Metro escolhe ligação pelo Campo Alegre. Boavista vê-se "daqui a 20 anos"
CARLA SOFIA LUZ (JN) 2.10.08
Afastada para já a ligação pela Avenida da Boavista, o presidente da Empresa do Metro considera que, por servir moradores mais carenciados, a melhor opção é a linha entre Matosinhos e a Baixa do Porto pelo Campo Alegre.
É o principal argumento de Ricardo Fonseca para a escolha daquele canal em detrimento da avenida, destacando a maior velocidade comercial (por ser quase toda enterrada), o impacto diminuto na circulação viária e o facto de servir dois pólos universitários. Chegado à liderança da Metro, Ricardo Fonseca colocou de lado a construção do "shuttle" da Boavista. "Não faz sentido ter uma linha da Boavista a terminar na rotunda", sublinhou, ontem à tarde, o presidente da empresa na apresentação do plano de expansão da rede do Metro até 2022. E, embora admita inserir essa ligação à superfície pela avenida na rede, garante que tudo dependerá da procura da segunda fase.
"Não queremos ser draconianos e dizer jamais. Daqui por 20 anos, ver-se-á", continua Ricardo Fonseca. "A Avenida da Boavista é uma peça única na nossa cidade. Imaginemos que alguém pretende transformar a avenida numa grande alameda. Se calhar nessa altura, já ninguém põe a hipótese de colocar lá o metro".
Então, a Comissão Executiva da Metro estudou duas opções: a ligação entre Matosinhos Sul e a estação de S. Bento, no Porto, pelas ruas de Diogo Botelho e de Campo Alegre e a linha à superfície pela avenida, enterrando na Rua de Agramonte rumo a S. Bento. A TRENMO fez um novo estudo e, segundo Ricardo Fonseca, deu um empate na procura, sendo a factura da linha da Boavista um milhão de euros mais cara. A ligação pelo canal do Campo Alegre custa 319,6 milhões de euros.
Grande parte dos 9,43 quilómetros de extensão será enterrada. Sai de Matosinhos Sul e cruza o Parque da Cidade num novo viaduto a construir "o mais próximo possível do actual". Já no Castelo do Queijo, "passará por baixo da Avenida da Boavista" e surgirá à superfície na futura Via Nun'Álvares, cujo único desenho elaborado pela Câmara do Porto não prevê a passagem do metro. Continuaria à superfície pela Rua de Diogo Botelho, ultrapassando o vale do Fluvial em viaduto e enterrando em frente ao Hotel Ipanema Park. O destino é S. Bento.
Apesar do estudo da Faculdade Engenharia do Porto, encomendado pelo Governo, ter apontado a ligação a Vila d'Este como prioritária, a verdade é que o metro só chegará à urbanização em 2022. Será o término da segunda linha de Gaia, com partida da Faculdade de Letras e passando por uma nova ponte sobre o rio Douro. A travessia, que, para já, só servirá o metro, ficará a montante da ponte da Arrábida. Antes avançará o prolongamento da Linha Amarela até à rotunda de Santo Ovídio, enquanto está a ser elaborado o projecto de execução de nova extensão daquela rotunda a Laborim. O investimento total é superior a 59 milhões de euros. Vila d'Este, assim como a segunda linha para Gaia, terá de esperar, afirma Ricardo Fonseca.
"Há um projecto grande da Câmara de Gaia para Laborim já articulado com a Câmara", indica, assinalando que "a ligação entre Laborim e Vila d'Este é cara.". Porém, admite que as negociações com os autarcas para viabilizar o plano de expansão poderão trazer a ligação à urbanização para a próxima fase das obras: "Não se exclui por completo essa hipótese. Para já, a nossa proposta é esta".
Com a ligação a Cabanas já adjudicada (o contrato será assinado este mês), Ricardo Fonseca defende que a segunda linha de Gondomar passe por Valbom, embora a construção seja complexa e mais cara. "A outra linha para Gondomar era demasiado longa", atenta. A ligação Campanhã-S. Cosme por Valbom custa 183,6 milhões e entra em operação em 2018.
No início do próximo ano, será lançado o concurso para a construção do prolongamento da Linha Verde até à Trofa em via dupla. Quanto à segunda linha da Maia, será estudada com extensão aos Verdes, mas a execução ainda não está calendarizada.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
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1 comentário:
Muito sinceramente espero não ser essa a opnião do actual conselho de administração da metro do Porto. Porque se for, só demonstra que não conhece o estudo da FEUP. O estudo da FEUP previa, a linha da Boavista (mais tarde para extender a Leça da Palmeira), a segunda linha de Gaia, passando pelas universidades do campo alegre, a linha para Gondomar a partir da Venda Nova e a Linha da Senhora da Hora ao HSJ. Estando todas as Linhas interligadas pela Linha circular.
E no meu ponto de vista esse é o grande erro deste projecto, porque sem a linha circular, que permitiria distribuir os passageiros de todas as linhas para todas as linhas. A Trindade vai continuar a ser a estação principal da rede, correndo sérios riscos de entupir e o terminus da Linha do Campo Alegre em São Bento, também fará desta uma estação principal da rede, que juntando à extensão a Vila d'Este vão congestionar a Linha Amarela.
O único senão a proposta da FEUP, é claro a utilização da ponte Arrábida para ligação a Gaia, que dúvido ser exquível, sem complicar ainda mais o trânsito da referida ponte.
Quanto a linha para Gondomar, é bom não esquecer que o concelho de Gondomar tem particularidades que passariam despercebidas a muitas pessoas. A maioria das pessoas não moram da cidade de Gondomar, moram na cidade de Rio Tinto, que tem mais do dobro dos habitantes que Gondomar. Assim o concelho de Gondomar tem várias freguesias muito populosas de um lado do concelho (Rio Tinto, Baguim do Monte, Fanzêres, Gondomar (São Cosme), São Pedro da Cova) e a outra parte do concelho com poucos habitantes (Jovim, Medas, Melres, Valbom). Se agora virem a Linha projectada pelo estudo da FEUP, verificam que ela atravessa as freguesias mais populosas, ao passo que, a Linha por Valbom apenas vai servir o centro do município. Não é a toa que a Camara Municipal de Gondomar, foi a principal apoiante da Linha por Rio Tinto.
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