quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sócrates aprova críticas ao PR
ISABEL TEIXEIRA DA MOTA (JN) 22.12.09
O último debate parlamentar do ano tornou ainda mais evidente o distanciamento entre Governo e presidente. Sócrates apoiou as críticas do PS a Cavaco e hoje leva o Governo ao Palácio de Belém para os cumprimentos de Natal.
Foi na resposta ao deputado do BE Francisco Louçã que o primeiro-ministro caucionou as críticas dos socialistas à posição do presidente da República que desvalorizou a discussão do casamento de pessoas do mesmo sexo. "Em democracia ninguém está acima da crítica. Confundir o debate político com conflito institucional ou desrespeito é um pobre entendimento da nossa democracia", declarou José Sócrates, no último debate quinzenal no Parlamento antes das férias de Natal.
Louçã tinha acabado de atirar a Sócrates acusações sobre "o nível da crispação política" entre a Presidência da República e o Governo, falando em "fontes das mais altas instituições a falar em intriga". "Tem de se acabar com esta tragicomédia sobre as condições de governabilidade", defendeu.
Já antes da troca de palavras entre Sócrates e Louçã o ambiente estivera crispado e agressivo no debate. O primeiro-ministro voltou a envolver-se numa guerra de palavras com Ferreira Leite por causa do endividamento público.
A líder do PSD confrontou Sócrates com as consequências para o país do endividamento por causa de projectos de investimento público, como o TGV: "O país está em alta velocidade. Há muito que saiu dos carris e avança sem travões", alertou.
Na resposta, Sócrates desviou para a dependência nacional do petróleo: "O nosso endividamento é crónico e mais de metade do défice anual diz respeito à nossa dependência do petróleo". A aposta do Governo, acrescentou Sócrates, "são as energias renováveis e a eficiência energética".
O líder socialista ainda aproveitou para acusar Ferreira Leite de falar ao país com "azedume" e de estar "crispada".
A tensão manteve-se no duelo com Paulo Portas. O líder do CDS--PP questionou Sócrates sobre se, no caso das críticas a Cavaco Silva, está "à procura de um pretexto para não governar, para criar uma crise política". "Não é possível governar num momento tão delicado como este quando a Oposição faz entendimentos e não dialoga com o PS", disse, referindo-se ao facto de a Oposição ter aprovado o fim do pagamento especial por conta, à revelia do Governo.
Já Jerónimo de Sousa pôs a tónica na manutenção da Cimpor: "Está ou não interessado que a Cimpor continue a ter como centro Portugal?". Sócrates garantiu que o Estado quer "o melhor para a empresa".

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