domingo, 21 de março de 2010

Há casos caricatos mas que nem por isso deixam de ter todo o significado. Gente que se instalou no parlamento há 30 anos e que pensam ter ficado donos da casa. É o caso deste Lelo, mais conhecido pelos seus números de circo nos círculos políticos, pelos ataques descabelados e sujos aos combatentes da democracia dizendo-se portador do recado do chefe (seja ele qual for), ressabiado por nem um lugarzinho de secretário de Estado lhe darem, decidiu agora arvorar-se em virgem ofendida.
É claro que aqueles computadores pagos pelo erário público são públicos, toda a actividade parlamentar é totalmente pública (podendo, no entanto, decidir proceder secretamente sobre assuntos de gravidade extrema, como a guerra e a paz) e se o indivíduo vai para o plenário tratar de assuntos da sua privacidade, como por exemplo comunicar com a família, amigos e amigas, contactar antigos clientes compradores de máquinas, jogar na bolsa, ou espiolhar temas eróticos, está a usurpar as funções parlamentares, mas está sobretudo a dar conta aos portugueses do tipo de apropriação que já fizeram, nas suas mentalidades, dos bens da república. Isto num presidente de conselho de administração, estamos esclarecidos de como andarão as coisas. Mesmo com a aplauso absoluto que merece a atitude de Jaime Gama. (PB)
Gama irritou bancada do PS
Deputados socialistas batem com as tampas dos computadores
19.03.2010 - 11:51 (Público) Sofia Rodrigues
Vários deputados do PS fecharam com força os seus computadores em protesto contra as explicações do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, sobre a natureza de serviço público daqueles computadores existentes na sala do plenário. Momentos antes, Jaime Gama repreendeu duas vezes consecutivas o secretário de Estado da Educação João Torcato da Mata por não usar a forma regimental para se dirigir ao plenário.
O protesto dos deputados aconteceu quando Jaime Gama respondia a uma interpelação do deputado socialista, e presidente do Conselho de Administração da AR, José Lello, que se queixou de os repórteres fotográficos captarem imagens dos ecrãs dos computadores dos deputados, violando a sua privacidade.
O presidente da AR respondeu que os computadores não são pessoais e que há regras para o trabalho dos repórteres, estando ao alcance dos deputados mudarem essas regras se o entenderem. Estas declarações de Gama suscitaram também uma vozearia na bancada do PS. Lello ocupava um lugar na penúltima fila de cadeiras da bancada socialista, mais próxima da galeria onde habitualmente se encontram os fotógrafos.
José Lello, ao PÚBLICO, explicou que não houve hoje nenhum incidente de violação de privacidade que o levasse a fazer o protesto. "É uma situação que já vem de trás e até já foi publicada a imagem de um SMS de um deputado". Mas na interpelação referiu e apontou para um repórter que o fotografava.
Lello contraria Jaime Gama: "Os computadores são pessoais, esse é o engano do presidente."
Pouco antes da interpelação ao Presidente, já tinha havido outro momento de tensão. Depois da dura repreensão de Gama ao secretário de Estado, ameaçando mesmo retirar-lhe a palavra, o governante fez a intervenção e foi muito aplaudido pela bancada do PS.

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