(JN) 4.10.08 O grupo parlamentar do Partido Socialista decidiu impor a disciplina de voto aos seus 121 deputados no fracturante caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A proposta foi feita pelos não menos fracturantes deputados do Bloco de Esquerda e dos "Verdes". Magnânimo, o PS permitiu, ainda assim, uma excepção: o líder da JS pode fazer o que lhe apetecer, dado que tem passado muito das suas horas a tentar explicar aos indígenas como é bom e moderno termos legislação que permita o casamento de homossexuais. Bonita, esta lição de democracia dos socialistas.
Como está bom de entender, o PS opta por este caminho por causa de uma terrena razão: não lhe dá jeito nenhum que o casamento entre pessoas do mesmo sexo entre, agora e de sopetão, na chamada "agenda política". Porquê? Porque, mostram os últimos estudos de opinião sobre a matéria, a ideia do casamento entre homossexuais está longe de ser aceite pela maioria dos portugueses. Ora, mexer nas convicções do "centrão" (prosaicamente conhecido como "eleitorado flutuante") a tão pouco tempo de eleições legislativas não é nada aconselhável.
Adivinhando a carga de trabalhos que aí vinha, os socialistas preferiram, por isso, sobrepor o mero calculismo político ao exercício mais democrático que pode haver: votar apenas e só de acordo com o que a consciência dita. São gostos - e os gostos não se discutem.
De resto, o facto de apenas terem votado menos de 70 dos 121 deputados mostra bem como o problema causa sérias dificuldades aos socialistas. Alberto Martins, líder da bancada socialista, ainda se esforçou para nos explicar que o tema não consta do programa do Governo sufragado pelos portugueses. Esforço vão. As alterações à lei do divórcio também não constam - e, ainda assim, os socialistas decidiram-se por introduzir alterações nos diplomas em causa.
O PSD fez mais ou menos contrário do PS. A direcção do partido voltou a sublinhar ser contra o casamento entre homossexuais, mas deu liberdade de voto aos seus deputados. Verdade que é uma posição mais coerente. Mas o floreado argumentativo a que Paulo Rangel, o líder da bancada laranja, teve que recorrer para explicar a posição do partido não chegou para esconder o óbvio: o PSD acha mesmo que o casamento tem como fim a procriação. Assustador.
Quem sai a ganhar desta trapalhada é a Esquerda à esquerda do PS. De forma interesseira, como é óbvio, o Bloco deixou para o final da legislatura a recuperação de um dos temas mais delicados para o Governo. Ao encostar o PS à parede, os bloquistas ganham força junto da massa de eleitores que recusa olhar para a direita à procura de alternativas
A proposta foi feita pelos não menos fracturantes deputados do Bloco de Esquerda e dos "Verdes". Magnânimo, o PS permitiu, ainda assim, uma excepção: o líder da JS pode fazer o que lhe apetecer, dado que tem passado muito das suas horas a tentar explicar aos indígenas como é bom e moderno termos legislação que permita o casamento de homossexuais. Bonita, esta lição de democracia dos socialistas.
Como está bom de entender, o PS opta por este caminho por causa de uma terrena razão: não lhe dá jeito nenhum que o casamento entre pessoas do mesmo sexo entre, agora e de sopetão, na chamada "agenda política". Porquê? Porque, mostram os últimos estudos de opinião sobre a matéria, a ideia do casamento entre homossexuais está longe de ser aceite pela maioria dos portugueses. Ora, mexer nas convicções do "centrão" (prosaicamente conhecido como "eleitorado flutuante") a tão pouco tempo de eleições legislativas não é nada aconselhável.
Adivinhando a carga de trabalhos que aí vinha, os socialistas preferiram, por isso, sobrepor o mero calculismo político ao exercício mais democrático que pode haver: votar apenas e só de acordo com o que a consciência dita. São gostos - e os gostos não se discutem.
De resto, o facto de apenas terem votado menos de 70 dos 121 deputados mostra bem como o problema causa sérias dificuldades aos socialistas. Alberto Martins, líder da bancada socialista, ainda se esforçou para nos explicar que o tema não consta do programa do Governo sufragado pelos portugueses. Esforço vão. As alterações à lei do divórcio também não constam - e, ainda assim, os socialistas decidiram-se por introduzir alterações nos diplomas em causa.
O PSD fez mais ou menos contrário do PS. A direcção do partido voltou a sublinhar ser contra o casamento entre homossexuais, mas deu liberdade de voto aos seus deputados. Verdade que é uma posição mais coerente. Mas o floreado argumentativo a que Paulo Rangel, o líder da bancada laranja, teve que recorrer para explicar a posição do partido não chegou para esconder o óbvio: o PSD acha mesmo que o casamento tem como fim a procriação. Assustador.
Quem sai a ganhar desta trapalhada é a Esquerda à esquerda do PS. De forma interesseira, como é óbvio, o Bloco deixou para o final da legislatura a recuperação de um dos temas mais delicados para o Governo. Ao encostar o PS à parede, os bloquistas ganham força junto da massa de eleitores que recusa olhar para a direita à procura de alternativas
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