segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Samba de uma nota só
(JN)14.2.2009 A diversidade e a pluralidade do debate interno nos partidos portugueses não deixa de me surpreender.
No PCP, Jerónimo de Sousa foi eleito praticamente por unanimidade, apenas com a abstenção de quatro anónimos heróis sacrílegos; no CDS, Portas por 91,6%; no BE, Louçã por 78,7%; e, agora, no PS, Sócrates por 96,43%.
Todos os queridos líderes foram a votos sozinhos (e, na maior parte dos casos, sozinhos e mal acompanhados). No BE ainda chegaram a esboçar-se umas tímidas alternativas, mas o resultado foi idêntico.
Tirando o PSD, onde, em lugar do debate, reina o caos, todos os outros partidos são sambas de uma nota só, pelotões acríticos marchando em ordem unida em direcção a uma fatia do poder e do Orçamento de Estado, onde cada vez menos gente, alguma por falta de jeito outra, que sei eu?, por excesso de convicção, troca o passo.
Saddam Hussein, Enver Hoxha e Kim Il-Sung têm boas razões para estarem a roer-se de inveja além-túmulo; e e Kim Jong-Il decerto reflectirá melancolicamente sobre a singularidade teórica do unanimismo à portuguesa: em vez de um partido único, quatro partidos únicos.

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