(Público) 23.08.2008, Filomena Fontes
Manuela Ferreira Leite chamou-lhe já uma "aventura" na qual, enquanto presidente do PSD, não embarcaria. Mas a regionalização entrou em força na agenda dos sociais-democratas, com o líder da JSD a propor um referendo interno que favoreça uma discussão aberta, sem preconceitos, sobre uma reforma que considera "estruturante para o país".
Manuela Ferreira Leite chamou-lhe já uma "aventura" na qual, enquanto presidente do PSD, não embarcaria. Mas a regionalização entrou em força na agenda dos sociais-democratas, com o líder da JSD a propor um referendo interno que favoreça uma discussão aberta, sem preconceitos, sobre uma reforma que considera "estruturante para o país".
"Os militantes não servem só para agitar bandeiras em vésperas de eleições ou para votar nas 'directas' para escolher o líder", afirma Pedro Rodrigues, prometendo levar a proposta à próxima reunião da comissão política nacional e, depois, ao conselho nacional, o órgão a quem caberá a decisão final. A proposta é anunciada na semana em que o líder da distrital algarvia, Mendes Bota, deu um novo impulso ao "Movimento, Regiões Sim", lançando uma petição a nível nacional, mas Pedro Rodrigues rejeita qualquer concertação que, no limite, possa ser vista como uma afronta. "Isto não uma questão de liderança, é uma questão política. O facto de Manuela Ferreira Leite ser contra não significa que o partido não discuta o caminho que quer seguir", afirma.
Favorável à criação de regiões, o líder da JSD sustenta-se no facto de a reforma dividir transversalmente o partido para defender a oportunidade da consulta aos militantes. "A um ano de eleições, num período em que se estão a preparar os programas eleitorais, é o momento para uma reflexão séria", defende, ao mesmo tempo que vai fazendo valer os seus argumentos a favor das regiões. "Portugal é o país da Europa com a menor taxa de decisões cometidas aos órgãos mais próximos das populações, com a menor taxa de transferências para os municípios, é um país atrofiado pelo centralismo de Lisboa", exemplifica.
Militantemente contra as regiões, o deputado Miguel Relvas alia-se ao líder da JSD na defesa da realização de um referendo interno. "A forma menos fracturante é ouvir o partido", argumenta Relvas, para quem "o PSD não pode ser a favor ou contra a regionalização consoante a posição que defende cada líder".
O ex-secretário da Administração Local continua a acreditar que é no aprofundamento da concertação entre autarquias e da descentralização que o problema da competitividade do país se vai resolver. "Não é com mais Estado", sentencia.
No meio deste confronto de posições, Ferreira Leite poderá ter desde já pela frente a difícil tarefa de consensualizar estratégias dentro da sua comissão política. Desde logo, no seu núcleo duro de direcção política: Rui Rio, em tempos um opositor da reforma, tem vindo a fazer uma aproximação à causa dos regionalistas, e Castro Almeida e José Pedro Aguiar Branco estão do lado do sim.
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