Mulher esperou oito dias por diagnóstico de Gripe A
Uma mulher de 30 anos e um homem de 63 estão internados no Hospital de S. João
Uma mulher de 30 anos e um homem de 63 estão internados no Hospital de S. João
Eis o estado dos nossos Centros de Saúde e, pelo que se vê, do nosso SNS. Além da senhora ser repetidamente mal diagnosticada, mesmo que tivesse sido bem diagnosticada não se medicam antibióticos contra gripes sazonais. Deixe-se lá, o que é preciso é aviar para dar rendabilidade aos serviços, estatística aos governos e viabilidade às farmacêuticas. E não exageremos. Afinal o que se passou foi em Celorico de Basto... Onde é que fica isso? (P.B.)
(JN) 8.8.09 HELENA TEIXEIRA DA SILVA
A mulher que está internada no Hospital de S. João, no Porto, com gripe A e prognóstico reservado, recorreu três vezes ao Centro de Saúde de Celorico de Basto, no distrito de Braga. Para os médicos foi sempre só uma gripe sazonal.
Quando ontem, sexta-feira, ao início da tarde, Margarida Tavares, adjunta da direcção clínica pelo plano de contingência da gripe A, no Hospital S. João, fez o ponto da situação dos dois únicos doentes - um homem, transferido de Famalicão, e uma mulher, transferida de Guimarães - ali internados por estarem infectados com o vírus H1N1, ambos os prognósticos eram reservados. "Estão internados na unidade de cuidados intensivos do serviço de doenças infecciosas." Antes, durante a manhã, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, já dissera que ambos "correm risco de vida".
É a primeira vez, desde que foi diagnosticado o primeiro caso de gripe A em Portugal - e já há 477 -, que os infectados desenvolvem complicações graves. "Cerca de 98% dos casos de gripe A sem patologia associada têm evolução benigna. Nos outros 2%, não é provável, mas é possível haver complicações ", afirmou ao JN Filipe Fróes, pneumologista do Hospital Pulido Valente, Lisboa.
Carla, internada desde anteontem no S. João, será um dos casos a figurar nas minorias improváveis. Tem 30 anos e uma bebé de quatro meses. Está desempregada e "raras vezes sai de casa", assegurou ao JN, o marido, Artur. Na sua versão, ela começou a sentir-se mal na quarta-feira da semana passada. Tosse, febre altas e dores musculares, eram as queixas. Dirigiu-se ao Centro de Saúde de Celorico de Basto nesse mesmo dia. "Deram-lhe um antibiótico e mandaram-na para casa". Incapaz de melhorar, regressou no sábado. "Deram-lhe uma injecção e mandaram-na para casa". Quase melhorou, "conseguiu passear um bocadinho à noite", e no dia seguinte baptizou a filha. Na segunda-feira, voltou a piorar. Tentou resistir, mas no dia seguinte, "com arrepios e náuseas", voltou ao Centro de Saúde de Celorico. Era já terceira vez. "O médico mandou-a de urgência para Guimarães. Tinha pneumonia grave".
A possibilidade de gripe A nunca foi mencionada por nenhum dos médicos. Oito dias depois dos primeiros sintomas, quarta-feira desta semana, foi uma médica do Hospital de Guimarães quem levantou pela primeira vez essa hipótese. Isolou a doente e pediu as análises que acabariam por confirmar a gripe A. "Ainda cheguei a falar com ela, mas ela já quase não conseguia falar, tinha muita falta de ar", recorda Artur. Carla foi transferida para o Hospital de S. João anteontem à noite. O marido já não conseguiu falar-lhe. "Estava toda entubada".
Margarida Tavares explicou: "A senhora, sem patologia prévia conhecida, foi transferida já num quadro de insuficiência respiratória com necessidade de ventilação invasiva. A situação clínica é estável, embora grave, e com prognóstico reservado." O JN contactou o Centro de Saúde de Celorico. Mas o director recusou prestar declarações.
Carla, garante o marido, "não viajou nem esteve em contacto com emigrantes", pelo que é difícil detectar a origem do contágio. Mas o atraso no diagnóstico não favorece uma evolução positiva. "As situações de diagnóstico tardio estão sempre associadas à pior resolução", diz Filipe Fróes.
A mulher que está internada no Hospital de S. João, no Porto, com gripe A e prognóstico reservado, recorreu três vezes ao Centro de Saúde de Celorico de Basto, no distrito de Braga. Para os médicos foi sempre só uma gripe sazonal.
Quando ontem, sexta-feira, ao início da tarde, Margarida Tavares, adjunta da direcção clínica pelo plano de contingência da gripe A, no Hospital S. João, fez o ponto da situação dos dois únicos doentes - um homem, transferido de Famalicão, e uma mulher, transferida de Guimarães - ali internados por estarem infectados com o vírus H1N1, ambos os prognósticos eram reservados. "Estão internados na unidade de cuidados intensivos do serviço de doenças infecciosas." Antes, durante a manhã, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, já dissera que ambos "correm risco de vida".
É a primeira vez, desde que foi diagnosticado o primeiro caso de gripe A em Portugal - e já há 477 -, que os infectados desenvolvem complicações graves. "Cerca de 98% dos casos de gripe A sem patologia associada têm evolução benigna. Nos outros 2%, não é provável, mas é possível haver complicações ", afirmou ao JN Filipe Fróes, pneumologista do Hospital Pulido Valente, Lisboa.
Carla, internada desde anteontem no S. João, será um dos casos a figurar nas minorias improváveis. Tem 30 anos e uma bebé de quatro meses. Está desempregada e "raras vezes sai de casa", assegurou ao JN, o marido, Artur. Na sua versão, ela começou a sentir-se mal na quarta-feira da semana passada. Tosse, febre altas e dores musculares, eram as queixas. Dirigiu-se ao Centro de Saúde de Celorico de Basto nesse mesmo dia. "Deram-lhe um antibiótico e mandaram-na para casa". Incapaz de melhorar, regressou no sábado. "Deram-lhe uma injecção e mandaram-na para casa". Quase melhorou, "conseguiu passear um bocadinho à noite", e no dia seguinte baptizou a filha. Na segunda-feira, voltou a piorar. Tentou resistir, mas no dia seguinte, "com arrepios e náuseas", voltou ao Centro de Saúde de Celorico. Era já terceira vez. "O médico mandou-a de urgência para Guimarães. Tinha pneumonia grave".
A possibilidade de gripe A nunca foi mencionada por nenhum dos médicos. Oito dias depois dos primeiros sintomas, quarta-feira desta semana, foi uma médica do Hospital de Guimarães quem levantou pela primeira vez essa hipótese. Isolou a doente e pediu as análises que acabariam por confirmar a gripe A. "Ainda cheguei a falar com ela, mas ela já quase não conseguia falar, tinha muita falta de ar", recorda Artur. Carla foi transferida para o Hospital de S. João anteontem à noite. O marido já não conseguiu falar-lhe. "Estava toda entubada".
Margarida Tavares explicou: "A senhora, sem patologia prévia conhecida, foi transferida já num quadro de insuficiência respiratória com necessidade de ventilação invasiva. A situação clínica é estável, embora grave, e com prognóstico reservado." O JN contactou o Centro de Saúde de Celorico. Mas o director recusou prestar declarações.
Carla, garante o marido, "não viajou nem esteve em contacto com emigrantes", pelo que é difícil detectar a origem do contágio. Mas o atraso no diagnóstico não favorece uma evolução positiva. "As situações de diagnóstico tardio estão sempre associadas à pior resolução", diz Filipe Fróes.
4 comentários:
Médicos e políticos vão-ser defender uns aos outros paa abafar as responsabilidades profissionais e politicas. É dos livros.
Entra-se num hospital e fica-se cego, vai-se a um Centro Saúde e fica-se à porta da morte e claro, neste país, ninguém é culpado. Se for para o MP é pró dia do só nunca, ao fim da tarde.
Isro nunca foi, não é, nem vai ser um ramal do Acção Socialista. Aqui todos podem dar opinião, no outro só os génios.
A “sinistra”
A esquerda conservadora tenta a todo o custo identificar o PS como um partido de direita, sempre assim foi mesmo quando o PCP recorria aos votos no PS para falar em maiorias de esquerda, conceito a que só recorre quando o PS não conta com uma maioria absoluta.
Se o PS é de direita sobra à esquerda o BE e o PCP, partidos que querem ser herdeiros de todo o património histórico da esquerda portuguesa. Há ainda algumas correntes de pensamento, como os alegristas e os desavindos do PCP. Os segundos foram excomungados pelo PCP e aos segundo já Louçã sugeriu que não se metam em aventuras partidárias.
E o que é ser de esquerda? É adoptar políticas fáceis que assentam no pressuposto de que os recursos públicos são ilimitados ou podem ser facilmente multiplicados pelas rotativas. É acreditar na falsa ideia de que dividindo o dinheiro dos ricos, dinheiro ocioso que só serve para carros de luxo e festarolas, os pobres ficariam quase ricos. É crer que todos os males que nos acontecem é culpa do modelo económico, ao mesmo tempo que prometem aos portugueses que um dia viveremos tão bem como os mais ricos, sem repararem que vivem no mesmo modelo económico.
A esquerda descobriu o pior dos populismos, um populismo assente na mistura entre demagogia e ignorância popular. Estão a vender a ideia de que Portugal pode proporcionar aos portugueses o mesmo nível de vida dos europeus mais ricos, bastando para isso o recurso a políticas redistributivas assentes em políticas fiscais Quem não concorda com este projecto é expulso da esquerda.
Para conseguirem os seus intentos não hesitam em apoiar a candidatura de Manuela ferreira Leite, já que não conseguem governar então que se destrua todo e qualquer projecto à esquerda.
Esta estratégia da esquerda conservadora vai ter como consequência a destruição da esquerda e a eternização da direita no poder. Em primeiro lugar porque a esquerda conservadora nunca conseguirá governar, já teve a oportunidade de o fazer mais ou menos com os mesmos votos de agora e ia levando o país à guerra civil, tal só não sucedeu porque a ex-URSS não ousou ir mais longe num país membro da NATO. Em segundo lugar, porque os portugueses nunca darão uma maioria à demagogia e ao populismo. Em terceiro lugar, porque o ódio entre o PCP e o BE é tão grande como aquele que existe entre estes dois partidos e o PS.
A esquerda conservadora até poderá ajudar o PS a sair do governo, mas não conseguirá mais do que levar a direita ao poder, uma vitória de Pirro.
Esta esquerda conservadora é sinistra, é esta a palavra para esquerda em italiano e no caso português a tradução é directa.
PARA UMA BOA LEITURA E ANÁLISE. SEM DEVOÇÃO.
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