23.02.2008, Ana Cristina Pereira
Até quando irá o Norte continuar a empobrecer?
(Terceira da série "Olhares Cruzados sobre o Porto", organizada pelo PÚBLICO e pela Universidade Católica).
(extractos)
Pilar Gonzalez, da Faculdade de Economia do Porto, expôs a crítica situação. Mostrou que o desemprego "é mais desfavorável" no Norte do que no resto do país. É no Norte que mais tem crescido nos últimos cinco anos. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística situam a taxa nos 9,4 por cento (1,4 acima da média nacional). "Atinge mais as mulheres, os jovens, os menos escolarizados." Durante décadas, a economia nortenha assentou nas indústrias tradicionais, alimentadas a mão-de-obra intensiva, pouco escolarizada e barata. A região empobreceu, diagnosticou Pires de Lima, em grande medida devido à sua "incapacidade para antecipar o que era evidente": este modelo económico "não ia subsistir" com a globalização, a abertura do Leste da Europa e da Ásia, o alargamento da União Europeia. Por ter uma relação mais estreita com a propriedade, houve "dificuldades emseparar o capital da gestão". E, até pela sua maneira de ser, foi incapaz de mover influências. A culpa não é só empresarial. Na opinião do presidente da Unicer, "é importante que se reflicta a sério" sobre a descentralização, porque "o poder político é uma condição fundamental para que o poder económico possa florescer".
Ao mudar-se para o Norte, "percebeu que o poder descai?", provocou o economista (moderador) Alberto Castro. Antes de trabalhar no Norte "já tinha percebido que o país descai", respondeu.
"O país está mais inclinado para Lisboa", concordou o padre Lino Maia, presidente da Confederação de Instituições Particulares de Solidariedade (CNIS). Debate sobre regionalização à par-te, para já, o empresário não vê ma-neira de o desemprego descer de forma estruturada. "Custa-me muito ver políticos prometer futuros próximos de melhoria da situação", disse. Os governantes deviam adoptar "uma visão mais realista, preparar as pessoas, o país, para viver com uma taxa de desemprego de nove ou dez por cento". Parece-lhe que a crise está para durar, como aconteceu com Espanha quando mudou de paradigma. Lino Maia não se considera pessimista - "Tenho de enfrentar o futuro, senão vou pregar para outra freguesia." Todavia, também "não está muito optimista relativamente à possibilidade de se contrariar o cres-cimento do desemprego". "A situação seria bastante mais grave se não fossem as instituições de solidariedade social", sublinhou, sem deixar de defender uma mais efectiva protecção no desemprego. Talvez os desempregados estejam anestesiados. Aponta a educação como caminho de inclusão - não a educação no sentido estrito de escolaridade, mas a educação no seu sentido mais amplo.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
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1 comentário:
Porque será que os responsáveis políticos da Federação do Porto não reagem ao que está a acontecer à nossa Região?
Será incapacidade?
Será miopia?
Será feitio?
Pedro: não desanimes e vai em frente.
Paulo Moz Barbosa
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