terça-feira, 5 de agosto de 2008

Aeroporto Sá Carneiro: presidente da AEP diz que Proposta SONAE/SOARES DA COSTA é "meramente indicativa"

(Público) Em Linha 05.08.08 LUSA
O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), José António Barros, afirmou hoje que a proposta da Sonae/Soares da Costa para a gestão autónoma do aeroporto do Francisco Sá Carneiro (AFSC), no Porto, é "meramente indicativa".
José António Barros sublinhou que a AEP "apoia a Soares da Costa e a Sonae apenas como entidades que tiveram a coragem de responder ao desafio que foi lançado pelo primeiro-ministro".
"Mas não nos revemos na sua proposta, no valor apresentado e nem sequer nos cumpre comentá-lo", afirmou.
Acrescentou que "o que a AEP defende é que este processo não deve ser feito através de propostas avulsas, mas sim através de um concurso público, competindo ao Estado definir aquilo que quer obter com a concessão, ou seja, o preço justo que está disposto a aceitar".
"Veremos então quais as propostas que vão surgir", afirmou.
O presidente da AEP reagia à notícia hoje publicada no Jornal de Negócios que adianta que o "Governo começa a fechar [a] porta a entrega do Sá Carneiro à Sonae".
Referindo um "documento técnico" de análise à proposta do consórcio Sonae/Soares da Costa para privatização do aeroporto do Porto, que estará a ser analisada pelo ministro Mário Lino, o diário avança que a oferta é recusada por pagar pouco pela infra-estrutura, não prever qualquer pagamento à cabeça e não cobrir os investimentos já realizados na expansão do Sá Carneiro.
Segundo adiantou o mesmo jornal na semana passada, a Sonae e a Soares da Costa estarão dispostas a pagar 800 milhões de euros (a preços correntes) pelo aeroporto, durante 25 a 30 anos, e a contribuir com 200 milhões de euros para um fundo de promoção da região Norte como destino.
O consórcio não prevê qualquer pagamento inicial ao Estado e disponibiliza-se para investir 500 milhões de euros na infra-estrutura aeroportuária.
José António Barros comentou as preocupações que a ANA tem manifestado quanto à viabilidade da exploração autónoma do AFSC, nomeadamente a tese de que a autonomização da sua gestão conduziria a um aumento das taxas aeroportuárias para o dobro.
"São preocupações que nos sensibilizam imenso, mas é evidente que ninguém, nomeadamente a região Norte, os seus empresários e a JMP, está interessado em que as companhias low cost fujam de cá", afirmou.
O presidente da AEP sublinhou que "as taxas de crescimento do aeroporto ultrapassaram tudo o que era previsível, e brevemente serão atingidos os seis milhões de passageiros/ano, o que foi possível graças à vinda das companhias low cost".
"Não seríamos nós certamente a matar a galinha dos ovos de ouro afastando do AFSC essas companhias. Isso não faz qualquer sentido", afirmou.
Frisou ainda que a AEP sempre defendeu que, respondendo a uma proposta do primeiro-ministro, havia entidades credíveis interessadas em avançar para a exploração do Aeroporto Francisco Sá Carneiro (AFSC).
"Trata-se de um projecto de enorme interesse para o Norte e o facto de aparecerem estas quatro associações - AEP, Associação Industrial do Minho, Associação Industrial de Aveiro e Associação Comercial do Porto - e a Junta Metropolitana do Porto todas juntas na defesa deste projecto dá a verdadeira medida do significado que nós atribuímos à exploração do autónoma do AFSC para a região e os seus empresários", defendeu.
O presidente da AEP defendeu que "o AFSC é um equipamento suficientemente importante para ser gerido autonomamente pelo Norte e não pode surgir integrado num monopólio público ou privado (isto seria mais grave ainda) em conjunto com os outros aeroportos do país".
"Não temos dúvida que as outras associações do Norte, que já foram contactadas por nós, vão aderir a esta posição", adiantou.
"Dada a resposta que o Norte deu ao repto lançado pelo senhor primeiro-ministro, o Governo deve, tão quanto entender, enunciar os princípios para abertura do concurso, para se aquilatar se há ou não interessados em pagar o preço justo pela concessão", insistiu o presidente da AEP.

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