terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Direito à greve? Claro que sim, mas...
(JN) 5.1.10
Bem se diz que a democracia não é o melhor sistema político - limita-se a ser o menos mau de todos. O ideal (não falta quem pense assim…) seria aplicar à democracia uma pitada de regime autoritário. Coisas do género: liberdade de reunião - sim, mas com calminha!; liberdade de Imprensa - sim, mas tento na língua!; mais do que um partido - sim, mas bem comportados!; greves - sim, mas apenas nas PME! E por aí fora.
Vejamos a greve: sempre que há uma, não falta quem apareça a dizer que é, indiscutivelmente, "uma conquista da democracia, mas não deve ser usada em prejuízo dos outros". Ora não adianta fechar os olhos à evidência de que as greves só surtirão efeito se incomodarem. São uma arma de pressão e, como qualquer arma, causam efeitos desagradáveis.
Sabe-o bem o Conselho de Administração da STCP, o qual, porém, não hesitou em publicar um comunicado com o título delicodoce de "Um Natal mais triste", através do qual chora lágrimas de crocodilo pela "deficiente qualidade do serviço" que há tempos vem prestando, e que origina "angústia e desespero de tantas famílias a quem o desemprego bateu à porta". E de quem é a culpa? Dos motoristas, a despeito de terem "um emprego seguro" e beneficiarem "de um conjunto de regalias, recebendo pontualmente o seu salário". Trata-se de uma "atitude vergonhosa, camuflada numa mensagem de Natal", contrapuseram os visados.
Sem querer entrar no cerne da questão, há que reconhecer que a linguagem utilizada pelo CA da empresa, a despeito do estilo bem piroso, não esconde uma boa dose de demagogia, pois é nítida a sua intenção: virar os utentes contra quem usou de um direito ganho com a democracia. Que todos nós prezamos acima de tudo, não é? O CA incluído, pois!

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