A ideia das primárias, agora de retorno à ribalta por causa de uma reunião do Clube Margem Esquerda, corrente no debate no seio dos partidos políticos portugueses desde há alguns anos, teve relevo com a proposta de Assis na sua moção para a Distrital do Porto, há 4 anos, em que assumiu esse compromisso no caso de vitória. Na verdade, ora porque não tivesse maioria na Comissão Política Distrital, ou por outra razão qualquer que desconheço, foi para o lixo e nem sequer se chegou a ouvir falar de qualquer tentativa para a implementar.
É evidente a dificuldade que a ideia tem em impor-se no PS, já que a esmagadora maioria dos "candidatos" não o seriam com "primárias", a mesma razão pela que os "uninominais" foram sempre alegremente boicotados ora pelos directórios do PS ora do PSD.
No entanto, dificuldade por dificuldade, valeria uma reforma a sério. Não uma alteração em que se transferisse o poder das direcções para sindicatos de voto do partido, mas em que houvesse, na verdade, abertura, transparência e serviço à sociedade: ou seja, primárias no eleitorado socialista, um pouco à moda dos EUA, mas sem plutocracia, ou seja com regras impeditivas da constituição de lóbis. Aqui sim, teremos o partido aberto e com a sociedade. Insere-se aliás na grande ideia de abrir o mais possível o partido aos seus eleitores e assim terminar com grande parte dos defeitos políticos que hoje é possível discernir no funcionamento dos partidos como se fossem grupos privados e não associações sociais financiadas integralmente pelo erário público.
Pedro Baptista