sábado, 6 de março de 2010


Mas a pequena cunha e o grande suborno poder-se-ão meter no mesmo saco? Talvez! É uma discussão que falta, a montante dos resultados deste inquérito. Es os parlamentares estão preocupados com isto? Muito me contam... Há coisas, com efeito, que vão mudando.... Esperemos que não seja precisamente para tudo ficar na mesma... (PB)

Investigador do Instituto de Ciências Sociais no Parlamento
Portugueses são muito tolerantes com a corrupção
05.03.2010 - 17:08 Por Luciano Alvarez
Cerca de 63 por cento dos portugueses toleram a corrupção desde que produza efeitos benéficos para a população em geral, revelou hoje no Parlamento o investigador Luís de Sousa, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e especialista na análise do fenómeno da corrupção.
O investigador apresentou uma detalhada exposição na comissão parlamentar para o fenómeno da corrupção, com base em vários inquéritos e estudos nacionais e internacionais sobre a matéria, revelando que a corrupção estilo “Robin Hood” (que favorece os mais fracos) ainda tem uma grande aceitação na sociedade portuguesa. Facto que é sintomático “de uma cultura cívica ainda muito assente na satisfação de necessidades básicas”.
Ainda segundo os estudos que revelou aos deputados, a definição social de corrupção dos portugueses “é algo restrita” e “propícia a que estes escolham frequentemente fazer mais do que a Lei permite e menos do que a ética exige”.
Esta cultura permissiva face à corrupção, é, entre outros, “produto da forma como o poder político e administrativo se organizam”. “Boas leis e boas instituições reduzem as estruturas de oportunidade e incentivos para a corrupção”, revelou nos documentos apresentados no Parlamento.
O investigador revelou também algumas das condições que favorecem a corrupção e que passam sobretudo pelo comportamento e funcionamento dos órgãos do Estado, nomeadamente a sua “intervenção excessiva e desordeira na economia”
Concentração de poderes num cargo “sem que tenham sido criados garantias horizontais e verticais ao exercício das suas competências”; ineficiência administrativa “que, muitas vezes, deriva de uma política de recrutamento do tipo familiar, partidário, portanto, recrutamento sem mérito e sem qualidade”; “controlos formais ineficazes e inconsequentes; insuficiência da disciplina/repressão: tardia; onerosa; redutora; selectiva (“peixe miúdo”); impotente (amnistia); sem credibilidade (regresso a funções)”; “desprestígio da função pública e ausência de uma noção de “missão de serviço público”; “passagem de políticos para os corpos de direcção de empresas após o termo do mandato e vice-versa”, foram alguns dos exemplos apresentados.
O financiamento político também não foi deixado de fora, com Luís de Sousa a revelar a “não contenção das despesas eleitorais, falta de disciplina financeira interna, ineficácia dos instrumentos de controlo”, também contribui para o fenómeno da corrupção
A falta de liberdade e qualidade de imprensa e de uma cidadania activa, pode ser outro dos pecados, neste caso com o investigador a apontar o dedo à imprensa regional muitas vezes controlada e financiada por empresas locais e câmaras municipais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pobre povo português, continua tão ignorante como há 100 anos.