segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Poema de Mahmud Darwich (1942-2008)


Também nós amamos a vida


Também nós amamos a vida quando podemos

Dançamos entre dois mártires e no meio deles

erguemos um minarete de violetas ou uma palmeira.


Também nós amamos a vida quando podemos.

Ao bicho- da - seda roubamos um fio para tecer

o nosso céu e estancar este êxodo.


Abrimos a porta do jardim para que o jasmim saia

para a rua

como um dia bonito.


Também nós amamos a vida quando podemos.


Na morada que escolhemos,

cultivamos plantas vivazes e recolhemos os mortos.

Sopramos na flauta a cor da distância,

desenhamos um relincho no pó do caminho.


E escrevemos os nossos nomes, pedra a pedra.

Tu, ó raio, ilumina a nossa noite, ilumina-a um pouco.

Também nós amamos a vida quando podemos.


Mahmud Darwich, palestiniano - , O Jardim Adormecido e outros poemas,selecção e tradução de Albano Martins, Campo das Letras.

Sem comentários: