Entrevista a Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto
Manuel Vitorino (JN) 4.10.08
JN Como comenta o volte-face do Governo quanto à extensão da rede do Metro?
Não conheço em pormenor os estudos do metro. Porém, custa-se a admitir que seja o Poder Central a decidir sobre um problema local e que diz respeito à Região Norte. Quem está no Porto e no Norte sabe quais são as melhores soluções e sente o problema com outra acuidade. Na minha opinião, devia ser a Junta Metropolitana do Porto a decidir e espanta-me que sejam feitos estudos atrás de estudos e depois, dá a ideia que uns valem mais do que outros.
JN As críticas que refere levam-me a concluir que, caso a regionalização existisse, o metro podia andar mais depressa...
Não tenho dúvidas disso. As polémicas à volta do metro e outras que têm surgido no Porto são exemplos típicos de um Estado concentrado e sem um projecto de regionalização do país.
JN Alguns políticos dizem que o Norte está a ser discriminado: para o metro não há dinheiro, mas para o Sul, projecta-se novo aeroporto e mais pontes sobre o Tejo. Acompanha estas críticas?
Sim e repito o que já disse: com a regionalização nada disso acontecia. Por vezes, fico com a ideia que somos uma país muito rico, mas não. Temos escassez de receitas e riqueza, mas tentamos imitar os países mais desenvolvidos, com níveis de riqueza elevados. Depois, demoramos também muito tempo a tomar decisões.
JN Mesmo sem conhecer muito bem as questões técnicas, qual prefere: a linha da Boavista ou Campo Alegre?
Do ponto de vista da Universidade, não tenho dúvidas que seria vantajoso a ligação dos pólos do Campo Alegre, Asprela e o centro da cidade.
JN Considera existir um braço-de-ferro entre Rui Rio e o Governo?
Dá a ideia que sim, o que é sempre a pior solução para solucionar o problema
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