(Jogo) 09.8.08 MANUEL TAVARES
O espectáculo de luxúria, rigor, cultura e tecnologia que a República Popular da China ofereceu na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos deveria ser uma lição para os eurocêntricos. Afinal, pode haver uma via para o conhecimento e o desenvolvimento que não tenha de ser a do nosso meridiano de Greenwich.
Antes que os cépticos do modelo "um país, dois sistemas" - com que alguma da elite chinesa tenta engendrar uma via alternativa ao comunismo primitivo e ao capitalismo selvagem - me atirem com o Tibete à cara, gostaria de deixar claro que o espectáculo de ontem não conseguiu comprar a minha consciência quanto aos direitos humanos que falta respeitar. Mas este é um problema que vive da excepção, e não da regra, e apenas varia de grau de gravidade, quando percorremos cuidadosamente o mapa-mundo.
Por outro lado, um país como a China, com tamanho território e tamanha população, como diz o povo, "tem pano para mangas". Deste ponto de vista, os relatos que nos chegam da nova Pequim são impressionantes e de algum modo empolgantes para quem, como eu, considera que, uma vez abatidas as grandes ideologias, a política estará cada vez mais dependente de elites capazes, ou não, de (re)organizarem o caos urbano.
Ma Yansong, 33 anos, arquitecto, nasceu na capital chinesa, fez o seu mestrado em Yale, trabalhou em Londres e, de volta a casa, montou o seu próprio "atelier", que não pára de prosperar. Desenhou a famosa Torre Marilyn, um edifício de 50 andares em Toronto, e do seu estirador já saiu o projecto "Pequim 2050", o qual, imaginem, pretende transformar a Praça Tiananmen, onde o exército esmagou, em 1989, o movimento estudantil denominado pró-democracia, numa imensa zona verde.
Já ninguém duvida de que, após os Jogos, haverá uma nova Pequim e talvez mesmo uma nova China.
O segredo para a mudança que podemos adivinhar através de uma via alternativa aos modelos conhecidos talvez esteja na perspectiva do jornalista James Kynge, que foi correspondente do "Financial Times" em Pequim: "A capital do maior estado autoritário do mundo é um lugar surpreendentemente permissivo."
O espectáculo de luxúria, rigor, cultura e tecnologia que a República Popular da China ofereceu na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos deveria ser uma lição para os eurocêntricos. Afinal, pode haver uma via para o conhecimento e o desenvolvimento que não tenha de ser a do nosso meridiano de Greenwich.
Antes que os cépticos do modelo "um país, dois sistemas" - com que alguma da elite chinesa tenta engendrar uma via alternativa ao comunismo primitivo e ao capitalismo selvagem - me atirem com o Tibete à cara, gostaria de deixar claro que o espectáculo de ontem não conseguiu comprar a minha consciência quanto aos direitos humanos que falta respeitar. Mas este é um problema que vive da excepção, e não da regra, e apenas varia de grau de gravidade, quando percorremos cuidadosamente o mapa-mundo.
Por outro lado, um país como a China, com tamanho território e tamanha população, como diz o povo, "tem pano para mangas". Deste ponto de vista, os relatos que nos chegam da nova Pequim são impressionantes e de algum modo empolgantes para quem, como eu, considera que, uma vez abatidas as grandes ideologias, a política estará cada vez mais dependente de elites capazes, ou não, de (re)organizarem o caos urbano.
Ma Yansong, 33 anos, arquitecto, nasceu na capital chinesa, fez o seu mestrado em Yale, trabalhou em Londres e, de volta a casa, montou o seu próprio "atelier", que não pára de prosperar. Desenhou a famosa Torre Marilyn, um edifício de 50 andares em Toronto, e do seu estirador já saiu o projecto "Pequim 2050", o qual, imaginem, pretende transformar a Praça Tiananmen, onde o exército esmagou, em 1989, o movimento estudantil denominado pró-democracia, numa imensa zona verde.
Já ninguém duvida de que, após os Jogos, haverá uma nova Pequim e talvez mesmo uma nova China.
O segredo para a mudança que podemos adivinhar através de uma via alternativa aos modelos conhecidos talvez esteja na perspectiva do jornalista James Kynge, que foi correspondente do "Financial Times" em Pequim: "A capital do maior estado autoritário do mundo é um lugar surpreendentemente permissivo."
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