sexta-feira, 19 de junho de 2009

Profissional da comunicação entra na campanha do PS
(DN)JOÃO PEDRO HENRIQUES 19.06.09
Um dos principais especialistas portugueses em comunicação política, Luís Paixão Martins, está prestes a, de novo, começar a colaborar com o PS. Será ele o responsável pela imagem da candidatura de José Sócrates a primeiro-ministro. O DN faz o balanço das guerras entre o Governo e as corporações. O PSD vai reunir segunda-feira o seu Conselho Nacional.
Até agora a comunicação política da maioria PS tem sido feita pela prata da casa: o próprio José Sócrates, o ministro Pedro Silva Pereira, Luís Bernardo (assessor de imprensa), Almeida Ribeiro (assessor político) e outros, como Augusto Santos Silva. As empresas só têm entrado para a tradução concreta da comunicação: design, organização de comícios, produção de outdoors, etc.
Mas dentro em breve uma nova voz passará a ser ouvida de forma permanente na entourage do primeiro-ministro e secretário-geral do PS: a do especialista em comunicação Luís Paixão Martins, dono de uma das principais empresas do sector em Portugal (LPM Comunicação). Irá organizar a imagem do partido e do seu líder, aconselhando também nas mensagens, tendo em conta, por exemplo, sondagens qualitativas. A LPM Comunicação tem no seu currículo na comunicação política a campanha vencedora de Cavaco Silva nas eleições presidenciais de 2006 e a da maioria absoluta do PS, em 2005.
O organigrama essencial da campanha do PS já está definido. Vieira da Silva será o coordenador geral; João Tiago Silva (actual secretário de Estado da Justiça) o porta-voz; António Vitorino irá coordenar a preparação do programa eleitoral; Carlos Zorrinho (coordenador do Plano Tecnológico) já está à frente do site www.socrates2009.pt. Os pivots operacionais que articularão tudo isto serão Luís Bernardo e o jovem André Figueiredo, funcionário do PS, eleito após o último congresso do partido para o secretário nacional, chefe de gabinete de Sócrates no partido.
Nenhum profissional da comunicação política esteve por detrás da evolução recente de Sócrates a favor de uma pose mais "humilde". Foi a conclusão inevitável do próprio, e do seu núcleo duro, após a derrota nas Europeias.
Paulo Pedroso, deputado do PS, considerou ao DN que foi uma "resposta adequada" ao "sinal" dado pelos eleitores. Mas avisa: "A haver artificialidade será notada. Para já, parece-me genuíno."
João Tocha, especialista em comunicação política - trabalha para vários partidos na sua F5C (First Five Consulting) - considera, pelo seu lado, que nada há de propositado na suavização de Sócrates: "Está num período de distensão semelhante ao dos atletas de alta competição após uma prova".
O politólogo André Freire, do ISCTE, afirma que "o reconhecimento do erro é bom". Acrescenta, porém, que os seus "efeitos poderão ser muito limitados". Isto dado o "lastro" de Sócrates nos últimos quatro anos e meio. "Não é a três meses das eleições que se vai apagar tudo", diz o politólogo: "As pessoas não são estúpidas." Freire sublinha que os eleitores votam olhando para trás; e que há estudos provando que é muito forte a rejeição à ideia de maioria absoluta. Os eleitores, diz, são muito mais adeptos de alianças do que de governos de maioria absoluta monopartidária. E isto prejudica o PS, que não tem no horizonte, caso vença só com maioria relativa, a perspectivas de coligações de governo, nem à esquerda nem à direita.

2 comentários:

Anónimo disse...

O PS continua a subestimar a inteligência do povo. Os vossos conquistam-se com uma boa governação e não com operações de cosmética.

Primo de Amarante disse...

Também sinto isso. E mais: vem para aqui alguns comentadores que pensam que defender o PS é fazer como as claques de futebol, quando atacam os seus adversários. Não percebem que o partido não se reduz a este governo e defender o que obviamente tem sido uma má prática (reconhecida inclusivamente pela liderança parlamentar do PS e alguns outros deputados --ver, hoje, o “Público”) funciona como um "repelente" afastando ainda mais os cidadãos do partido.