segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Servir o Porto, servir o país

Pedro Baptista (artigo de opinião publicado no JN em Dezembro 2007)
Um partido não é um fim, é um instrumento para servir as pessoas.
As diferentes federações distritais do PS servem o país, sendo porta-vozes dos anseios dos eleitorados distritais, junto da direcção nacional do Partido e junto do governo quando é o caso dum governo socialista. Servem o país expressando o sentir, o pensar e o querer dos círculos eleitorais distritais, dos eleitorados e militantes socialistas, junto às instâncias nacionais e governamentais. É isto ser solidário com todo o Partido e agir em cooperação crítica com o governo. Não é, ao contrário, sendo órgãos de propaganda ou de narcotização das bases.

Toda a gente sabe no que deu a lista única para a Federação Distrital do Porto na eleição de Maio de 2006, que levou a presidente o meu estimado camarada Renato Sampaio. A pretexto de apoio ao governo abandonou-se qualquer pensamento próprio, intimidou-se qualquer esforço crítico, silenciaram-se as vozes, neutralizou-se a participação activa dos militantes, chamados apenas para bater palmas às passerelles onde os membros do governo eram convidados mais a fazerem-se ouvir do que a ouvirem. O facto da Comissão Política vir de uma lista única liquidou qualquer dinâmica interna vinda da análise crítica e da sua livre expressão. A voz do PS/Porto não passou dum eco, apoiando tudo o que vinha de cima, mesmo o que lesava a região, era inexplicável, ou renegava a tradição crítica da maior federação do país. O PS/Porto foi incapaz de ajudar o governo a exercer as suas funções da forma mais adequada para a região, pois na freima de dizer que sim, foi incapaz de lhe fazer chegar os problemas, os anseios e as vozes críticas. O Partido funcionou de cima para baixo, nunca de baixo para cima pois isso era tido como uma espécie de subversão ou de traição.

Foi assim que o PS/Porto apoiou a retirada da maioria autárquica na METRO pela qual tinha labutado no passado, vê a maioria das verbas comunitárias do QREN destinadas ao Norte serem geridas por Lisboa, assiste impávido à regionalização fora da agenda política e à inexistência de passos significativos no seu sentido ou no de qualquer descentralização, consegue num mês defender os méritos de um Centro Materno-Infantil centralizado e no mês seguinte precisamente o contrário, não apresenta uma ideia sobre a questão do novo aeroporto ou dos moldes em que deve ser feita pelo Governo a já preparada privatização da ANA, vê José Sócrates passar uma noitada com alguns empresários do Norte sem capacidade para responder ao problema do crescimento dos low cost no Aeroporto do Porto precisamente por falta de intermediação do Partido, nem será de espantar que apareça um deste dias a apoiar a linha do Metro da Boavista, contra a qual tanto lutou na campanha autárquica, se o governo tiver negociado com Rui Rio a seu sinal verde…

O PS/Porto precisa de outra personalidade, de outro rumo, outra dinâmica. O Porto é o centro de uma vasta região que ronda os 3 milhões de habitantes. É o centro de quase metade do país além de ser o maior pólo do Noroeste Peninsular. No entanto, tem problemas de estagnação económica, de desemprego e de degradação social mais graves do que qualquer outra zona do país. O PS/Porto serve para convencer o governo da necessidade de uma política regional para o país, em particular para o Norte. Esta bandeira não pode ser deixada à oposição como irresponsavelmente tem vindo a ser feito.

Se a liderança atávica e acrítica do PS/Porto se mantiver, o PS corre o risco de, no Distrito, não ganhar uma única câmara ao PSD e de perder câmaras emblemáticas como a de Matosinhos, Amarante ou outras. O cenário já negro, no distrito do Porto, poderá escurecer ainda mais e confinar o poder autárquico socialista a Vila do Conde, Lousada e Baião, onde a qualidade dos autarcas aguenta os ventos aziagos! Ou pouco mais. Três ou quatro municípios. Em dezoito!

Sobretudo tendo sido o actual presidente da Federação o homem forte da campanha que levou ao último desastre eleitoral do Porto.

Ao contrário, pretendemos uma solução para Matosinhos e para a Amarante que supere as lutas fratricidas, pretendemos atacar em força o Porto, Valongo, Gaia e os outros municípios com candidaturas vitoriosas que mobilizem o entusiasmo socialista e provoquem dinâmicas que consigam, de imediato ou a prazo, recuperar as posições que o PS detinha no Distrito ainda há uma dúzia de anos.

Queremos unir o Partido e arrancar para a vitória. Para isso queremos um PS/Porto que se faça ouvir em termos de uma cooperação crítica com o governo socialista e que desfralde a bandeira dos anseios da região, que não pode servir para agitar na oposição e esconder quando se chega ao poder. Só assim o PS/Porto recuperará a confiança do eleitorado portuense e nortenho.

Queremos ao mesmo tempo um partido de uma nova modernidade aberto aos eleitores, que ouçam a voz do partido mas onde se façam também ouvir, ultrapassando o fosso actual entre a vida partidária e a vida civil que tem vindo a enquistar e a degradar o sistema democrático.

Queremos, além disso, um partido aberto á juventude, à Universidade e a uma nova geração de quadros, capaz de se modernizar mas capaz também de assegurar um futuro regional de hegemonia socialista ao serviço de um projecto de afirmação nacional e de justiça social.

Por estes objectivos e porque numerosos camaradas me têm vindo a pressionar para assumir este desafio, dispondo-se a constituir uma equipa vitoriosa, apresento-me disponível para disputar e vencer as próximas eleições para a liderança do PS/Porto. Pelo imperativo cívico de agir ao serviço do país, e especificamente do Porto e da Região Norte. Pelo imperativo de afirmar o socialismo como uma alternativa política de esquerda, menos obcecado com o défice do que com o desenvolvimento económico e o apoio social, numa palavra, um socialismo de rosto humano, ao serviço das pessoas.

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