quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Comerciantes do Bolhão acreditam na reviravolta

Mercado emblemático continua sem obras à vista e defende-se a anulação do concurso
(JN) 06.08.08 MANUEL VITORINO
"O mercado continua entregue à sua sorte",responde a vendedeira ao freguês do Bolhão. Com expectativas de que a Câmara anule a adjudicação da obra que tanto lhes desagrada, os comerciantes apelam à remissão de Rui Rio.
Há menos gente às compras em tempo de férias no Porto. Os turistas até podem achar "very typical" ao velho e degradado espaço. Tiram fotos em máquina digital, mas junto às bancas a conversa é menos colorida. Entre cheiros e aromas, ouvem-se pregões de lamúrias: "Fomos enganadas. A TCN andou para aí a distribuir aventais de propaganda e, muitas de nós, ainda acreditaram neles. Prometeram mundos e fundos e nada feito", afirma Ana Cardoso, 40 anos a vender frutas e legumes.
Antes da conversa, há um talhante que evita identificar-se "por causa das chatices", mas diz "estar tudo cada vez pior". Por perto, Hélder Francisco, crítico "desde a primeira hora" dos desenhos da TCN tem a receita pronta para a Câmara resolver a "embrulhada" do Bolhão. "Rui Rio tem, agora, a oportunidade de repensar o problema e redimir-se de tantas maldades. A um ano das eleições, pode salvar este valioso património", garante. Como? "Muito simples. A Câmara deve abandonar a TCN, promover uma candidatura ao QREN e, através dos fundos comunitários, recuperar o Bolhão. Com um aviso: a solução terá de respeitar quem cá trabalha", repete.
Neste sobe e desce de opiniões, Alcino Sousa, presidente da Associação dos Comerciantes do Bolhão, atira-se à Assembleia da República "por não ter dado sinais" ao inquérito mandado realizar e lamenta o "ruído" provocado pela Plataforma Cívica Independente em torno do projecto da TCN: "Os comerciantes estão fartos de pagar sacrifícios e tudo têm feito para encontrar a chave do problema. Não queremos uma solução a qualquer preço, antes que satisfaça quem aqui trabalha. Não estamos vendidos a ninguém", disse, numa clara alusão ao facto de muitos comerciantes terem criticado a sintonia de posições entre a associação e os interesses dos holandeses da TCN.
Optimista pelo facto de algumas vozes começarem a defender a anulação do concurso para a reabilitação do Bolhão - entre os quais, o líder da oposição socialista, Francisco Assis-, o comerciante Jacinto Mendonça, sócio da nova Associação da Zona Comercial do Bolhão (que envolve os lojistas com frentes viradas para as ruas circundantes do mercado) lança um desafio à Câmara do Porto e em particular a Rui Rio para "clarificar de vez" o problema do Bolhão: "Ao fim desta polémica toda, o Executivo pode e deve reabilitar o Bolhão e devolvê-lo à cidade com todo o seu esplendor. A TCN ofereceu à Câmara a oportunidade de ficar bem na fotografia", garante.
Certo certo é que a Câmara já admitiu romper o contrato com a TramCroNe.

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