conjugar a existência das duas comissões e os seus timings políticos. Para a deputada do CDS Cecília Meireles, não faz sentido a co-existência das duas. As audições, defende, deveriam ser reduzidas ao essencial e os centristas estão dispostos a passar as suas propostas de nomes para a comissão de inquérito.
O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, admite ponderar a forma de conjugar as duas comissões. Ao PÚBLICO, o líder da bancada do PSD também mostrou vontade em que continuem as audições na Comissão de Ética, propostas pelo PSD. E considera que "não houve desperdício de tempo". Essas audições permitiram retirar "informação relevante" que abriu caminho para um inquérito parlamentar sobre a actuação do Governo no negócio PT/TVI e sobre se o primeiro-ministro mentiu ou não no Parlamento.
José Manuel Pureza, líder do grupo parlamentar do BE, também não vai pôr obstáculos à continuação das audições sobre liberdade de expressão, embora essa não tenha sido a estratégia da bancada bloquista desde o início.
(Público) Hoje Nuno Simas e Sofia Rodrigues
A entrevista de Cavaco Silva causou muitos amargos de boca na direcção da bancada do PS. A irritação é disfarçada e não assumida em público, mas existe. Tudo porque o Presidente da República deu o seu apoio - implícito - ao inquérito parlamentar pedido por PSD e BE sobre a tentativa de compra da Media Capital pela PT. Ao admitir: "Não sei se os portugueses estão esclarecidos e, por isso, a Assembleia da República abriu um inquérito parlamentar."
Deputados socialistas ouvidos pelo PÚBLICO consideram que Cavaco "colocou-se ao lado da oposição" deixando claro, por exemplo, não acreditar que uma operação como a da venda de uma empresa como a TVI pela PT não fosse do conhecimento do Governo. Ao contrário do que insistentemente o primeiro-ministro tem vindo a dizer nas últimas semanas. "Se isto não é um apoio, o que é um apoio?" questiona-se um deputado socialista.
Dirigentes do PS consideram que, com estas declarações, o Presidente está a legitimar a comissão de inquérito à qual os socialistas se opõem com toda a veemência. E há ainda uma questão de calendário que é sublinhada por vários dirigentes: a entrevista de Cavaco surgiu no mesmo dia em que o deputado Francisco Assis foi o porta-voz do "não" socialista ao inquérito que, acusou, servirá apenas para "enxovalhar" José Sócrates.
Mais de 30 por ouvir
A forma como se vão conjugar as duas comissões - a de Ética e a futura parlamentar de inquérito - é ainda uma incógnita. PS, BE, PSD, PCP pretendem prosseguir com as audições sobre liberdade de expressão, enquanto o CDS sustenta que não faz sentido continuarem em simultâneo. Até porque há uma lista de mais de 30 pessoas para ouvir. Ao mesmo tempo, a comissão de inquérito, que será presidida pelo ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral, tem de chamar novamente alguns nomes, em particular os que estão ligados ao negócio da PT.
Nas bancadas parlamentares, a questão que está em cima da mesa é a da evidente mediatização da futura comissão de inquérito que irá apagar as audições na Comissão de Ética. As direcções avaliam agora a forma de conjugar a existência das duas comissões e os seus timings políticos. Para a deputada do CDS Cecília Meireles, não faz sentido a co-existência das duas. As audições, defende, deveriam ser reduzidas ao essencial e os centristas estão dispostos a passar as suas propostas de nomes para a comissão de inquérito.
O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, admite ponderar a forma de conjugar as duas comissões. Ao PÚBLICO, o líder da bancada do PSD também mostrou vontade em que continuem as audições na Comissão de Ética, propostas pelo PSD. E considera que "não houve desperdício de tempo". Essas audições permitiram retirar "informação relevante" que abriu caminho para um inquérito parlamentar sobre a actuação do Governo no negócio PT/TVI e sobre se o primeiro-ministro mentiu ou não no Parlamento.
José Manuel Pureza, líder do grupo parlamentar do BE, também não vai pôr obstáculos à continuação das audições sobre liberdade de expressão, embora essa não tenha sido a estratégia da bancada bloquista desde o início.
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