segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ex-operários da "Mindelo" vencem

14 anos depois, 1º pagamento de 50% do que lhes pertence! Alguns já faleceram! Vivemos no país da pouca-vergonha! No "Primeiro de Janeiro" devem andar a pensar em golpada semelhante, enquanto recebem o prémio do empresário modelo! E, dizem, que no plano legal, pouco há a fazer... Mas então para que serve o plano político senão para dotar o plano legal de instrumentos práticos para defender atempadamente os direitos das pessoas? Se um dia os trabalhadores, desesperados, extravazarem a legalidade e tomarem medidas doutro tipo em defesa do pouco que lhes pertence, aqui d' El-Rei que são uns arruaceiros que não compreendem as regras democráticas nem o Estado de Direito... Dizia Bertold Brecht: todos falam da violência do rio, mas esquecem-se das margens que o comprimem...
Fica que, mais vale tarde do que nunca e um bom exemplo, já raro entre nós, de agente político: Mário de Almeida em todo o processo sempre com os trabalhadores do seu município! Também isto é ser verdadeiramente presidente de Câmara. E ser socialista.
(JN) 11.08.08 ANA TROC ADO MARQUES
Catorze anos depois do fecho, os 460 trabalhadores da Fábrica de Mindelo vão receber pagamentos. A Caixa Geral de Depósitos impugnou o rateio da massa falida e 30% dos créditos dos operários continuam em Tribunal.
Catorze anos depois, os 460 trabalhadores da falida Fábrica de Mindelo vão, finalmente, receber, depois de amanhã, o primeiro pagamento, referente a cerca de 50% das indemnizações devidas. São menos 30% do que esperavam, já que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) impugnou o rateio parcial da massa falida da antiga têxtil vila-condense e o restante valor segue ainda em disputa judicial, mas ainda assim, depois do "calvário" de luta, ontem, todos estavam satisfeitos com "uma primeira batalha ganha".
"Sinto-me feliz. Só tenho pena que o meu marido não esteja aqui para festejar". Aos 58 anos, Maria Albina Cunha já perdeu a conta aos plenários de trabalhadores da Fábrica de Mindelo em que participou. Ontem foi mais um.
Depois de amanhã, explica, rumará, tal como os 459 colegas, às 7.45 horas, em autocarros disponibilizados pela Câmara de Vila do Conde, ao Tribunal do Comércio de Gaia (TCG) para receber, em nome do marido, José da Silva Azevedo, falecido há 11 anos, pouco mais de 10 mil euros, entre salários em atraso e indemnização.
"É o primeiro passo, mas ainda não estou satisfeito. Queremos a totalidade do nosso dinheiro", afirmou Fernando Gomes, o porta-voz dos trabalhadores.
"As decisões, quer na primeira instância no TCG, quer depois na Relação do Porto, foram favoráveis aos trabalhadores", explicou o presidente da Câmara, Mário Almeida, que acompanha o "calvário" da Mindelo. Assim, na primeira proposta de rateio considerava-se apenas crédito prioritário da CGD 1,75 milhões de euros, mas o banco reclama agora mais 1,1 milhões (ou seja, no total, 2,8 milhões). O liquidatário não concorda e a decisão segue no tribunal, mas, entretanto, será pago já o restante valor em dívida.
Por isso, Mário Almeida estava, ontem, satisfeito com o pagamento da primeira "tranche". O autarca acredita que a decisão judicial será favorável aos trabalhadores. Assim sendo, receberão os restantes 30% e, mais tarde, o sobrante do pagamento de despesas e outras custas judiciais. No total, o valor de cada um rondará os 90% do valor total em dívida.

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