segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Construção acredita que alta velocidade avança
ILÍDIA PINTO (DN) 31.8.09
Amanhã são conhecidas as propostas para a construção do troço Lisboa-Poceirão da linha de alta velocidade que ligará a Madrid. O PSD já anunciou que, caso vença as eleições, suspende o projecto do TGV. Mas os empresários acreditam que a obra irá mesmo avançar, face aos muitos compromissos já assumidos
Hoje, três consórcios, liderados pela Mota-Engil, Brisa e Soares da Costa e pelos espanhóis da Fomento de Construcciones y Contratas (FCC), entregam as proposta para a construção e concessão, por 40 anos, do troço Lisboa-Poceirão da linha de alta velocidade que vai ligar Lisboa a Madrid. Um dos cinco projectos prioritário da Rede Transeuropeia de Transportes, com um orçamento-base de 1928 milhões de euros, e que inclui a terceira travessia sobre o Tejo.
Apesar da polémica política gerada pelo projecto, os empresários estão confiantes que a obra não vai parar. Seja por uma questão de credibilidade, atendendo aos compromissos assumidos em Bruxelas, seja pela importância do projecto para o desenvolvimento das empresas e para a manutenção do emprego. Ou porque se gastou muito dinheiro em estudos e preparação e alguém vai ter de pagar.
Reis Campos, presidente da Confederação da Construção e Imobiliário, critica a "discussão partidária e eleitoralista" que se criou em torno do tema da alta velocidade e que "impediu que o cidadão se sentisse efectivamente informado sobre a real necessidade, ou não, desta obra". O resultado, diz, é que os portugueses "têm dúvidas, se o TGV é sinal de desenvolvimento ou de endividamento do país". Uma coisa é certa, sublinha, "se a a alta velocidade não se fizer, o País vai ter de encontrar alternativas, outras soluções".
Alternativas é que as micro e pequenas empresas envolvidas no projecto terão "grande dificuldade em encontrar" caso o PSD avance mesmo com a suspensão do projecto, considera Pedro Gonçalves, CEO da Soares da Costa. "Seria hipócrita dizer que é neutro para nós ter ou não estas obras. Mas empresas da nossas dimensão mais facilmente encontram caminho fora ou noutras áreas para compensar. As micro e pequenas empresas têm nestes projectos a oportunidade de realizar muito mais do que a sua ambição natural"
Jorge Coelho, CEO da Mota-Engil, admite que, enquanto cidadão europeu, encara com "muita preocupação a possibilidade do projecto de alta velocidade poder não avançar", mas diz ter "confiança que quem de direito governe o País tenha em atenção o desenvolvimento das empresas e os investimentos de milhões de euros que já foram realizados".
Ricardo Gomes, presidente da Federação da Construção (Fepicop), está convencido que a obra avançará, atendendo a que liga Portugal ao Centro da Europa e torna-nos uma porta de entrada às mercadorias do hemisfério Sul. Só o calendário é que pode ser outro.
A Tecnovia, que no primeiro concurso integrou o agrupamento liderado pela espanhola Ferrovial, anunciou a semana passada que o consórcio não entra neste concurso. As propostas serão abertas amanhã

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