sexta-feira, 28 de março de 2008

Demolição na fachada do Bolhão foi ilegal


O projecto com que Rui Rio quer vender o Bolhão por um milhão é um autêntico crime de lesa-património e de lesa-pátria. Nada ficará, a não ser uma pátina de fachada, num monstruoso hiper-centro-comercial, que é o que o Porto menos precisa, como se prova pelo falhanço do mamarracho edificado atrás da capela das Almas, onde devia ter sido feita uma centralidade cultural e social e não mais um centro de venda de lingeries e telemóveis. O que conta para o contabilista Rio são os carcanhóis, de resto, património, para ele, é como arte, cultura e mesmo instrução: é uma chatice, um custo, um inimigo a abater. A questão é que Rio além de ditador é pires. Não podia acontecer pior. Se o Porto continua sem reagir a isto devidamente, chegaremos ao zero.
Lembrança que tenho daquela gloriosa tarde de 2 de Agosto, na Rua Passos Manuel, frente ao Coliseu, quando a cidade tinha rádios e jornais a mobilizar as pessoas para a defesa do Coliseu, e uma Câmara para defender a cidade, em que tive a honra de rasgar uma apólice da U.AP., a proprietária que ia vender a nossa memória, o nosso presente e o nosso futuro! Lembrança? Saudade! E não foi há tanto tempo assim. Rui Rio que se cuide. Esta cidade, por vezes, surpreende.


(JN) 27.03.2008 A Plataforma de Acção Cívica do Porto (PICP) afirmou ontem que a demolição de um elemento importante da fachada do Mercado do Bolhão, efectuada em 2005 pela Autarquia, foi ilegal, por não ter a indispensável autorização do IGESPAR. Aquele movimento referiu que foi demolida em 2005 uma cornija no cimo da fachada à volta de todo o edifício, em infracção ao Decreto lei 107/2001, que, no seu artigo 49º, condiciona qualquer obra de demolição em imóveis de interesse patrimonial à realização de um estudo prévio e posterior autorização do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). "Sabemos hoje que esta obra se fez sem que nenhum documento tenha sido submetido ao IGESPAR, pelo que é ilegal", garantiu Joaquim Massena, o arquitecto responsável pelo projecto de reabilitação daquele edifício, aprovado pela Câmara do Porto em 1992 e posteriormente abandonado pela gestão autárquica de Rui Rio.Joaquim Massena, da direcção daquela organização cívica, falava à Lusa à margem de um encontro com deputados municipais do PS, a quem foi apresentar "os conceitos que sustentam a defesa da manutenção do Mercado do Bolhão na sua actual função, contra o processo de destruição que a Câmara do Porto pretende executar". O mercado do Bolhão é um edifício com mais de 150 anos de existência e conta actualmente com 170 comerciantes no interior e 42 no exterior, o que representa um rendimento anual de 380 mil euros. Os responsáveis da PICP consideram que o projecto actual não é uma reabilitação do edifício mas uma demolição."Vai ser tudo demolido, só fica a fachada exterior", garantiu Ernesto Silva, representante do Movimento de Intervenção e Cidadania (MIC) na Plataforma de Intervenção Cívica do Porto, que defende a manutenção de um mercado de produtos frescos naquele edifício.

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