E se perguntassem aos miúdos, como arranjaram os parafusos? Ou aos espectadores da TV que tiveram ocasião de observar as linhas assentes em travessas rachadas? Ou teremos, depois do deus dos filósofos, uma nova causa sem causa? E logo a fazer uma vítima mortal? Ou então, que diz a Polícia Judiciária?
(Público) 27.08.2008 - 09h23 Pedro Garcias
O relatório preliminar do inquérito aberto ao acidente de sexta-feira com um comboio da Linha do Tua que provocou um morto e 37 feridos, alguns em estado grave, foi entregue ontem à noite ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e afasta a existência de qualquer problema com a automotora e com a linha. A equipa de investigação, liderada por um técnico do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e que integra um elemento da empresa do Metro de Mirandela (responsável pela exploração da linha), outro da CP (a proprietárias das automotoras) e outro da REFER (a quem cabe fazer a manutenção da via), não avança qualquer causa para o acidente. Na prática, as entidades envolvidas, todas com interesses directos no caso, limitaram-se a assegurar que estava tudo bem na parte que dizia respeito a cada uma.As investigações esbarraram, no entanto, num problema legal relacionado com o disco que mede a velocidade da automotora. O disco foi recolhido logo a seguir ao acidente por elementos do núcleo de investigação criminal da GNR, que se recusaram a entregá-lo. Só o entregam ao Ministério Público. A investigação pedida pelo Governo não pôde, assim, contar com uma informação relevante neste processo, apesar de o maquinista que dirigia o comboio acidentado garantir que circulava abaixo do limite recomendado para aquele local (35 quilómetros por hora).O presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, não acredita na tese da sabotagem, alegadamente motivada pela anunciada construção de uma barragem que vai inundar grande parte da linha. “Ninguém ia colocar em risco a vida de pessoas por causa disso”, diz. Uma possível explicação para o acidente pode estar na abertura de uma vala que a REFER fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica. Junto ao local onde a automotora descarrilou, eram visíveis os sinais de obras recentes efectuadas mesmo por debaixo da plataforma. O representante do Metro de Mirandela pretende que esta hipótese seja investigada, uma vez que pode dar-se o caso de a base de cascalho que suporta a plataforma ferroviária ter cedido. A Câmara de Mirandela também vai pedir a intervenção de peritos estrangeiros, uma vez que, como sublinhava José Silvano, os técnicos que estão a fazer o inquérito pertencem a organismos e empresas com interesses na Linha do Tua e a tendência é “para toda a gente sacudir a água do seu capote”.O autarca não questiona a manutenção que a REFER faz da linha, embora sublinhe que essa manutenção é feita sobre uma estrutura antiga e talvez obsoleta. O autarca inclina-se cada vez mais para a possibilidade de as automotoras que circulam na Linha do Tua, as LRV (Light Rail Vehicle) 2000 não serem as mais adequadas. “Estas máquinas foram compradas para funcionarem num circuito urbano, inicialmente entre Mirandela e a escola de Carvalhais. Passámos a usá-las no Tua para evitar o encerramento da linha. É verdade que já circulam há 12 anos e só recentemente é que houve acidentes. Mas qualquer coisa tem que haver de errado”, diz José Silvano.
O relatório preliminar do inquérito aberto ao acidente de sexta-feira com um comboio da Linha do Tua que provocou um morto e 37 feridos, alguns em estado grave, foi entregue ontem à noite ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, e afasta a existência de qualquer problema com a automotora e com a linha. A equipa de investigação, liderada por um técnico do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e que integra um elemento da empresa do Metro de Mirandela (responsável pela exploração da linha), outro da CP (a proprietárias das automotoras) e outro da REFER (a quem cabe fazer a manutenção da via), não avança qualquer causa para o acidente. Na prática, as entidades envolvidas, todas com interesses directos no caso, limitaram-se a assegurar que estava tudo bem na parte que dizia respeito a cada uma.As investigações esbarraram, no entanto, num problema legal relacionado com o disco que mede a velocidade da automotora. O disco foi recolhido logo a seguir ao acidente por elementos do núcleo de investigação criminal da GNR, que se recusaram a entregá-lo. Só o entregam ao Ministério Público. A investigação pedida pelo Governo não pôde, assim, contar com uma informação relevante neste processo, apesar de o maquinista que dirigia o comboio acidentado garantir que circulava abaixo do limite recomendado para aquele local (35 quilómetros por hora).O presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, não acredita na tese da sabotagem, alegadamente motivada pela anunciada construção de uma barragem que vai inundar grande parte da linha. “Ninguém ia colocar em risco a vida de pessoas por causa disso”, diz. Uma possível explicação para o acidente pode estar na abertura de uma vala que a REFER fez junto à linha para a instalação de um cabo de fibra óptica. Junto ao local onde a automotora descarrilou, eram visíveis os sinais de obras recentes efectuadas mesmo por debaixo da plataforma. O representante do Metro de Mirandela pretende que esta hipótese seja investigada, uma vez que pode dar-se o caso de a base de cascalho que suporta a plataforma ferroviária ter cedido. A Câmara de Mirandela também vai pedir a intervenção de peritos estrangeiros, uma vez que, como sublinhava José Silvano, os técnicos que estão a fazer o inquérito pertencem a organismos e empresas com interesses na Linha do Tua e a tendência é “para toda a gente sacudir a água do seu capote”.O autarca não questiona a manutenção que a REFER faz da linha, embora sublinhe que essa manutenção é feita sobre uma estrutura antiga e talvez obsoleta. O autarca inclina-se cada vez mais para a possibilidade de as automotoras que circulam na Linha do Tua, as LRV (Light Rail Vehicle) 2000 não serem as mais adequadas. “Estas máquinas foram compradas para funcionarem num circuito urbano, inicialmente entre Mirandela e a escola de Carvalhais. Passámos a usá-las no Tua para evitar o encerramento da linha. É verdade que já circulam há 12 anos e só recentemente é que houve acidentes. Mas qualquer coisa tem que haver de errado”, diz José Silvano.
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