sábado, 7 de fevereiro de 2009

Novo Partido Anticapitalista surge como ponte entre a esquerda francesa e a utopia
07.02.2009, Jorge Heitor
O projecto visa reunir em redor de Olivier Besancenot os jovens que pretendem criar uma força radical susceptível de alterar o panorama político do país
Novo Partido Anticapitalista (NPA) é o nome ainda temporário de um agrupamento francês que ontem iniciou em Saint-Denis, nos arredores de Paris, o seu congresso fundador, depois de na véspera a dissolução da Liga Comunista Revolucionária (LCR), de Olivier Besancenot, ter sido oficialmente votada por 87,1 por cento dos seus militantes, ao fim de 40 anos de vida."Continuamos o combate revolucionário com uma ferramenta muito mais adaptada", sintetizou um dos criadores da Liga, Alain Krivine, que passou pelo Maio de 1968 e de 1994 a 2004 foi eurodeputado.
Duas vezes candidato ao Eliseu, Besancenot, a alma desta transmutação de um grupo trotskista em algo ainda utópico e por definir nos seus pormenores, é algo popular em França. O ex-carteiro de 34 anos conseguiu alterar o estilo da extrema esquerda e torná-lo talvez mais aceitável aos olhos de um maior número de eleitores. Tendo conseguido naquelas duas vezes votações acima dos quatro por cento, o político que distribui correspondência nos bairros chiques dos subúrbios, e que tem um mestrado em História, pretende demonstrar "independência total" em relação ao Partido Socialista (PS). Quer constituir uma lista comum com os comunistas e com o Partido de Esquerda, fundado recentemente por dissidentes socialistas. Ele é um valor em alta e a sua primeira prova de fogo deverá ser agora as eleições europeias de Junho.
Proibição dos despedimentos, salário mínimo de 1500 euros, requisição pelo Estado das habitações desocupadas e regularização dos imigrantes indocumentados são algumas das bandeiras do chamado NPA, que diz arrancar com 9000 militantes.
Segundo o especialista em assuntos da extrema-esquerda Denis Pingaud, ouvido pelo jornal Le Figaro, o projecto é "juntar em redor do núcleo da LCR jovens sindicalistas ou associativistas que queiram demarcar-se da política da maioria actual e que não tenham qualquer simpatia pelos partidos de esquerda ou pelos sindicatos tradicionais". Este novo bloco poderá, ainda no entender de Pingaud, "constituir uma força radical que altere o campo político, colocando em apuros os esforços dos socialistas para ganhar uma dinâmica de alternância para 2012".

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