A questão das escutas em Belém interpela três instituições da democracia em Portugal - o Governo, a Presidência da República e a Imprensa. Seguindo ridículo a ridículo o desenrolar da opereta, só se pode concluir que houve jornalismo que entrou em perigoso conúbio com fontes de Belém para criar um factoide de represália que respondesse às simplórias acusações de colaboracionismo entre Belém e a Lapa na elaboração do programa do PSD.
Há muito que os leitores do "Público", entre os quais me incluo, notam que o jornal tem procurado marcar o seu território na dura luta por protagonismo, encostando-se à Presidência e malhando (à la Santos Silva) no PS. É um comportamento que a ocasional tentativa de cosmética com colunas isentas não consegue disfarçar.
O "Público" é hoje um jornal de opinião. E tem direito a sê-lo. Tal como o "Avante", o "Portugal Hoje" ou o "Portugal Socialista", defende a orientação que as suas tutelas definem. É uma maneira de ser dos editores. É a maneira de estar da sua consciência cívica. No processo informativo de uma comunidade não se deve excluir a opinião. Pelo contrário. É preciso procurá-la, lê-la ou ouvi-la e depois considerá-la ou descartá-la. Para a consumir como produto mediático, seja na "Luta Popular", na "Comuna" ou no "Público", é preciso estar equipado com a chave que descodifique as intenções e objectivos dos autores, e depois, retirar a informação lá contida que é útil para formar uma imagem completa do que nos rodeia.
A chave para entender a ofensiva do "Público" veio na sua edição de 19 de Agosto de 2009, no editorial da Direcção onde se admite que a verdade é que ninguém pode responder à pergunta se a Presidência está ou não a ser escutada pelo Governo. Isto, escrito dois dias depois de se ter anunciado com máximo destaque que se suspeitava que estivesse, diz o que há a dizer sobre a fiabilidade da informação publicada. Admitindo o próprio jornal que aquilo que publicou não é confirmável, resta-nos tentar entender o que é que levou o "Público" a fazer isso. Mais adiante, no mesmo editorial, há outra pista. Lê-se que o que as fontes de Belém fizeram foi "um aviso à navegação". Ao escrever isto, José Manuel Fernandes admite que, contactado pelas sombrias "fontes de Belém", se prestou a ser veículo desse aviso, fosse ele confirmável ou infirmável.
A desesperada tentativa do jornal de tentar credibilizar a sua notícia levou a incluir na página dos relatos não substanciados uma coluna onde se lia que já o procurador-geral tinha dito que era escutado no seu gabinete. O que é que isto tem a ver com o caso? Nada. O que é que isto tem a ver com este jornalismo de opinião e a suas fontes? Tudo.
Já tive a minha dose de problemas com "fontes de Belém". Denunciei-as por estarem a colocar sob anonimato notícias nos jornais que depois não confirmavam oficialmente, criando embaraços aos editores mais crédulos. O chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, brindou-me com uma queixa aos meus empregadores. É distinção que me honra e faz curriculum. Fiquei agora a saber que "as fontes de Belém" estão não só secas de confirmações, mas estão a secar a dignidade informativa à sua volta.
Há muito que os leitores do "Público", entre os quais me incluo, notam que o jornal tem procurado marcar o seu território na dura luta por protagonismo, encostando-se à Presidência e malhando (à la Santos Silva) no PS. É um comportamento que a ocasional tentativa de cosmética com colunas isentas não consegue disfarçar.
O "Público" é hoje um jornal de opinião. E tem direito a sê-lo. Tal como o "Avante", o "Portugal Hoje" ou o "Portugal Socialista", defende a orientação que as suas tutelas definem. É uma maneira de ser dos editores. É a maneira de estar da sua consciência cívica. No processo informativo de uma comunidade não se deve excluir a opinião. Pelo contrário. É preciso procurá-la, lê-la ou ouvi-la e depois considerá-la ou descartá-la. Para a consumir como produto mediático, seja na "Luta Popular", na "Comuna" ou no "Público", é preciso estar equipado com a chave que descodifique as intenções e objectivos dos autores, e depois, retirar a informação lá contida que é útil para formar uma imagem completa do que nos rodeia.
A chave para entender a ofensiva do "Público" veio na sua edição de 19 de Agosto de 2009, no editorial da Direcção onde se admite que a verdade é que ninguém pode responder à pergunta se a Presidência está ou não a ser escutada pelo Governo. Isto, escrito dois dias depois de se ter anunciado com máximo destaque que se suspeitava que estivesse, diz o que há a dizer sobre a fiabilidade da informação publicada. Admitindo o próprio jornal que aquilo que publicou não é confirmável, resta-nos tentar entender o que é que levou o "Público" a fazer isso. Mais adiante, no mesmo editorial, há outra pista. Lê-se que o que as fontes de Belém fizeram foi "um aviso à navegação". Ao escrever isto, José Manuel Fernandes admite que, contactado pelas sombrias "fontes de Belém", se prestou a ser veículo desse aviso, fosse ele confirmável ou infirmável.
A desesperada tentativa do jornal de tentar credibilizar a sua notícia levou a incluir na página dos relatos não substanciados uma coluna onde se lia que já o procurador-geral tinha dito que era escutado no seu gabinete. O que é que isto tem a ver com o caso? Nada. O que é que isto tem a ver com este jornalismo de opinião e a suas fontes? Tudo.
Já tive a minha dose de problemas com "fontes de Belém". Denunciei-as por estarem a colocar sob anonimato notícias nos jornais que depois não confirmavam oficialmente, criando embaraços aos editores mais crédulos. O chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, brindou-me com uma queixa aos meus empregadores. É distinção que me honra e faz curriculum. Fiquei agora a saber que "as fontes de Belém" estão não só secas de confirmações, mas estão a secar a dignidade informativa à sua volta.
1 comentário:
Anda Mário Crespo que como não estás a dizer as verdades sobre o Frepoort és um gajo porreiro...
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