(Expresso)José Pedro Castanheira, 8 de Ago de 2008
Pedro Santana Lopes nunca foi ao forte do Estoril, onde, há 40 anos, Salazar caiu de uma cadeira de lona. "Quando era primeiro-ministro, tive curiosidade em saber o que era feito daquele forte, e até perguntei. Soube que estava cedido a uma instituição ligada às Forças Armadas. Mas não cheguei a visitá-lo".
Em 1968, Santana Lopes tinha apenas 12 anos. "Nunca vi pessoalmente" nem Salazar nem o seu sucessor, Marcelo Caetano. "Mas lembro-me perfeitamente da algumas coisas que se passaram: a operação, o Hospital da Cruz Vermelha, o dr. Vasconcelos Marques, os boletins médicos...". Em casa, com efeito, "o meu pai seguia de perto a política. Não gostava de Salazar, em quem não votou. Mas acreditava no Marcelo Caetano, de quem fora aluno. Sempre disse que foi um professor fabuloso. E era amigo de um dos filhos, o Miguel Caetano. Contou-me que tinha votado em Marcelo, mas que riscou os nomes dos ultras..."
O pai Santana via pela televisão "todas as "Conversas em família" do professor Marcelo Caetano. E eu também as segui a todas. Era uma inovação na comunicação política".
"Sou amigo da filha de Marcelo Caetano"
Marcelo Caetano foi para o Brasil logo após o 25 de Abril. Por lá morreu. Primeiro-ministro durante cerca de nove meses (2004/05), Santana diz que "gostaria de o ter conhecido. Sou amigo da filha, Ana Maria Caetano, que trabalhou comigo" num dos vários governos de que o dirigente do PPD/PSD fez parte. "Quando eu era secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, propus ao prof. Cavaco Silva que a nomeasse para a direcção-geral dos Assuntos Sociais da Presidência. Foi em 1986. Ainda havia algumas resistências políticas, mas o prof. Cavaco Silva concordou. A nomeação foi muito contestada e ela ficou muito grata".
Enquanto aluno de Direito, "estudei pelos seus manuais de Administrativo e de Constitucional". Já como professor, "recomendo-os sempre aos meus alunos" - desde a Universidade Clássica até à Internacional, onde lecciona actualmente, passando pela Livre, a Lusíada e a Moderna.
"O sacrifício das liberdades é sempre negativo"
O balanço que faz do salazarismo "não é positivo: só pode ser negativo". Explica: "O sacrifício das liberdades é sempre negativo". É certo que "nos primeiros dez anos conseguiu o equilíbrio das contas públicas". Depois, revelou "uma falta de contacto com a realidade". E a partir da década de 60, diz, Salazar não foi capaz de lidar com a vontade "de emancipação dos povos das ex-colónias". Para Santana Lopes, "os factos falam por si. Os níveis de desenvolvimento verificados ao fim de 48 anos não ilustram uma boa governação. O afastamento em relação aos outros países da Europa não abona em favor de quem governou tanto tempo".
Pedro Santana Lopes nunca foi ao forte do Estoril, onde, há 40 anos, Salazar caiu de uma cadeira de lona. "Quando era primeiro-ministro, tive curiosidade em saber o que era feito daquele forte, e até perguntei. Soube que estava cedido a uma instituição ligada às Forças Armadas. Mas não cheguei a visitá-lo".
Em 1968, Santana Lopes tinha apenas 12 anos. "Nunca vi pessoalmente" nem Salazar nem o seu sucessor, Marcelo Caetano. "Mas lembro-me perfeitamente da algumas coisas que se passaram: a operação, o Hospital da Cruz Vermelha, o dr. Vasconcelos Marques, os boletins médicos...". Em casa, com efeito, "o meu pai seguia de perto a política. Não gostava de Salazar, em quem não votou. Mas acreditava no Marcelo Caetano, de quem fora aluno. Sempre disse que foi um professor fabuloso. E era amigo de um dos filhos, o Miguel Caetano. Contou-me que tinha votado em Marcelo, mas que riscou os nomes dos ultras..."
O pai Santana via pela televisão "todas as "Conversas em família" do professor Marcelo Caetano. E eu também as segui a todas. Era uma inovação na comunicação política".
"Sou amigo da filha de Marcelo Caetano"
Marcelo Caetano foi para o Brasil logo após o 25 de Abril. Por lá morreu. Primeiro-ministro durante cerca de nove meses (2004/05), Santana diz que "gostaria de o ter conhecido. Sou amigo da filha, Ana Maria Caetano, que trabalhou comigo" num dos vários governos de que o dirigente do PPD/PSD fez parte. "Quando eu era secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, propus ao prof. Cavaco Silva que a nomeasse para a direcção-geral dos Assuntos Sociais da Presidência. Foi em 1986. Ainda havia algumas resistências políticas, mas o prof. Cavaco Silva concordou. A nomeação foi muito contestada e ela ficou muito grata".
Enquanto aluno de Direito, "estudei pelos seus manuais de Administrativo e de Constitucional". Já como professor, "recomendo-os sempre aos meus alunos" - desde a Universidade Clássica até à Internacional, onde lecciona actualmente, passando pela Livre, a Lusíada e a Moderna.
"O sacrifício das liberdades é sempre negativo"
O balanço que faz do salazarismo "não é positivo: só pode ser negativo". Explica: "O sacrifício das liberdades é sempre negativo". É certo que "nos primeiros dez anos conseguiu o equilíbrio das contas públicas". Depois, revelou "uma falta de contacto com a realidade". E a partir da década de 60, diz, Salazar não foi capaz de lidar com a vontade "de emancipação dos povos das ex-colónias". Para Santana Lopes, "os factos falam por si. Os níveis de desenvolvimento verificados ao fim de 48 anos não ilustram uma boa governação. O afastamento em relação aos outros países da Europa não abona em favor de quem governou tanto tempo".
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