Portugal vai crescer mais devagar do que estava previsto
11.03.2010 - 07:43 (Público) Raquel Martins
Os efeitos da crise económica e financeira estão longe de desaparecer e irão influenciar de forma negativa o potencial de crescimento da economia portuguesa e mundial. O alerta partiu do relatório Going For Growth, ontem divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde se analisam os impactos futuros do aumento do desemprego e dos custos no acesso ao crédito, decorrentes da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. A persistência de elevadas taxas de desemprego também contribui para que a economia cresça menos
No caso de Portugal, a crise terá reduzido em 2,7 por cento o potencial de crescimento económico nos próximos anos. As dificuldades de acesso ao crédito, que acabam por condicionar negativamente os investimentos públicos e privados, são as principais responsáveis por esta redução, mas a persistência de elevadas taxas de desemprego também contribui para que a economia cresça menos do que se não tivéssemos atravessado uma crise desta magnitude.
Ainda assim, os efeitos em Portugal até nem são dos mais graves. Em média, a crise terá travado em 3,1% o potencial de crescimento nos 30 países da OCDE e tanto a Espanha como a Irlanda - as duas economias europeias onde o desemprego mais cresceu no último ano - verão o seu potencial de desenvolvimento económico reduzir-se 10,6 por cento e 11,8 por cento nos próximos anos. Já o Japão e os Estados Unidos estão entre os países que serão menos afectados pelos estilhaços da crise.
No relatório, a OCDE alerta que há alguma incerteza em torno destas estimativas, já que não se sabe se os planos anticrise aprovados no ano passado poderão amplificar ou atenuar as perdas no longo prazo. Os países que centraram os estímulos à economia na investigação, nas infra-estruturas ou reduzindo a carga fiscal dos contribuintes com menos rendimentos, terão mais possibilidades de conter os efeitos negativos no longo prazo, reconhece a organização.
Medidas a desenvolver
A OCDE admite que o pior da crise já passou, mas deixa um aviso: os países têm que estar preparados para crescimentos económicos fracos e para a manutenção de elevados níveis de desemprego no futuro.
"A recessão mundial deixou cicatrizes profundas", realçou o secretário-geral da organização durante a apresentação do documento. Angel Gurría incitou os estados a não baixarem os braços e a tomarem medidas que lhes permitam "recuperar o potencial perdido" com a crise.
O relatório enuncia várias áreas onde devem ser tomadas medidas com vista a estimular a actividade económica e a manter níveis de vida satisfatórios. De uma forma geral, a organização com sede em Paris recomenda que os países tomem medidas na área do emprego, da concorrência ou da fiscalidade.
No capítulo relativo a Portugal, a OCDE pede ao Governo que aplique "plenamente" a nova legislação laboral. E embora o relatório tenha sido redigido antes de se conhecerem as medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), a organização recomenda que, a par da flexibilização laboral, sejam aprovadas medidas que incitem os desempregados a procurar emprego, precisamente uma das medidas propostas pelo Governo para reduzir as despesas sociais até 2013.
A OCDE incita ainda o executivo de José Sócrates a simplificar o sistema fiscal, a aumentar a base de incidência do IRC e a reduzir as despesas fiscais.
Estratégia de consolidação agrada
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aprova as medidas anunciadas no Programa de Estabilidade e Crescimento e, num comunicado publicado no seu site, encorajou ontem o Governo de José Sócrates a concretizar uma estratégia de consolidação num orçamento plurianual que fixe tectos para as despesas que são realizadas pelo Estado.
No documento, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico diz que a estratégia de consolidação "segue um caminho de manutenção da confiança do mercado, suportando o crescimento e garantindo a sustentabilidade fiscal".
"Os esforços para aumentar a incidência do sistema de impostos e para minimizar qualquer impacto negativo da consolidação fiscal no crescimento económico são bem-vindos", lê-se ainda no comunicado ontem divulgado pela organização, que tem sede em Paris
11.03.2010 - 07:43 (Público) Raquel Martins
Os efeitos da crise económica e financeira estão longe de desaparecer e irão influenciar de forma negativa o potencial de crescimento da economia portuguesa e mundial. O alerta partiu do relatório Going For Growth, ontem divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde se analisam os impactos futuros do aumento do desemprego e dos custos no acesso ao crédito, decorrentes da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. A persistência de elevadas taxas de desemprego também contribui para que a economia cresça menos
No caso de Portugal, a crise terá reduzido em 2,7 por cento o potencial de crescimento económico nos próximos anos. As dificuldades de acesso ao crédito, que acabam por condicionar negativamente os investimentos públicos e privados, são as principais responsáveis por esta redução, mas a persistência de elevadas taxas de desemprego também contribui para que a economia cresça menos do que se não tivéssemos atravessado uma crise desta magnitude.
Ainda assim, os efeitos em Portugal até nem são dos mais graves. Em média, a crise terá travado em 3,1% o potencial de crescimento nos 30 países da OCDE e tanto a Espanha como a Irlanda - as duas economias europeias onde o desemprego mais cresceu no último ano - verão o seu potencial de desenvolvimento económico reduzir-se 10,6 por cento e 11,8 por cento nos próximos anos. Já o Japão e os Estados Unidos estão entre os países que serão menos afectados pelos estilhaços da crise.
No relatório, a OCDE alerta que há alguma incerteza em torno destas estimativas, já que não se sabe se os planos anticrise aprovados no ano passado poderão amplificar ou atenuar as perdas no longo prazo. Os países que centraram os estímulos à economia na investigação, nas infra-estruturas ou reduzindo a carga fiscal dos contribuintes com menos rendimentos, terão mais possibilidades de conter os efeitos negativos no longo prazo, reconhece a organização.
Medidas a desenvolver
A OCDE admite que o pior da crise já passou, mas deixa um aviso: os países têm que estar preparados para crescimentos económicos fracos e para a manutenção de elevados níveis de desemprego no futuro.
"A recessão mundial deixou cicatrizes profundas", realçou o secretário-geral da organização durante a apresentação do documento. Angel Gurría incitou os estados a não baixarem os braços e a tomarem medidas que lhes permitam "recuperar o potencial perdido" com a crise.
O relatório enuncia várias áreas onde devem ser tomadas medidas com vista a estimular a actividade económica e a manter níveis de vida satisfatórios. De uma forma geral, a organização com sede em Paris recomenda que os países tomem medidas na área do emprego, da concorrência ou da fiscalidade.
No capítulo relativo a Portugal, a OCDE pede ao Governo que aplique "plenamente" a nova legislação laboral. E embora o relatório tenha sido redigido antes de se conhecerem as medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), a organização recomenda que, a par da flexibilização laboral, sejam aprovadas medidas que incitem os desempregados a procurar emprego, precisamente uma das medidas propostas pelo Governo para reduzir as despesas sociais até 2013.
A OCDE incita ainda o executivo de José Sócrates a simplificar o sistema fiscal, a aumentar a base de incidência do IRC e a reduzir as despesas fiscais.
Estratégia de consolidação agrada
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aprova as medidas anunciadas no Programa de Estabilidade e Crescimento e, num comunicado publicado no seu site, encorajou ontem o Governo de José Sócrates a concretizar uma estratégia de consolidação num orçamento plurianual que fixe tectos para as despesas que são realizadas pelo Estado.
No documento, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico diz que a estratégia de consolidação "segue um caminho de manutenção da confiança do mercado, suportando o crescimento e garantindo a sustentabilidade fiscal".
"Os esforços para aumentar a incidência do sistema de impostos e para minimizar qualquer impacto negativo da consolidação fiscal no crescimento económico são bem-vindos", lê-se ainda no comunicado ontem divulgado pela organização, que tem sede em Paris
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