quarta-feira, 10 de junho de 2009


Esta é a ditosa pátria minha amada...

25 comentários:

Primo de Amarante disse...

No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhüa austera, apagada e vil tristeza.

OS LUSÍADAS, x,145

Primo de Amarante disse...

Hoje, no dia de Camões, o Presidente da República homenageou o capitão de Abril, Salgueiro Maia.

Aconteceu a Salgueiro Maia o que aconteceu a Camões. Muitos a falar do poeta e a publicar o que ele escreveu ficaram ricos e Camões morreu na miséria. Muitos a falar de Salgueiro Maia e do 25 de Abril tornaram-se poderosos e ricos, enquanto a Salgueiro Maia foi recusada uma pensão por «serviços excepcionais e relevantes»..

Será que Cavaco Silva se lembra disso?!...

josant disse...

Meu caro Primo
É natural que se tenha lembrado...
Duvido que tenha sentido remorsos...

Miguel Castro disse...

Neste País as injustiças são tantas que o povo pode, cansado, reagir da pior forma:

"Ao desconcerto do Mundo"

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.

Luís de Camões

Primo de Amarante disse...

Os exemplos são as referências de que precisamos.

Li o discurso de António Barreto. Vale a pena reflectir nas suas palavras.

Somos, hoje, levados por um caudal de informação que nos dispersa, não nos dá conhecimentos nem desenvolve a sabedoria que nos orienta na vida.

A retórica política é vazia e nada tem a ver com o mundo da vida: vive do espectáculo que nos enjoa, é feita de uma encenação artificial que não responde aos nossos problemas.

O “chico-espertismo” é a deriva desse espectáculo que faz o sucesso no PS, mas não abre horizontes de esperança, não concerta uma vontade colectiva, nem é capaz de nos mobilizar para desígnios. O “chico-espertismo” liquidou a credibilidade do PS.

E, como bem referiu António Barreto, tudo isto tem uma causa: a ausência de rigor; ou seja, de uma cultura do “exemplo”.

Os portugueses precisam de exemplos. Ou melhor, o ser humano só se galvaniza para dar esperança ao futuro, se tiver em quem acreditar, em quem seja capaz de transformar o que diz naquilo que é: num exemplo.

O mal de Sócrates foi o artificialismo, a mania das grandezas, os “fatos de estilistas”, o pensar que as técnicas de marketing convenceriam os portugueses a acreditar que era verdade o que era mentira, que era rigor o que não passava de arrogância, que era substância o que não passava de acidental.

A sua megalomania faz crer que são mais importantes auto-estradas e TGV(s) que comprometerão o nosso futuro do que promover o desenvolvimento de projectos agrícolas que diminuirão a nossa dependência económica.

A Sócrates falta-lhe acertar as palavras com o mundo da vida, o que diz com aquilo que ele próprio é.

O desfasamento de Sócrates não serve de exemplo a ninguém: a quem estuda, a quem exerce uma profissão, a quem cria expectativas sobre um bom governante.

Só o exemplo rasga confiança, traduz sabedoria e serve de referência a um sentido para a nossa vida colectiva.

O exemplo entra dentro de nós, saboreámo-lo, torna-se sabedoria e galvaniza a nossa vontade colectiva para os desafios do futuro.

É o saber dar exemplo que, de facto, nos falta; e é a ausência desse valor que faz a profunda crise em que vivemos.

José Silva disse...

O exemplo de Barreto na liquidação da Reforma Agrária e entregar as terras de novo aos latifundiários de Lisboa.
O exemplo de Barreto na Educação.
O exemplo de Barreto no bota-a-baixo.
Destes paladinos da desgraça estou farto. São sempre os mesmos.
Cavaco devia ter vergonha de ter dado a pensão a dois PIDES e tê-la negado a Salgueiro Maia.
São estes exemplos?
O Primo de Amarante pode ser um exemplo de hohestidade e de rigor e ter razão em muita coisa.
Mas é preciso outra gente, outros políticos.
É preciso bater no defunto a prazo como diz já o PSD?

Primo de Amarante disse...

Lembro-me do passado de Santo Agostinho, de Newton, de Einstein, Salvador Dali, Nelson Mandela, Churchill, etc. Todos os grandes homens que fizeram avançar a história, mesmo todos, foram no seu tempo polémicos, muito mais polémicos que António Barreto. Mas havia entre eles um denominador comum: tinham convicções feitas de ideias e batiam-se por elas.

Não consigo perceber por que boas ideias, mesmo provindo de homens que eventualmente detestemos, não nos possam ajudar a melhorar a vida de todos nós. Esquecemos, hoje, a vida de muitos cientistas, homens de letras e das artes, heróis e santos, mas em todos reconhecemos a importância das suas ideias, das suas obras. Elas constituíram um património que orgulha a humanidade e fez avançar o mundo. Sem elas, todos nós éramos, hoje, mais pobres. É que, queiramos ou não, as melhores políticas, o que fez avançar o progresso, vieram das melhores ideias.

O ataque “ad hominem” e não às suas ideias é um sofisma perverso, porque só serve para desvalorizar o valor das ideias e proteger a mediocridade que reina. Esta atitude é um reflexo da ausência de uma cultura política que prestigie a acção. E já, agora, uma aparte: a crise da política surgiu com o pragmatismo, ou seja, quando a política se separou da filosofia. E contrariamente ao que alguns pensam, a filosofia não é um saber de especialistas, mas uma concepção do homem, da vida e do mundo que serve de referência a um espírito crítico. E há, hoje, muita gente que anda na política sem uma ideia sobre como deve ser um mundo mais humano, mais honesto, mais justo e mais fraterno, sobre o que deve caraterizar um bom governo. Fala de política como as claques de futebol falam do seu clube. E isso terá algum interesse para melhorar a vida de todos nós?!...

GAVIÃO DOS MARES disse...

Quem é esse tal de "capitão de Abril, Salgueiro Maia"?.

José Silva disse...

Que bem escreve o Primo de Amarante.
Os exemplos que dá levam-me a ter fazer uma vénia.
Mas tomar Barreto como exemplo? De quê?
Faz bem em falar da filosofia e das ideias.
É o que falta a muitos políticos da nossa praça.
Porque nunca se deu formação política no PS? A ignrância satisfaz os atrevidos.
Parabéns pelo seu escrito

Primo de Amarante disse...

Este José Silva é impagável. Descobrir os seus critérios de avaliação é como descobrir uma agulha num palheiro. Postulando que nunca a agulha lá foi colocada.

Não conhece a história do PS: só conhece Sócrates.

Para que saiba, retiro da enciclopédia este texto sobre António Barreto. Tomara Sócrates ter 1/1000º do curriculum de Barreto!

António Miguel de Morais Barreto (Porto, 30 de Outubro de 1942) é um cientista social e cronista português.

Nascido no Porto, foi para Vila Real onde viveu até à conclusão do ensino secundário. Frequentou a Universidade de Coimbra até 1963, data do seu exílio, na Suíça.

Licenciou-se em Sociologia, na Universidade de Genebra (1968), onde foi Assistente (1968-70) e obteve o grau de Doutor, em 1985. Foi investigador da Universidade Católica Portuguesa (1974-82), bem como do Instituto de Pesquisas das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (1969-74).

Foi Membro do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Estatística.

Militante do Partido Socialista, foi Deputado na Assembleia Constituinte e na Assembleia da República. Exerceu funções governamentais, no I Governo Constitucional (1976-1978), como Secretário de Estado do Comércio Externo, e mais tarde, também no Governo De Mário Soares, Ministro do Comércio e do Turismo e Ministro da Agricultura e Pescas.

Actualmente exerce as funções de Investigador Principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Foi autor de uma coluna semanal no jornal Público desde 1991 e comentador no programa Regra do Jogo, na SIC Notícias. Recebeu o Prémio Montaigne em 2004.

É casado com a socióloga Maria Filomena Mónica, Investigadora Coordenadora aposentada do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

josant disse...

Meu caro José Silva.
No seu comentário, põe uma questão pertinente, que subscrevo plenamente.
Realmente porque será que no PS nunca se deu formação política???
Acredita que algum dia se fará???
Acredita que os "Velhos do Restêlo"do PS,que os há, permitem???

Primo de Amarante disse...

“Quando estive no PS, lutei por um escola, dentro do partido, de formação cívica e política.

Percebi, depois, que o Partido não tinha nada a ver com a política ou com o exercício da cidadania.

Os seus dirigentes nunca estiveram integrados em lutas sócio-profissionais ou movimentos cívicos, nem queriam saber disso para nada. Só lhes interessava ter um rebanho de carneiros que os apoiasse acéfalamente.

A ideologia dos dirigentes é como a das claques de futebol: afirmarem banalidades sobre o seu clube e estar sempre contra os adversários.

Não temos um partido: temos um grupo de interesses que sabe aparelhar apoiantes e têm como denominador-comum alimentarem-se da sopa da mesa dos contribuintes e não terem qualquer prestígio social ou profissional.

José Silva disse...

O Primo de Amarante não quer compreender.
Como eu gosto destes comentários.
Sou do PS mas n~unca votei em Sócrates nas eleições do PS.
Apoiei Manuel Alegre.
A história do pS conheço-a bem de mais para não me deixar levar.
Mas entre PS e PSD escolho o PS, mesmo con Sócrates. Um homem só não consegue gerir o partido.
O mal está na organização e na estrutura.Secções, concelhias, distritais e que mais? Para quê? Para fazer listas e defender

lugares. Política e formação, NADA. Assim a capital manda no rebanho.
De que dirigentes fala? Dos Presidentes distritais? A maioria devia ser corrida e já. S~ºao a vergonha do PS, da Democracia
e da política. Mas não é só no PS.
Quanto a António Barreto até o gosto de ouvir.
Mas às vezes irrita-me.
O curriculun que apresenta está incompleto. Falta a Régua e a passagem por Braga. Foi um anti-fascistas e andou no Maio de 68.
Mas nos últimos anos "vareia", como dizem na minha terra. Está de bem com Deus e com o Diabo.
Pacheco Pereira é também um político e um pensador com grande curriculun. Não acha?
E Renato Sampaio e Fernando de Jesus se ouvir o que dizem da sua biografia farta-se de rir.Consulte o site.
É dificil a luta dentro do PS porque nunca foi organizada a sério. Leva tempo, mas consegue-se.
Com o tempo verá que nunca o quis atingir ou negar as suas verdades.
Apenas me convenci que estamos num tempo que pode ser de grandes mudanças e que não podemos dar trunfos à direita reaccionária e trauliteira.
Se Sócrates não aprendeu alição é porque não quer e vai sofrer as consequênias e arrastar o PS ara uma crise como o PS francês, italiano, inglês e Alemão.É esta a razão do falhanço da esquerda na Europa. Não tem líderes à altura e a direita aproveita.

José Silva disse...

Esqueci-me de dizer que: a Filomena Mónica está divorciada de António Barreto.
É uma senhora que ouço com razer. Ainda há momentos a ouvi na TVI 24.

Primo de Amarante disse...

Volta a enganar-se. Procure melhor informação.F.M. não está divorciada, vivem como parceiros. O "Maio de 58" aconteceu em França e António Barreto estava na Belgica.

Primo de Amarante disse...

Maio 68 e não 58, como escrevi erradamente. Desenvolveu-se a partir da Sorbone que, na altura, visitei.

José Silva disse...

Barreto estudou na Suiça e esteve em França, mas são são trocos.
Quanto ao estar junto com Filomena Mónica se diz é porque sabe, nao foi isso que li mas não tenho nada com isso.
São dois intelectuais de gabarito. Ouço-os com atenção.

Primo de Amarante disse...

Coloquei o que estava na biografia e corrigi o que penso ser errado. Mas não me interesssa a vida privada seja de quem for. Também penso que os estados de espírito (irritação, detesto fulano, etc.) não servem de critério para avaliação política.

José Silva disse...

Primo de Amarante:
Estamos de acordo. A vida privada deixamos para a coscuvilhice de outros. Não serve para tema olítico.
Ainda ontem ouvi numa entevista a prof. Filomena Mónica dizer que vive sózinha e que de segunda a sexta não sai da casa, para se dedicar por inteiro à escrita.
Quanto ao Maio de 68, lembre-me do Barreto, com algumas duvidas, mas penso que como Medeiros Ferreira, Octávio Cunha e outros que estvam exilados foram vêr como era.
Sobre o Maio de 68 tenhoacomanhado as conferências e escritos do professor Fernando dos Santos Neves
E retirei uma frase que penso lhe agrada:
"Maio de 68 projectou nos muros de Paris a questão decisiva: "De um homem pode-se fazer um chui, um tijolo, um pára-quedista - e não se poderia fazer dele um homem?"
É que acontece em Portugal: de um homem pode-se fazer tudo, até político.
Com o tempo, embora por caminho opostos, vamos chegar ao mesmo objectivo: refundar o PS e correr com os oportunistas e demagogos.
Até sempre caro Primo.

Sérgio disse...

Grande blog em que o Cmões suscita 20 comentários!

José Silva disse...

Meu Caro Primo de Amarante:

Peço desculpa mas faço um alerta para que o que consta na WIKIPÉDIA não deve ser tomado totalmente seguro. Como sabe é uma inciclopédia livre e quem escreve por vezez não aprofunda. Mas a biografia está quase correcta.
Veja em www.parlamentoglobal.pt e ouça as declarações das biografias de alguns deputados do Porto.
É um fartote de rir.

Primo de Amarante disse...

Foi para lhe facilitar o trabalho, mas reparo que Você está muito sabedor. Não costume recorrer a esse tipo de informação! E se há coisa mais aldrabada, são as biografias de deputados e do Primeiro Ministro. O presidente da distrital já figurou como arquitecto e como gestor e nunca como analfabeto.

JOSÉ sILVA disse...

Meu caro Primo de Amarante:
Analfabeto é forte!
Pode ter é dificuldade em ler e aprender.
Mas sabe rodear-se dos menos capazes.
E o outro que até foi eleito coordenador dos deputados e sabe o nº. das estradas de Portugal de cor?
Vamos andando..

Primo de Amarante disse...

Disse: "NUNCA COMO ANALFABETO". E mais nada!

José Silva disse...

eU SEI QUE A VONTADE DE RIR É POUCA, MAS TEM DE HAVER UMA PONTINHA DE HUMOR CARO pRIMO DE aMARANTE.