sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Um quarto dos desempregados portugueses vive nos concelhos do Grande Porto
(JN) 07.08.2009, Ana Maria Henriques
A taxa de desemprego no distrito do Porto atingiu os 13 por cento no mês de Junho. Este distrito concentra 25 por cento da população desempregada do país. Estes dados, coligidos pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), foram ontem sublinhados por dois dos elementos da lista que a CDU candidata pelo círculo à Assembleia da República. Numa conferência de imprensa, José Pedro Rodrigues e Jaime Togas, dois candidatos, destacaram o facto de a taxa de desemprego no Porto representar 25 por cento do total nacional, enquanto a população do distrito representa apenas 17 da população activa portuguesa. Jaime Toga afirmou ainda que no Grande Porto vivem "cerca de 150 mil desempregados" e que "mais de 200 mil trabalhadores recebem salários inferiores a 600 euros". Isto, num distrito onde se reúnem "algumas das maiores fortunas do país", ironizou.
Baião, com uma taxa de desemprego que atingiu os 21 por cento em Junho, e Santo Tirso e Trofa, ambos com 18 por cento, são "alguns dos concelhos do distrito do Porto que apresentam taxas superiores à nacional", que se situa nos dez por cento, realçou Toga. Face ao mês de Junho de 2008, o desemprego subiu 24,4 por cento no Grande Porto, o que se reflecte num aumento de 23.189.
Nem o chamado "emprego sazonal", que por norma atenua o número de desempregados nos meses da época balnear, contribuiu para a diminuição da taxa de desemprego no distrito do Porto.
Ao comparar os dados relativos a Maio e Junho últimos, é possível verificar que, enquanto o número de desempregados a nível nacional baixou em 99, no distrito do Porto aumentou em 1876, o que corresponde a uma subida de 1,6 por cento.
O comunista Jaime Toga acusou os governos dos últimos oito anos de levarem a cabo políticas "negativas" que agravaram as assimetrias vividas pela população do distrito do Porto, como o "encerramento de serviços públicos" e a "crescente desindustrialização". Também o investimento público, que no distrito sofreu um "decréscimo na ordem dos 850 milhões de euros" entre 2005 e 2009, contribuiu, segundo José Pedro Rodrigues, para a situação de "emergência social" identificada pelos candidatos comunistas.
Para combater as assimetrias regionais que "assolam o país", o PCP apresentou por sete vezes, em Assembleia da República, uma proposta de alteração dos critérios de atribuição do subsídio de desemprego, que foi "chumbada também sete vezes". "É preocupante que o Partido Socialista faça desta medida uma promessa eleitoral", comentou José Pedro Rodrigues.

2 comentários:

M. Araújo disse...

Tem de haver um acto de reflexão perante semelhante miséria. Afinal, além de Governo, de Comissão de Coordenação, de Governo Civil, além de Municípios e juntas de Freguesia manifesta estes sinistros números, de quem de um destes ou destes todos em conjunto é a culpa?
Diz muito este estado de tragédia colectiva, fala de incapacidades dos que deviam e tinham obrigação institucional para serem a alavanca do desenvolvimento, os responsáveis pela qualidade de vida das populações em causa na medida em que foram eleitos e nomeados para isso mesmo. Morre-se de fome na terra dos génios da política.
Pobre Pátria que tais filhos tem.

M. Araújo disse...

...e será com lágrimas nos olhos que, fiel aos meus princípios ,nas próximas eleições legislativas e autárquicas, empunharei a bandeira do meu partido porque não era isto que desejava para a minha região e diferente daquilo porque lutei ao longo destes anos todos. Fá-lo-ei na crença de que, ainda será possível correr com os impostores inimigos de todos e criar um País digno para os meus filhos e netos. Nunca a esperança me esmoreceu nos olhos e, a visão que me ilude, fala-me de competência e de saber abominando a medíocre mas poderosa orientação dos espertos.