As dívidas aos trabalhadores abrangidos por encerramentos e falências de empresas ascendiam, no final de Dezembro, a mais de 191 milhões de euros, afectando mais de 20 mil trabalhadores e envolvendo 714 empresas.
Fonte da União dos Sindicatos de Lisboa disse ao DN que em "alguns casos os processos arrastam-se nos tribunais por mais de 20 anos, havendo mesmo casos em que os trabalhadores já falecerem e a luta pelo pagamento de indemnizações e salários em atraso passa para os filhos. Os dados recolhidos pela CGTP-IN contabilizaram apenas 14 distritos, faltando números dos Açores, Beja, Bragança, Faro, Portalegre e Vila Real, pelo que, adverte a central sindical, "os números serão mais elevados". Os processos avolumam-se na justiça, sobretudo no que respeita os salários em atraso.
O Porto é o distrito mais afectado , com mais de 71,3 milhões de euros em dívida para com trabalhadores afectados pelos encerramentos e falências, seguindo-se Lisboa com mais de 55 milhões de euros e Coimbra com 26,2 milhões. Os sectores com maior número de trabalhadores credores são a indústria têxtil, a construção, o vestuário e a cerâmica. O sector têxtil regista mais de 66 milhões de euros de dívida aos trabalhadores despedidos, seguindo-se o vestuário, com 20 milhões de euros de dívida. A metalurgia regista mais de 19 milhões de euros em dívidas, enquanto a cerâmica e o comércio somam mais de 12 milhões de euros. As dívidas aos trabalhadores no sector da construção ascendem a mais de dez milhões. A agravar esta situação acrescem os processos que foram arquivados por insuficiência ou inexistência de bens das empresas falidas para pagar aos trabalhadores, valor que só no distrito de Lisboa ronda os 4,6 milhões de euros.
Os números recolhidos pela CGTP-IN voltaram ontem a estar em destaque com a jornada de luta levada a cabo pelos sindicatos do concelho de Vila Franca de Xira, que denunciaram a existência de dívidas aos trabalhadores das empresas que encerraram na região superiores a 6,4 milhões de euros, envolvendo mais de três mil trabalhadores. O montante em dívida estava fixado em 4,8 milhões há poucos meses, disse a mesma fonte da União dos Sindicatos, revelando o agravamento da crise.
A Avimetal é a empresa como maior montante em dívida - mais de 1,2 mil milhões de euros. De acordo com os dados recolhidos pelos sindicatos, em cada dez trabalhadores três são precários. O levantamento das empresas dá conta que muitas estão a aplicar o lay-off como solução para os problemas que enfrentam.
A Manuel Conceição Graça, no sector metalúrgico, e reconhecida na área automóvel, não está a renovar os contratos com os trabalhadores temporários e recorreu ao lay-off, suspendendo os contratos de trabalho por seis meses. A central sindical alerta que os números vão aumentar com os encerramentos que se perspectivam e o recurso ao lay-off , em que dois terços dos salários são pagos pelo Estado.
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