(JN) 14.08.08 Talvez as neves eternas dos Himalaias, as constelações, as ondas dos mares, o tumulto das tempestades não sejam "fabricados" (senão pelas vastas mãos de Deus; ou pelas do tempo).
Mas aquilo a que chamamos (porque, como diria o taoista, não sabemos que nome tem) a sua "beleza" é-o decerto, pois é algo que lhes pertence por empréstimo dos nossos olhos e do nosso coração. O rosto da "mais bela mulher do mundo", como disse Ruy Belo de Marilyn, o mais perfeito dos vinhos, a música e os sentidos das palavras da "Ilíada", construídos, ao longo dos séculos, por todos esses gregos a quem chamamos Homero (a expressão é de Borges), são coisas humanas, demasiadamente humanas, ou, quando muito, frutos das férteis parcerias do homem com a Natureza e com a História. São construção, trabalho, "fabricação", isto é, ilusão. Os que "descobriram" agora que, afinal, a beleza e a perfeição do espectáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim foram "fabricadas", e se sentem por isso traídos, queriam, pelos vistos, "realidade"e não o que abundantemente tiveram: arte. Ora bolas, valha-lhes S. Alberto Caeiro!
Mas aquilo a que chamamos (porque, como diria o taoista, não sabemos que nome tem) a sua "beleza" é-o decerto, pois é algo que lhes pertence por empréstimo dos nossos olhos e do nosso coração. O rosto da "mais bela mulher do mundo", como disse Ruy Belo de Marilyn, o mais perfeito dos vinhos, a música e os sentidos das palavras da "Ilíada", construídos, ao longo dos séculos, por todos esses gregos a quem chamamos Homero (a expressão é de Borges), são coisas humanas, demasiadamente humanas, ou, quando muito, frutos das férteis parcerias do homem com a Natureza e com a História. São construção, trabalho, "fabricação", isto é, ilusão. Os que "descobriram" agora que, afinal, a beleza e a perfeição do espectáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim foram "fabricadas", e se sentem por isso traídos, queriam, pelos vistos, "realidade"e não o que abundantemente tiveram: arte. Ora bolas, valha-lhes S. Alberto Caeiro!
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